Mostrar Menu
Brasil de Fato
ENGLISH
Ouça a Rádio BdF
  • Apoie
  • TV BdF
  • RÁDIO BRASIL DE FATO
    • Radioagência
    • Podcasts
    • Seja Parceiro
    • Programação
  • Regionais
    • Bahia
    • Ceará
    • Distrito Federal
    • Minas Gerais
    • Paraíba
    • Paraná
    • Pernambuco
    • Rio de Janeiro
    • Rio Grande do Sul
  • I
  • Política
  • Internacional
  • Direitos
  • Bem Viver
  • Opinião
  • DOC BDF
Nenhum resultado
Ver todos os resultados
Mostrar Menu
Brasil de Fato
  • Apoie
  • TV BDF
  • RÁDIO BRASIL DE FATO
    • Radioagência
    • Podcasts
  • Regionais
    • Bahia
    • Ceará
    • Distrito Federal
    • Minas Gerais
    • Paraíba
    • Paraná
    • Pernambuco
    • Rio de Janeiro
    • Rio Grande do Sul
Mostrar Menu
Ouça a Rádio BdF
Nenhum resultado
Ver todos os resultados
Brasil de Fato
Início Opinião

Artigo

Os erros técnicos e a excessiva cautela política da ‘estratégia Haddad’

A ampla aceitação do arcabouço fiscal por agentes do mercado e da grande mídia indica que a proposta foi pouco ousada

18.ago.2025 às 12h20
Rio de Janeiro (RJ)
Luciano Alencar Barros

Em entrevista ao programa Roda Viva, em janeiro de 2024, o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, ao comentar a reforma tributária, afirmou que “tem o tecnicamente recomendável, mas tem o politicamente possível”. De fato, uma análise da estratégia econômica — em especial a fiscal — do governo dividida entre aspectos técnicos e políticos é fundamental para o entendimento dos rumos da economia e do projeto político escolhido nas urnas.

Em primeiro lugar, é preciso discutir o que seria “tecnicamente recomendável” em termos de teoria econômica. Segundo a concepção do ministro, é importante que o governo tenha as contas equilibradas para que seja “possível reduzir os juros da economia”, e para “melhorar o ambiente de negócios”. Estas seriam, nesta visão, duas condições para elevar a taxa de crescimento da economia.

A partir de uma situação de déficit, o equilíbrio fiscal requer uma taxa de crescimento das despesas inferior à das receitas. Ocorre que as receitas dependem do crescimento do Produto Interno Bruto (PIB), e este é determinado pelos gastos agregados. Quanto maior for o gasto, maior o PIB, e maior a receita. E o gasto público se converte em renda do setor privado, que, em parte, será gasta, gerando mais renda, mais gasto, e assim por diante. Além disso, esta demanda crescente impulsiona o investimento em capacidade para atendê-la, de modo que ao longo do tempo a oferta se adequa à trajetória de crescimento dos gastos.

O ministro propôs um arcabouço fiscal que, ainda que muito melhor do que o antigo “Teto de Gastos”, permite que as despesas públicas cresçam no máximo 2,5% ao ano acima da inflação. Em contraste, nos dois primeiros mandatos do presidente Lula, tal taxa se situou na casa dos 5%. Isso ajudou a impulsionar a economia, o que elevou as receitas, de modo que em tais mandatos observou-se uma média de superávits primários (diferença entre receitas e despesas, sem contar os gastos com juros da dívida pública) acima de 2% do PIB.

A taxa básica de juros (Selic), por sua vez, é pouco influenciada pelo resultado fiscal do governo. Prova disso foram os baixos níveis de juros, na casa dos 2%, praticados em 2020, ano em que se observou o maior déficit primário já registrado, acima de 11% do PIB.

Ainda que se suponha que um crescimento mais lento dos gastos públicos levaria a “melhores” resultados fiscais e que esses, por sua vez, resultariam em menores taxas de juros, o efeito final disso sobre os gastos (e, portanto, sobre o crescimento econômico) é limitado — embora não irrelevante. Isso acontece porque a redução da taxa Selic é transmitida apenas de forma parcial para os juros finais efetivamente pagos pelos agentes econômicos. Além disso, o investimento privado não reage de forma significativa a mudanças nos juros, mas sim ao aumento da demanda.

Inclusive, como notou o economista britânico Abba Lerner, nada melhora mais o grau de confiança dos empresários e o ambiente de negócios do que níveis adequados de gastos. Caso haja uma forte expansão da demanda efetiva, os empresários são compelidos a investir pelas forças de concorrência, uma vez que, se não atendessem a demanda em expansão, perderiam fatias de mercado, comprometendo lucros futuros. Esse fato independe da evolução das contas públicas.

