As medidas do Supremo Tribunal Federal (STF) contra o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) devem aprofundar a polarização política no país, na avaliação da cientista política Augusta Teixeira. Em entrevista ao Conexão BdF, da Rádio Brasil de Fato, ela aponta que, mesmo inelegível, Bolsonaro continua sendo uma peça-chave para as estratégias da extrema direita nas eleições de 2026.
“Bolsonaro ainda segue sendo um forte cabo eleitoral. O PL necessita disso para ampliar o seu número de representantes na Câmara e no Senado”, afirma. Segundo ela, há um esforço coordenado para manter a militância mobilizada, tensionar as instituições e alimentar a narrativa de perseguição política. “Quanto mais eles tensionam essa corda da democracia, mais continuam em foco”, analisa.
A cientista política lembra que há cerca de 30% do eleitorado ainda fiel ao bolsonarismo, um capital político “muito importante” em ano pré-eleitoral. O objetivo da direita, segundo Teixeira, é pressionar para conseguir maioria no Senado e, assim, ter força para propor mudanças em instituições como o STF.
Sobre a atuação do deputado licenciado Eduardo Bolsonaro (PL-SP), que está morando nos Estados Unidos, ela diz que “nunca viu nenhum deputado EAD”. Para a especialista, é contraditório que o político continue recebendo salário público enquanto atua fora do país, especialmente ao participar da articulação que levou o presidente dos EUA, Donald Trump, a taxar os produtos brasileiros em 50%. “Estamos pagando o salário do deputado e ele está agindo contra a nação”, critica.
Teixeira defende o papel das ruas na democracia, mas alerta para a diferença entre manifestações legítimas e ataques às instituições. “A principal manifestação que deve ser feita, além da questão da soberania, é o respeito às instituições brasileiras”, conclui.
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