O Coletivo Tatá apresenta, em sessão única, o espetáculo Quando você me toca, nesta quarta-feira (30), às 19h, no Teatro Oficina Olga Reverbel – Multipalco Eva Sopher, na Praça da Matriz, em Porto Alegre. Os ingressos já estão à venda no site da Fundação Teatro São Pedro e na bilheteria do teatro.

Criado em 2018, o espetáculo propõe uma imersão sensível nas múltiplas dimensões do toque humano. Explorando o corpo como campo de criação e conflito, a obra parte da pele – essa superfície de trocas, afeto e também violência – para tensionar temas como gênero, poder, carinho, desejo e censura. Cada cena se debruça sobre uma faceta do contato físico: o afago, o abuso, a ternura, o apoio, a dor e a cura.
“Queríamos partir de algo que é comum a todos os seres humanos: a pele. Mas logo vimos que ela, embora esteja exposta, carrega várias camadas de códigos, histórias e interditos. Criamos a partir do que sentimos ao tocar – e ao ser tocadas”, afirma a atriz e diretora Maria Falkembach, autora da dramaturgia do espetáculo.
A dramaturgia é construída em cena, a partir das interações entre os intérpretes-criadores, que se relacionam em pares e trios em constante transformação. Não há personagens fixos, o que permite a fluidez dos papéis e amplia a diversidade das relações apresentadas. A linguagem do espetáculo transita entre a dança-teatro e a performance, com uso pontual de vídeos que ampliam, sem substituir, a presença dos corpos em cena. No elenco, estão as intérpretes-criadoras Carolina Pinto, Evelin Suchard, Inda Rulio Bajar, Sarah Leão, Bruna Oliveira, Izadora Souto e o criador João Cruz.

Um dos destaques do espetáculo é a presença do intérprete de Libras Emerson Madeira, incorporado como parte do elenco e integrado à dramaturgia física e poética da obra. “Nosso objetivo nunca foi didatizar o toque, nem ilustrar conceitos. Queríamos investigar. E quando colocamos o toque no centro da cena, percebemos que ele nos escapa, nos atravessa, nos transforma – e transforma quem assiste”, diz Falkembach.
Após circular por escolas em Pelotas e ser apresentado na Terreira da Tribo, na capital gaúcha, no fim de 2019, Quando você me toca foi remontado em 2024 como parte do projeto “Tatá – 15 Anos em Cena”, com apoio do edital Funarte Retomada Cultural. Desde então, o grupo vem aprimorando a integração da Libras à cena e aprofundando sua proposta de acessibilidade estética e sensorial.
Elenco
O figurino, desenvolvido por Taís Prestes e Larissa Martins, é inspirado no projeto “Humanae”, da artista Angélica Dass, e valoriza a diversidade de tons de pele, cicatrizes, tatuagens e texturas. “Trabalhamos com os corpos como eles são, e não como deveriam ser. Cada tatuagem, cada marca, cada silhueta compõe uma dramaturgia da diferença, do encontro, da escuta”, destaca a diretora.
A trilha sonora do espetáculo é composta por canções cuidadosamente selecionadas para construir a atmosfera de cada cena, com destaque para uma música original criada por Leandro Maia e Maria Falkembach, interpretada pelo próprio elenco. “Há cenas que nascem do silêncio absoluto. Outras, do canto. E há uma canção que escrevi em parceria com Leandro, que é ao mesmo tempo dança e oração. Ela ecoa o que não conseguimos dizer em palavras”, explica Falkembach.
A iluminação, criada por João Cruz, trabalha com tons predominantemente brancos, evidenciando os detalhes dos toques e os contrastes entre os corpos em cena. A luz atua também como elemento dramatúrgico, jogando com o que se revela e o que se oculta – aquilo que se quer ou não ver. Cruz também assina a montagem da vídeo-cenografia.
A montagem foi selecionada pelo edital Atos e Cena RS 2025, promovido pela Secretaria de Estado da Cultura (Sedac-RS), por meio do Instituto Estadual de Artes Cênicas (Ieacen), Fundação Teatro São Pedro (FTSP) e Serviço Social do Comércio do Rio Grande do Sul (Sesc-RS).
