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Vida das mulheres

Em encontro com ministra, mulheres periféricas denunciam precarização e cobram políticas públicas

Márcia Lopes finalizou agenda ao estado em roda de conversa no Centro de Educação Ambiental Marli Medeiros na Bom Jesus

14.jul.2025 às 15h45
Porto Alegre (RS)
Fabiana Reinholz
Em encontro com ministra, mulheres periféricas denunciam precarização e cobram políticas públicas

"Depois de tanto ódio às mulheres, às pessoas negras, às pessoas com deficiência, às LGBTs e às populações de rua, é hora de reconstruir com justiça e poder popular", afirma ministra Márcia Lopes - Foto: Ascom / Maria do Rosário

Encerrando sua agenda de visitas no Rio Grande do Sul, a ministra das Mulheres, Márcia Lopes, reuniu-se em uma roda de conversa com mulheres de diferentes movimentos sociais do estado e que foram atingidas pela enchente de maio de 2024. No encontro, realizado no Centro de Educação Ambiental Marli Medeiros, no bairro periférico Bom Jesus, na última sexta-feira (11), elas denunciaram a precarização das condições de vida e trabalho em seus territórios e cobraram o reconhecimento de suas ações como políticas públicas. A atividade contou com apresentações artísticas.

Integrante do Movimento Nacional das Catadoras de Materiais Recicláveis (MNCR), Paula Medeiros afirmou que muitas das mulheres presentes no encontro conseguiram conquistar uma renda, mas que essa não é a realidade da maioria. “A maioria das catadoras do Brasil não consegue garantir uma renda digna”, afirmou.

Ela alertou para os impactos da privatização da coleta de resíduos, através da Parceria Público-Privada (PPP) dos resíduos sólidos urbanos da Capital, que ameaça diretamente a sobrevivência da categoria, e destacou que há cerca de 650 mil pessoas atuando como catadoras e catadores no país, sendo 56% mulheres.

Em maio deste ano o Conselho Gestor de Parcerias (CGP) aprovou o Plano Municipal de Parcerias Público-Privadas (PPPs) 2025/2026, entre eles o de resíduos. De acordo com a Prefeitura Municipal de Porto Alegre, a PPP para o gerenciamento de resíduos visa a trazer avanços significativos na qualidade dos serviços prestados.

“Somos uma representação importante, inclusive na gestão e liderança dos coletivos. Prestamos um serviço essencial de forma gratuita, mas seguimos invisíveis para o poder público. Precisamos de políticas que garantam remuneração e previdência, pois também temos direito ao descanso e ao lazer. Tudo o que vocês veem aqui nasceu do lixo – ou melhor, do resíduo, que é nossa fonte de sustento”, ressaltou Medeiros.

Promotoras Legais Populares atuam em abrigos e elaboram protocolo de emergência

Promotora Legal e integrante da ONG Themis -– Gênero, Justiça e Direitos Humanos, Beatriz Souza falou sobre a atuação do grupo durante a enchente. “Estivemos com as mulheres vítimas de violência, mas também com aquelas que perderam tudo e estavam nos abrigos. Assumimos funções que extrapolaram justiça e direitos humanos. Fizemos assistência social porque sabíamos que o governo não faria.”

Ela destacou a criação de um manual de emergência climática elaborado a partir de um curso promovido durante o desastre. “Esse protocolo reúne necessidades e ações que devem ser tomadas em futuras emergências. E elas têm acontecido todos os dias, porque muitas mulheres ainda estão desassistidas.”

Segundo Souza, muitas mulheres que foram abrigadas perderam seus empregos e acabaram voltando a conviver com seus agressores. “Quando a gente fala de emergência climática, não é só a água. A água às vezes vem para me afastar daquele que me viola todos os dias. Mulheres em emergência climática estão em situação de risco e perigo pelos seus violadores – e isso nós precisamos prestar atenção.”

“Vamos seguir buscando orçamento e representação no Congresso. Sem luta, não há conquista”, afirmou a ministra – Foto: Ascom / Maria do Rosário

Auto-organização e cozinhas solidárias como resistência

A resposta à crise também veio pela organização comunitária. Shirley Fischer, do Movimento dos Trabalhadores por Direitos (MTD), destacou a importância dos grupos de base. “É lá onde vivemos que conseguimos nos fortalecer, dar um passo de cada vez, sempre puxando uma à outra.”

Ela relatou que, mesmo não tendo seus territórios diretamente atingidos pelas enchentes, os grupos de mulheres se mobilizaram. “Somos nós, mulheres, que olhamos para as famílias e nos damos conta das consequências das mudanças climáticas.”

