O professor da Faculdade de Educação da Universidade de São Paulo (USP) Daniel Cara criticou duramente a gestão do governador Tarcísio de Freitas (Republicanos) e da Secretaria Estadual de Educação de São Paulo, atualmente comandada por Renato Feder. Em entrevista ao Conexão BdF, da Rádio Brasil de Fato, Cara analisou a suspensão judicial de uma resolução que previa a demissão de professores contratados temporariamente com mais de 5% de faltas.
“A resolução certamente colaboraria com a desconstrução, desestruturação da nossa rede estadual, que é a maior do Brasil e tem uma administração lamentável”, afirma Cara. Segundo ele, a medida expõe como o governo do estado enxerga a educação e seus profissionais. “É sempre bom lembrar: Tarcísio foi o primeiro governador, desde 1988, que reduziu o percentual de investimentos em educação: antes era 30% da arrecadação. Agora caiu para 25%”, acrescenta.
Para o educador, a resolução era mais uma tentativa de precarizar os vínculos trabalhistas dos professores temporários, ao invés de enfrentar o verdadeiro problema: a falta de concursos públicos. “Não deveria haver professor temporário. Essa resolução só tem o objetivo de tensionar os professores, torná-los mais vulneráveis. Tem que ser efetivo, com estabilidade, condições de trabalho, ou seja, uma valorização concreta, que depois vai ter resultado em termos de aprendizado”, defende.
Daniel Cara também ressalta que a participação da comunidade escolar é uma diretriz prevista na Constituição e essencial para a qualidade do ensino. “Três questões que determinam a qualidade da educação: a infraestrutura das escolas, a valorização dos profissionais da educação e a gestão democrática. O Brasil não vai bem em nenhum”, critica.
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