A campanha salarial dos trabalhadores e trabalhadoras no comércio do Rio de Janeiro teve início este ano com a justa demanda, aprovada em assembleia, de reajuste salarial de 10%. Percentual suficiente para cobrir a inflação acumulada nos 12 meses anteriores à data base (5,32%, segundo o INPC) e garantir algum ganho real nos salários.
Além do reajuste, exigimos também melhorias em termos de qualidade de vida e condições de trabalho, como, por exemplo, o aumento do número de dias de ausência para levar nossos filhos ao médico.
Em uma sequência de rodadas de negociação tensas, os patrões vieram com a choradeira de sempre, dizendo que os lucros estavam abaixo do esperado, o que sabemos não ser verdade. Porém, não recuamos um centímetro sequer, porque sabemos que, a exemplo do setor de supermercados, que cresceu 4%, diferentes setores do comércio tiveram um crescimento estrondoso no ano passado, com projeções positivas também para 2025. Nada mais justo do que repartir uma pequena parte deste crescimento com os trabalhadores e trabalhadoras.
Seguimos adiante, angariando o apoio de mais e mais trabalhadores e jogando duro nas negociações com os donos de lojas. Nossa persistência deu resultado. Em assembleia realizada no dia 23 de julho – na sede do Sindicato, no Centro, e na subsede de Campo Grande – os trabalhadores de supermercados e hortifrutis aprovaram a proposta de acordo negociada com o Sindigêneros. Conquistaram aumento de 6,47% no piso salarial, índice que fica acima da inflação do ano.
Não foi só isso! Apesar das tentativas patronais de cortar direitos, garantimos também para esse segmento reajustes de 7% na bonificação de feriados e de 6% na quebra de caixa. Melhorou também a cláusula da ausência remunerada, com o aumento do número de dias em que podemos nos ausentar para levar os filhos ao médico, de duas para quatro vezes por ano. Aumentou também a idade máxima das crianças nestes casos, de oito para dez anos de idade.
Melhoramos ainda a cláusula da garantia de emprego para os trabalhadores prestes a se aposentar, com 12 meses de estabilidade para quem trabalha há cinco anos na empresa, 18 meses para quem trabalha há mais de dez anos e 24 meses para quem está na firma há pelo menos 15 anos. Garantimos também a liberação dos cipeiros por um dia por ano, para que possam participar de cursos no sindicato.
Demais segmentos seguem negociando
Mas, é claro, não estamos totalmente satisfeitos e a luta vai continuar! Os trabalhadores dos demais segmentos do comércio rejeitaram as propostas até aqui apresentadas pelos patrões. Por isso, o sindicato vai continuar presente nas lojas para conscientizar a categoria sobre a importância de todos se engajarem. Afinal, todo mundo já sabe, patrão só abre a mão na base da pressão! É hora de cada comerciário e comerciária participar dessa pressão. A mobilização de todos neste momento é decisiva.
Nossas conquistas serão coletivas! A organização sindical e a mobilização da categoria são as mais fortes armas que temos contra a exploração. Continuaremos firmes, na vanguarda da luta, para exigir que os patrões deixem de enrolação e garantam reajustes justos e dignos.
Tamojunto, até a vitória final!
*Márcio Ayer é presidente do Sindicato dos Comerciários do Rio de Janeiro.
** Este é um artigo de opinião e não necessariamente representa a linha editorial do Brasil do Fato.