Fischer defendeu a valorização das cozinhas solidárias surgidas nas comunidades. “Tem cozinhas funcionando de segunda a sábado, produzindo refeições, cuidando das crianças, se organizando – e tudo isso sem apoio formal do Estado. Precisamos de um projeto que acolha essas experiências e garanta a permanência dessas iniciativas.”

“Cozinhar virou política pública, mas seguimos invisíveis”

A liderança comunitária Ângela Comunal emocionou ao descrever como surgiram as cozinhas solidárias. “Ninguém começou uma cozinha porque tinha muita comida. Começamos porque estávamos passando necessidade. Depois vimos que outras pessoas também precisavam. Se a gente tem um quilo de feijão, a gente cozinha e divide.”

Comunal destacou o papel essencial das mulheres voluntárias e cobrou reconhecimento institucional. “Essas mulheres estão fazendo um trabalho essencial como voluntárias. Precisamos de estrutura para nossas cozinhas. Não podemos mais tirar do nosso bolso para ajudar quem tem menos ainda.”

“O que vocês estão construindo aqui é diálogo, e não desrespeito”, pontuou ministra – Foto: Ascom / Maria do Rosário

“Não queremos ser levadas pelas águas nem esquecidas”

Além da insegurança alimentar, outra face da crise é a exclusão de grupos já vulnerabilizados. Bruna Schatschineider, do Movimento Feminista Inclusivass, fez uma fala contundente sobre a exclusão de mulheres com deficiência nas respostas à catástrofe climática. “Onde estavam as mulheres e meninas com deficiência na catástrofe de 2024? Sabemos que muitas foram deixadas para trás. Nossos corpos são invisibilizados, violados, sofrem violências – e, em tempos de crise climática, ainda mais.”

Ela denunciou a perda de bengalas, muletas, aparelhos auditivos e outras ajudas técnicas sem reposição. “Muitas foram deixadas para trás porque não somos vistas como mulheres. Não podemos mais ser esquecidas.”

A militante defendeu medidas concretas: “Precisamos de alarmes sonoros, comunicação acessível, abrigos adaptados, intérpretes de LIBRAS, cuidadoras. O principal é que não sejamos invisibilizadas. Que sejamos lembradas como cidadãs plenas.”

Schatschineider relatou que o movimento desenvolveu um projeto, com financiamento do Fundo ELAS, voltado ao acolhimento e mapeamento das mulheres com deficiência afetadas pelas enchentes. “O Estado não fez esse mapeamento. Nós fomos até a casa dessas mulheres, acolhemos, entregamos cestas básicas, equipamentos. E o que elas mais queriam era serem ouvidas. Precisamos de escuta, de políticas, de reconhecimento.”

“Quando morar é um privilégio, ocupar é um direito”

A coordenadora estadual do Movimento Nacional de Luta pela Moradia (MNLM), Ceniriani Vargas, a Ni, relembrou sua história de vida no território e ressaltou a importância do local como espaço de transformação. Durante a enchente de 2024, o movimento organizou sete cozinhas comunitárias em diferentes regiões de Porto Alegre, incluindo áreas indígenas. “As mulheres indígenas adoeceram. O principal medicamento que levamos foi antidepressivo”, contou.

Ela contou que, após 30 dias da enchente, o MNLM ocupou um prédio público para abrigar famílias desabrigadas. No local funcionam biblioteca, aulas de capoeira e cozinha solidária. Ni denunciou ainda um projeto em tramitação na Câmara de Vereadores que criminaliza as ocupações e que prevê a suspensão de benefícios sociais e exclusão de políticas habitacionais para quem participa de ocupações. “Esse projeto já foi aprovado em âmbito federal e estadual. Temos, segundo a Campanha Despejo Zero, 1,5 milhão de pessoas ameaçadas de despejo, das quais 900 mil são mulheres. A luta pela moradia é uma luta das mulheres.”

Ni finalizou destacando a resistência dos movimentos populares. “Quando morar é um privilégio, ocupar é um direito. E a gente vai continuar fazendo essa luta.”

A ministra visitou o trabalho desenvolvido pelo Centro de Educação Ambiental Marli Medeiros – Foto: Ascom / Maria do Rosário

“Só quem mora na casa sabe o valor que ela tem”

Gilmara Medeiros, do Movimento dos Atingidos e Atingidas por Barragem (MAB), lembrou que o seu coletivo existe há 34 anos. “Durante a tragédia, entregamos cerca de 140 mil marmitas e conseguimos entrar em alguns bairros que não tínhamos acesso, como o Sarandi e as ilhas. Hoje atendemos cerca de 1.500 famílias com cestas básicas.”

