O primeiro semestre de 2025 termina com recordes no mercado de trabalho. Em junho, o Brasil reduziu a taxa de desemprego ao menor patamar da história e elevou o percentual de pessoas ocupadas ao maior nível já registrado. Também gerou 166 mil empregos formais, fechando os primeiros seis meses do ano com saldo de 1,2 milhão.
Os dados sobre desemprego e taxa de ocupação foram divulgados pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatistica (IBGE) na quinta-feira (31). Já a criação de vagas formais foi anunciada, nesta segunda-feira (4), pelo Ministério do Trabalho e Emprego (MTE), que administra o Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged).
O Caged registrou que todos os setores da economia tiveram saldo positivo de contratações no primeiro semestre do ano. O destaque foi o setor de serviços, que abriu 643 mil vagas, 2,8% a mais do que havia aberto no mesmo período de 2024.
A indústria criou outras 229 mil vagas, 2,6% a mais. Já os empregos na área de construção chegaram a 159 mil, com crescimento de 5,6%, maior alta entre todos os setores.
O estado de São Paulo liderou a geração de emprego formal, com 249 mil vagas e crescimento de 2,4% na comparação do primeiro semestre de 2024 e de 2025. Em termos proporcionais, a geração de empregos cresceu mais no Amapá, com alta 4,69%, e Mato Grosso, com 4,4%.
A quantidade de vaga geradas fez com que o contingente de empregados com carteira assinada no setor privado no Brasil alcançasse os 39 milhões no trimestre encerrado em junho. Esse é o maior número já registrado pela Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad), do IBGE, que compila dados do mercado de trabalho desde 2012.
Também no trimestre encerrado em junho, a taxa de desemprego do país baixou a 5,8%, a menor da série histórica, 1,1 ponto percentual mais baixa do que há um ano. Ao final de junho, segundo o IBGE, 58,8% dos brasileiros em idade ativa economicamente estavam trabalhando, igualando o recorde registrado em novembro do ano passado.
“O crescimento acentuado da população ocupada no trimestre influenciou vários recordes da série histórica, dentre eles a menor taxa de desocupação”, disse Adriana Beringuy, coordenadora do IBGE, reforçando a importância do último dado positivo.
“Dados dos últimos dias mostram um país mais justo com uma economia mais forte. Mais emprego, renda e oportunidade para a nossa população”, comentou o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), em suas redes sociais.
Atualmente, 102,3 milhões de pessoas trabalham no Brasil; há um ano, eram 99,9 milhões. Em junho, 6,3 milhões estavam desocupadas; há um ano, eram 7,4 milhões.
“O desemprego cai porque a dinâmica da economia cria postos de trabalho ou oportunidades de ocupação autônoma, sendo capaz de absorver, ao mesmo tempo, quem chega ao mercado e quem já está procurando emprego”, reforçou Clemente Ganz Lúcio, sociólogo e coordenador do Fórum das Centrais Sindicais, em artigo publicado nesta segunda-feira no site Poder360.
“Na pandemia, em 2020, o nível de ocupação caiu para 48,2% e, a partir de então, a economia repôs e criou mais de 20 milhões de postos de trabalho”, acrescentou.
Segundo Ganz Lúcio, a geração de empregos no país tem se mostrado resilientes mesmo com a alta da taxa básica de juros. Na semana passada, o Comitê de Política Monetária (Copom) manteve a Selic em 15% ao ano, o maior patamar desde 2006, justamente para tentar conter a atividade econômica e a inflação.
O especialista escreveu que a economia também tem crescido apesar dos juros. Parte desse crescimento e da dinâmica do mercado de trabalho, segundo ele, tem a ver com o consumo das famílias, estimulado por políticas públicas. “Políticas públicas como o aumento do salário mínimo, o Bolsa Família, o Desenrola, o e-consignado, o pagamento de precatórios e o Programa Emprega + Mulheres estimularam a criação de postos de trabalho.”
Neste contexto, o rendimento médio do trabalhador atingiu em junho R$ 3.477, outro recorde. O valor é 3,3% mais do que há um ano.
Segundo o Caged, trabalhadores com carteira assinada foram contratados, em junho, com salário médio de R$ 2.278,37. Em junho de 2024, o salário médio de contratação no país foi R$ 2.253,89, o que é R$ 28,76 a menos.