Mostrar Menu
Brasil de Fato
ENGLISH
Ouça a Rádio BdF
  • Apoie
  • Nacional
  • Regionais
    • Bahia
    • Ceará
    • Distrito Federal
    • Minas Gerais
    • Paraíba
    • Paraná
    • Pernambuco
    • Rio de Janeiro
    • Rio Grande do Sul
  • |
  • Cultura
  • Opinião
  • Esportes
  • Cidades
  • Política
Nenhum resultado
Ver todos os resultados
Mostrar Menu
Brasil de Fato
  • Apoie
  • TV BDF
  • RÁDIO BRASIL DE FATO
    • Radioagência
    • Podcasts
  • Regionais
    • Bahia
    • Ceará
    • Distrito Federal
    • Minas Gerais
    • Paraíba
    • Paraná
    • Pernambuco
    • Rio de Janeiro
    • Rio Grande do Sul
Mostrar Menu
Ouça a Rádio BdF
Nenhum resultado
Ver todos os resultados
Brasil de Fato
Início Bem Viver

RETOMADA

‘Terra indígena não se vende, se defende’ alertaram lideranças em audiência na Assembleia Legislativa do RS

Projeto do governo Leite prevê repasse de parte do território da retomada Tekoa Nhe’engatu à prefeitura de Viamão

13.ago.2025 às 16h15
Porto Alegre (RS)
Marcela Brandes
‘Terra indígena não se vende, se defende’ alertaram lideranças em audiência na Assembleia Legislativa do RS

Lideranças indígenas e apoiadores fazem vigília em frente ao Palácio Piratini durante audiência pública sobre a Tekoa Nhe'engatu - Foto: Rafa Dotti

Cerca de 50 indígenas Mbya Guarani participaram, na noite desta terça-feira (12), de uma audiência pública na Assembleia Legislativa do Rio Grande do Sul. O encontro foi promovido pela Comissão de Cidadania e Direitos Humanos (CCDH), presidida pelo deputado Adão Pretto Filho (PT), com a presença das deputadas Stela Farias (PT) e Luciana Genro (Psol).

O debate girou em torno do Projeto de Lei 280/2025, encaminhado pelo governador Eduardo Leite (PSD) em regime de urgência, que autoriza a doação de 88 hectares de um terreno da antiga Fundação Estadual de Pesquisa Agropecuária (Fepagro) à Prefeitura Municipal de Viamão. A administração pretende repassar a área à iniciativa privada para a construção de galpões e um centro logístico.

O encontro foi promovido pela Comissão de Cidadania e Direitos Humanos (CCDH), presidida pelo deputado Adão Pretto Filho (PT), com a presença das deputadas Stela Farias (PT) e Luciana Genro (Psol) | Foto: Paulo Roberto Silva

No local, vivem 57 famílias da aldeia Tekoa Nhe’engatu que desde fevereiro de 2024 mantêm moradias, uma escola e recebem atendimento da Secretaria Especial de Saúde Indígena (Sesai). A ocupação, chamada pela comunidade de “retomada”, transformou um espaço que, segundo o cacique Eloir de Oliveira, estava abandonado.

“Quando a gente chegou, não tinha mais vida. Prédios construídos com recursos públicos, tudo derrubado, queimado. Hoje, a área tem vida. A água começou a ter vida, peixes, a mata ter esses animais”, contou. Ele criticou a proposta do governo, afirmando que ela “tira o direito de sobreviver da população guarani” e representa “a destruição do natural que ainda existe”.

Audiência pública na Assembleia Legislativa reuniu cerca de 50 indígenas para debater o PL 280/2025 – Foto: Paulo Roberto Silva

A tramitação em regime de urgência estabelece prazo até 8 de setembro para votação, sem análise pelas comissões legislativas. Para Adão Pretto Filho o projeto foi apresentado “de forma apressada, sem discussão com a comunidade e sem diálogo com as lideranças”, durante o recesso da Assembleia Legislativa.

O território é alvo de disputa judicial desde julho de 2024, quando o governo estadual ingressou com ação de reintegração de posse. O pedido foi negado pela Justiça Federal e a decisão mantida pelo Tribunal Regional Federal da 4ª Região, que garantiu “proteção possessória” à comunidade, abrindo espaço para um processo de conciliação.