Ela relatou o drama de famílias notificadas para deixar suas casas mesmo após começarem a reconstrução. “É o mínimo que podemos fazer por quem perdeu tudo. Teve gente que passou dois meses em abrigo e, quando voltou para casa, mal começou a reforma e já recebeu notificação para sair novamente.”

Para além das perdas materiais, o maior desastre climático e sócio-ambiental trouxe impactos emocionais. Em sua fala Medeiros chamou atenção para o sofrimento psicológico. “Elas receberam R$ 1 mil para procurar um parente e sair. Mas ninguém pensa no que essas mulheres passaram. Uma de nossas coordenadoras perdeu 10 quilos em uma semana, só chorava. Dizia: ‘Não sei mais quem eu sou aqui, como vou cuidar dos meus filhos’. Não adianta dizer que a casa vale 10, 20, 30 mil reais. Só quem mora na casa sabe o valor que ela tem. É história, é memória, é onde criaram seus filhos. Não pode ser tratado como número.”

“Na mídia, só aparecemos em época de política”

Liderança quilombola de Canguçu (RS), Tereza de Jesus da Silva denunciou o apagamento das comunidades negras durante a enchente. “Vimos as imagens das capitais na mídia, mas não vimos o nosso povo. Não pensaram em quem estava nos rincões.”

Ela contou que, sem apoio do governo estadual, buscou ajuda no Movimento Interestadual das Quebradeiras de Coco Babaçu (MIQCB) e no Ministério do Desenvolvimento Agrário (MDA), conseguindo 18 mil cestas e um TED para alugar caminhões. “Rodamos o estado por três meses. Chegamos a lugares onde a água já tinha baixado e as famílias disseram: ‘Vocês trouxeram alegria no meio da dificuldade’. Porque as políticas públicas não estavam chegando.”

Cobrando que as políticas federais cheguem às mulheres quilombolas não produtivistas, afirmou: “Somos nós que carregamos os filhos e os maridos nas costas, estamos à frente de tudo. A invisibilidade também adoece.”

Ao final, convidou a ministra para o encontro estadual de mulheres quilombolas, marcado para o dia 23, na Assembleia Legislativa do RS. “Vai ser de mulher para mulher, de mulher quilombola para mulher quilombola. É nós por nós mesmas. A gente não pode mais esperar que alguém faça por nós.”

Ministra reafirma compromisso com direitos das mulheres e cobra protagonismo popular

Ao final do encontro, a ministra Márcia Lopes destacou a importância da escuta ativa, da articulação interministerial e do protagonismo dos movimentos sociais para a construção de políticas públicas. A ministra contou que tem percorrido o país e dialogado com diferentes ministérios. Pediu ao ministro Alexandre Padilha um programa maior de saúde mental para mulheres; ao das Cidades, ações de habitação; e ao de Direitos Humanos, estratégias para garantir acesso aos direitos em todos os territórios.

Lopes reforçou o papel da escuta para transformar as políticas públicas. “O que vocês estão construindo aqui é diálogo, e não desrespeito. Depois de tanto ódio às mulheres, às pessoas negras, às pessoas com deficiência, às LGBTs e às populações de rua, é hora de reconstruir com justiça e poder popular.” Segundo a ministra, já estão sendo liberados mais de R$ 8 milhões para os movimentos, via editais. “É pouco, eu sei. Mas vamos seguir buscando orçamento e representação no Congresso. Sem luta, não há conquista.”

A ministra também relatou a conversa com o governador Eduardo Leite (PSD) e cobrou que a nova secretária estadual das Mulheres seja mulher, escute os movimentos e reconheça suas lutas. Ela reforçou ainda a importância de legitimar o Conselho Estadual dos Direitos da Mulher e convocou a participação na Conferência Estadual de Mulheres, marcada para 12 de setembro.

Por fim, emocionada, afirmou que os objetos entregues pelos movimentos irão para seu gabinete. “Quem tiver bandeira sobrando, me manda. Estou pendurando no gabinete para nunca esquecer o compromisso que assumi: a defesa intransigente da vida e dos direitos das mulheres, com protagonismo e sem violência.”

As participantes entregaram uma carta aberta à ministra intitulada: Mulheres periféricas por políticas estruturantes de emancipação em contexto de emergência climática e agravamento das desigualdades sociais, de gênero e raça. A carta pode ser acessada neste link.

Editado por: Katia Marko
Tags: enchente rio grande do sulrio grande do sulvida das mulheres
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