A Cúpula do Mercosul, prevista para os dias 6 e 7 de julho em Buenos Aires, na Argentina, acontece em meio a um clima de tensão entre os presidentes Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e Javier Milei. Segundo a jornalista Érika Gimenez, em entrevista ao Conexão BdF, da Rádio Brasil de Fato, Lula não pretende se encontrar com o mandatário argentino, com quem mantém uma relação marcada por declarações ofensivas por parte de Milei.
“Lula já fechou que ele não vai se encontrar em uma [reunião] bilateral com Milei, com o presidente do país que ele visita. Isso é muito estranho também. Eles têm certa tensão, sobretudo para Millei, pelas coisas que ele disse sobre Lula, quem chamou de comunista e outras coisas”, relata Gimenez, diretamente de Buenos Aires.
Durante a manhã desta quinta-feira (3), Lula participou de um café da manhã com o presidente do Paraguai, Santiago Peña, o que também reforça o isolamento de Milei dentro do bloco. “Agora Milei fica sozinho nessa ideia de tornar mais liberal o Mercosul”, comenta a jornalista. Ela lembra ainda que acordos recentes do governo argentino com países da Europa como Noruega, Suíça, Islândia e Liechtenstein, não têm força suficiente para compensar a falta de alinhamento com os vizinhos sul-americanos.
A expectativa em torno do comportamento do presidente argentino é de frieza. “Pode ser que seja bom, mas frio, ou uma loucura. Não sabemos muito bem como vai agir o presidente da Argentina, mas é certo que eles não se dão”, avalia Gimenez. Segundo ela, a falta de gestos políticos revela uma postura “ideológica” e marcada pelo desrespeito. “É triste porque ele não pensa nessas relações dos governos, dos povos, que temos há bastante tempo”, lamenta.
Visita a Kirchner é gesto de solidariedade em meio a perseguição política
Por outro lado, um “gesto político de solidariedade”, como classifica a jornalista, vem justamente do encontro entre Lula e a ex-presidente argentina Cristina Kirchner, com quem o brasileiro compartilhou mandatos presidenciais em anos anteriores. Kirchner cumpre prisão domiciliar após ter sido condenada por corrupção no caso conhecido como “vialidad”, decisão considerada controversa por setores progressistas do país, que falam em perseguição política.
“Ele não vem como governo a visitar Cristina, mas como amigo”, explica Gimenez, conforme o anúncio do presidente feito nas redes sociais. Apesar da autorização da Justiça para o encontro, a visita ocorre sob forte vigilância. “A polícia tem fechado a quadra toda dela. É muito difícil porque a situação também é violenta nesse momento”, relata.
A ex-presidente orientou seus apoiadores a não comparecerem à porta de sua casa. “Ela não pode sair do seu apartamento, da sua sacada, e também não pode que fazer nada para ‘atrapalhar’ os seus vizinhos. É muito complicada a situação de Cristina”, analisa a jornalista. Ela vê a visita de Lula, seu aliado, como “muito importante” para o país.
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