Paralelamente, existe um termo de cooperação técnica firmado entre o Estado e a União para transferência de áreas ocupadas por indígenas à União, como forma de abatimento da dívida estadual. “Tem um acordo de cooperação técnica que o Estado assinou com a União para passar os territórios de retomada para a União”, afirmou Eloir, lembrando que o PL foi apresentado sem consulta à comunidade.

Famílias Mbya Guarani realizaram vigília nesta terça-feira em defesa de seu território – Foto: Rafa Dotti

O procurador da República Ricardo Gralha, do Ministério Público Federal, reforçou que há um protocolo formal para negociação e questionou a pressa do Executivo: “Ora ele pediu o prazo de 60 dias para informar o poder Judiciário, mas pediu à Assembleia Legislativa um regime de urgência que expira agora dia 27 de agosto”. Ele também apontou que “o Estado historicamente tratou de exterminar os indígenas” e que “infelizmente, o indígena sempre foi visto como um empecilho ao avanço”.

Apoio à comunidade

Outras lideranças reforçaram a preocupação. Irene, representante das mulheres indígenas, questionou: “Até quando nós, mulheres indígenas, vamos estar com nossos filhos na beira de faixa? Isso não pode mais acontecer. A gente só quer sair da beira de faixa e ter um lugar digno para criar os nossos filhos”. O professor Antônio Neto, da escola Fàg Nhin Kaingang, afirmou que a exclusão dos indígenas de espaços institucionais é uma expressão de racismo, lembrando que ele e outros caciques não foram recebidos no Palácio Piratini: “Foi assim que nos receberam, na calçada, na margem outra vez”.

“A gente só quer sair da beira de faixa e ter um lugar digno para criar os nossos filhos”, disse Irene, liderança das mulheres indígenas – Foto: Rafa Dotti

Para o cacique Abílio Padilha da Silva, a disputa ultrapassa a questão territorial e está ligada à preservação ambiental. “Esse é um ataque sobre a vida da humanidade. As áreas mais preservadas do Rio Grande do Sul e do Brasil são exatamente as ocupadas pela população indígena”, disse. Já Roberto Liegbott, do Conselho Indigenista Missionário (Cimi), evocou a memória de anciãos da comunidade e afirmou: “Eu nunca vi uma tekoá tão feliz. A felicidade brilha nos olhos deles”.

Parlamentares e representantes de órgãos de direitos humanos também se manifestaram. A deputada estadual Luciana Genro (PSol) afirmou que a área “já é uma tekoá guarani” e que a comunidade está “retomando um direito que é seu”. A deputada estadual Stela Farias (PT) criticou a contradição de o governo destinar R$ 50 milhões às celebrações dos 400 anos das Missões Jesuíticas Guaranis e apenas R$ 300 mil para ações voltadas à população indígena, enquanto muitas famílias não têm água encanada. Júlio Alt, presidente do Conselho Estadual de Direitos Humanos do RS, comparou a situação a outros projetos que, segundo ele, “impõem déficit democrático e impedem a discussão nesta Casa”.

Lideranças indígenas alertam para risco de remoção e defendem preservação ambiental da área – Foto: Paulo Roberto Silva

O debate também contou com falas de apoiadores. A ativista Lecia Albani destacou que direitos básicos, como acesso à água, saneamento e segurança alimentar, ainda não são garantidos. A médica indigenista Roselaine Murlik afirmou que “saúde é território” e que “se o território estiver saudável, água limpa, ar puro e terra viva, eu estarei saudável”.

João Maurício Farias, do Observatório Indigenista, reforçou que o Estado precisa reconhecer o direito da comunidade de permanecer na área, alertando que a postura do governo pode gerar novos conflitos. O estudante José Eduardo, do Instituo Federal do Rio Grande do Sul (IFRS), classificou a escola indígena Estiva como “historicamente negligenciada” e considerou o PL 280/2025 como mais um projeto que marginaliza comunidades indígenas e quilombolas em benefício de empresários.

Ausências e contrapontos

Apesar do convite, nenhum representante do governo compareceu à audiência, o que foi classificado por Pretto como “desrespeitoso à Assembleia Legislativa”. Em contraponto, o deputado Valdir Bonatto (PSDB), ex-prefeito de Viamão, afirmou em plenário que a ocupação é “uma estratégia política” e que a comunidade está sendo usada como “massa de manobra”. O deputado Guilherme Pasin (PP) disse que “há normas que precisam ser seguidas”.

