Após semanas de tensões com Washington, a presidente do México, Claudia Sheinbaum Pardo, anunciou, nesta quarta-feira (30), que o país conseguiu uma prorrogação de 90 dias para evitar a entrada em vigor do aumento tarifário de 30% anunciado por Donald Trump.
O anúncio foi feito poucas horas antes de 1º de agosto, data prevista para o início da aplicação do pacote tarifário imposto unilateralmente pelos Estados Unidos. O acordo foi alcançado após uma conversa telefônica entre Sheinbaum e Donald Trump.
“Tivemos uma excelente ligação com o presidente dos Estados Unidos. Evitamos o aumento das tarifas anunciado para amanhã [sexta-feira] e conseguimos 90 dias para construir um acordo de longo prazo com base no diálogo”, publicou a mandatária em sua conta no X (antigo Twitter).
Sheinbaum classificou o resultado como “o melhor acordo possível” dentro do novo cenário comercial impulsionado pela administração estadunidense. Ela detalhou que, durante a chamada de 40 minutos — da qual participaram autoridades dos dois governos — foram reafirmadas as condições atuais do comércio bilateral, incluindo a vigência do Tratado entre México, Estados Unidos e Canadá (T-MEC), que isenta de tarifas 84% do intercâmbio comercial entre os três países.
Durante sua coletiva matinal, conhecida como A Mañanera do Povo, a presidente destacou que essa prorrogação é fruto de uma estratégia baseada em “cabeça fria, firmeza e princípios”, e reiterou que a soberania nacional não foi comprometida.
“Funcionou nossa estratégia de cabeça fria, firmeza e defesa dos nossos princípios”, afirmou. Ela ressaltou que o principal valor do acordo está no fato de que “as tarifas não vão aumentar”, ao contrário do que ocorre com outros países.
Também destacou que a situação do México “permanece a mesma”.
“Mantém-se a mesma tarifa para aço e alumínio, mas o mais importante é que o tratado está preservado”, afirmou. Ela acrescentou que a continuidade do diálogo com a equipe de Trump fortalece a posição do México. “Hoje, dentro dessa nova ordem mundial, continuamos tendo o melhor acordo possível em comparação com outras nações. Investir no México continua sendo a melhor opção, pois enfrentamos essa nova realidade internacional a partir de uma posição favorável desde a chegada do presidente Trump ao governo dos Estados Unidos.”
Ela ainda afirmou que o México não fez concessões adicionais. “Não tivemos que ceder nada. Simplesmente seguimos como estamos e continuaremos conversando. No contexto internacional atual, esse é o melhor cenário possível.”
O México continua sendo o principal parceiro comercial dos Estados Unidos, com exportações que superaram os US$ 219 bilhões nos primeiros cinco meses de 2025 — um aumento de 6% em relação ao mesmo período do ano anterior.
Sheinbaum insistiu que “o México mantém uma posição de máximo benefício frente ao mundo. É isso que buscamos: preservar o tratado e uma boa relação comercial com os Estados Unidos como parceiros estratégicos.”
Esse entendimento ocorre no contexto da nova cruzada tarifária relançada por Trump desde seu retorno à Casa Branca. No mesmo dia de sua posse, em 20 de janeiro, ele anunciou novas tarifas para México, China e Canadá. Desde então, os dois países têm mantido negociações intensas e complexas.
Sheinbaum também antecipou que, paralelamente às negociações comerciais, seu governo assinará, nas próximas semanas, um novo acordo de segurança com os Estados Unidos. O foco do pacto será a cooperação bilateral para conter o tráfico de drogas — em especial o fentanil — sem comprometer a soberania nacional.
“O acordo que será assinado está baseado nos princípios que sempre defendemos: respeito à soberania e ao nosso território, confiança mútua e cooperação sem subordinação”, concluiu a presidente.