Mulheres negras de todo o país se mobilizam nesta sexta-feira (25) para realizar marchas em celebração ao Dia Internacional da Mulher Negra Latino-Americana e Caribenha, ao Dia Nacional de Tereza de Benguela e ao Julho das Pretas. Em São Paulo, o ato terá concentração às 17h na Praça da República, reunindo mulheres de diferentes religiões, origens e coletivos em torno da luta por justiça social, bem viver e contra a violência do Estado.
“Quando nos emanamos, conseguimos identificar problemas que são coletivos e que, às vezes, levamos para o individual. Estar na rua é de suma importância para que nós, mulheres negras, possamos cada vez mais cobrar os nossos direitos”, afirma Ana Paula Evangelista, da organização da Marcha das Mulheres Negras, em entrevista ao Conexão BdF, da Rádio Brasil de Fato.
A mobilização é parte da construção da 2ª Marcha Nacional das Mulheres Negras, marcada para novembro, que celebrará os dez anos do histórico ato de 2015, em Brasília. “Leis que são de suma importância hoje só existem porque o movimento de mulheres se uniu”, diz Evangelista.
A homenagem a Tereza de Benguela, liderança quilombola do século 18, também terá destaque. “Essas mulheres se irmanam à luta de Tereza de Benguela e de outras tantas que vieram antes de nós. É importante que reconheçamos esse espaço de luta também como um espaço de vitória e de conquista”, completa.
Ao comentar os dados do Anuário Brasileiro de Segurança Pública, divulgados nesta quinta (24), véspera do Dia da Mulher Negra Latino-Americana e Caribenha, que apontam que 63,6% das vítimas de feminicídio em 2024 eram mulheres negras, a militante destaca a negligência estatal. “Existe uma escassez de política pública, principalmente voltada para as periferias onde estão a maioria das mulheres negras”, lamenta.
Evangelista reforça que a Marcha das Mulheres Negras por Reparação e Bem-Viver é protagonizado por mulheres negras, mas pessoas não negras são bem-vindas para somar. “É nosso dia, é o dia em que nós erguemos as nossas vozes. Que consigamos minimamente sobreviver nessa sociedade que, infelizmente, não nos quer aqui”, declara.
Para ouvir e assistir
O jornal Conexão BdF vai ao ar em duas edições, de segunda a sexta-feira, uma às 9h e outra às 17h, na Rádio Brasil de Fato, 98.9 FM na Grande São Paulo, com transmissão simultânea também pelo YouTube do Brasil de Fato.