Comunidade Tekoa Nhe’engatu mantém escola, moradias e atendimento de saúde no território – Foto: Rafa Dotti

Ao final, a audência anunciou encaminhamentos como o pedido de suspensão de qualquer ação de remoção até a conclusão do processo de mediação, solicitação de audiência com os Ministérios dos Povos Indígenas e da Justiça, reforço ao Ministério Público Federal para ingresso de Ação Civil Pública, mobilização de entidades e movimentos sociais e envio de relatório oficial ao Congresso Nacional.

O procurador Ricardo Gralha informou que o MPF deverá propor medidas judiciais diante da urgência. A expressão repetida por diversas lideranças resumiu o tom do encontro: “Terra indígena não se vende, se defende”.

Editado por: Katia Marko
Tags: demarcação de terrapovos indígenasretomada indígena
loader
BdF Newsletter
Escolha as listas que deseja assinar*
BdF Editorial: Resumo semanal de notícias com viés editorial.
Ponto: Análises do Instituto Front, toda sexta.
WHIB: Notícias do Brasil em inglês, com visão popular.
Li e concordo com os termos de uso e política de privacidade.

Notícias relacionadas

violação de acordos

Retirada de indígenas de área estadual em Viamão, proposta por Eduardo Leite, motiva audiência pública no RS

POVOS ORIGINÁRIOS

Primeira Marcha de Mulheres Indígenas de Porto Alegre enfatiza luta por direitos à terra, saúde e educação

DEMARCAÇÃO JÁ

Comunidade Guarani Mbya de Viamão quer retirada de projeto que doa terras para centro logístico

Veja mais

RETOMADA

‘Terra indígena não se vende, se defende’ alertaram lideranças em audiência na Assembleia Legislativa do RS

Eleições

Debate presidencial na Bolívia tem baixa participação; candidatos focam em propostas econômicas

Plano territorial

Câmara Legislativa do DF inicia tramitação do projeto do Plano Diretor

Reação

Petro convoca reunião de ministros latino-americanos para enfrentar ‘ingerência’ dos EUA

REAÇÃO

Lula anuncia crédito de R$ 30 bilhões para enfrentar tarifaço de Trump; confira medidas

  • Quem Somos
  • Publicidade
  • Contato
  • Newsletters
  • Política de Privacidade
  • Política
  • Internacional
  • Direitos
  • Bem Viver
  • Socioambiental
  • Opinião
  • Bahia
  • Ceará
  • Distrito Federal
  • Minas Gerais
  • Paraíba
  • Paraná
  • Pernambuco
  • Rio de Janeiro
  • Rio Grande do Sul

Todos os conteúdos de produção exclusiva e de autoria editorial do Brasil de Fato podem ser reproduzidos, desde que não sejam alterados e que se deem os devidos créditos.

Nenhum resultado
Ver todos os resultados
  • Apoie
  • TV BDF
  • Regionais
    • Bahia
    • Ceará
    • Distrito Federal
    • Minas Gerais
    • Paraíba
    • Paraná
    • Pernambuco
    • Rio de Janeiro
    • Rio Grande do Sul
  • Rádio Brasil De Fato
    • Radioagência
    • Podcasts
    • Seja Parceiro
    • Programação
  • Política
    • Eleições
  • Internacional
  • Direitos
    • Direitos Humanos
  • Bem Viver
    • Agroecologia
    • Cultura
  • Opinião
  • DOC BDF
  • Brasil
  • Cidades
  • Economia
  • Editorial
  • Educação
  • Entrevistas
  • Especial
  • Esportes
  • Geral
  • Saúde
  • Segurança Pública
  • Socioambiental
  • Transporte
  • Correspondentes
    • Sahel
    • EUA
    • Venezuela
  • English
    • Brazil
    • BRICS
    • Climate
    • Culture
    • Interviews
    • Opinion
    • Politics
    • Struggles

Todos os conteúdos de produção exclusiva e de autoria editorial do Brasil de Fato podem ser reproduzidos, desde que não sejam alterados e que se deem os devidos créditos.