Assim, em termos técnicos, tem-se que menores gastos não necessariamente implicam maiores superávits e que estes não são precondição para a queda dos juros, que por sua vez teria impacto limitado sobre o crescimento. Por outro lado, constata-se que o ambiente efetivo de negócios está relacionado ao ritmo de expansão da demanda efetiva, e não com os resultados das contas públicas.

Por fim, cabe abordar o que seria “politicamente viável” na atual conjuntura, na qual o governo foi eleito por uma pequena margem de votos e o Congresso é extremamente conservador. De fato, atualmente observam-se graus de liberdade muito menores do que nos anos 2000, mas a ampla e rápida aceitação do Novo Arcabouço Fiscal por parte dos agentes do mercado financeiro e da grande mídia claramente indica que a proposta do governo foi pouco ousada.

Além disso, cabe destacar que tal estratégia é suicida. Como argumentado, menores gastos públicos, além de implicarem menos possibilidades de expansão dos serviços públicos e dos programas sociais, acarretam menor impulso ao crescimento. Um menor crescimento reduz as receitas e limita ainda mais os gastos futuros, em um processo que se retroalimenta.

É necessário discutir e disputar, em termos políticos, o grau de expansionismo econômico viável ao governo, até porque é certo que a atual estratégia está fadada ao fracasso. Dadas as enormes carências sociais do país e o acirrado embate de 2022, esta estratégia econômica pouco ousada inviabilizará o projeto político eleito, de maior prosperidade e inclusão social.

Ainda que manobras para contornar o arcabouço — como a exclusão dos gastos com precatórios, com o auxílio ao Rio Grande do Sul e com o atual Programa de Contingência em resposta ao “tarifaço” — possam favorecer a retomada do crescimento, seu alcance é limitado.

Conclui-se, portanto, que a melhoria dos indicadores econômicos e sociais, a continuidade do projeto eleito em 2022 e a própria viabilidade de futuros governos progressistas dependem de uma ampla revisão da política fiscal oficial. Para isso, é essencial abandonar teorias econômicas equivocadas e adotar uma postura política mais ousada

*Luciano Alencar Barros é professor do Instituto de Economia da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) e pesquisador do Instituto de Estudos Sociais e Políticos da Universidade Estadual do Rio de Janeiro (UERJ).

**Este é um artigo de opinião e não necessariamente representa a linha editorial do Brasil do Fato.

Editado por: Geisa Marques
Tags: arcabouço fiscalhaddad
loader
BdF Newsletter
Escolha as listas que deseja assinar*
BdF Editorial: Resumo semanal de notícias com viés editorial.
Ponto: Análises do Instituto Front, toda sexta.
WHIB: Notícias do Brasil em inglês, com visão popular.
Li e concordo com os termos de uso e política de privacidade.

Veja mais

Artigo

Os erros técnicos e a excessiva cautela política da ‘estratégia Haddad’

ARTIGO

Série ‘180’: função social do cinema e protagonismo das mulheres no audiovisual paraibano

Guerra da Ucrânia

Putin conversa com Lula sobre resultados da reunião com Trump

Amigo de Trump?

Lula recebe presidente liberal do Equador, Daniel Noboa, em meio à ofensiva dos EUA na região

Eleições

Quem são Rodrigo Paz e Tuto Quiroga, candidatos que disputam a presidência da Bolívia no 2º turno

  • Quem Somos
  • Publicidade
  • Contato
  • Newsletters
  • Política de Privacidade
  • Política
  • Internacional
  • Direitos
  • Bem Viver
  • Socioambiental
  • Opinião
  • Bahia
  • Ceará
  • Distrito Federal
  • Minas Gerais
  • Paraíba
  • Paraná
  • Pernambuco
  • Rio de Janeiro
  • Rio Grande do Sul

Todos os conteúdos de produção exclusiva e de autoria editorial do Brasil de Fato podem ser reproduzidos, desde que não sejam alterados e que se deem os devidos créditos.

Nenhum resultado
Ver todos os resultados
  • Apoie
  • TV BDF
  • Regionais
    • Bahia
    • Ceará
    • Distrito Federal
    • Minas Gerais
    • Paraíba
    • Paraná
    • Pernambuco
    • Rio de Janeiro
    • Rio Grande do Sul
  • Rádio Brasil De Fato
    • Radioagência
    • Podcasts
    • Seja Parceiro
    • Programação
  • Política
    • Eleições
  • Internacional
  • Direitos
    • Direitos Humanos
  • Bem Viver
    • Agroecologia
    • Cultura
  • Opinião
  • DOC BDF
  • Brasil
  • Cidades
  • Economia
  • Editorial
  • Educação
  • Entrevistas
  • Especial
  • Esportes
  • Geral
  • Saúde
  • Segurança Pública
  • Socioambiental
  • Transporte
  • Correspondentes
    • Sahel
    • EUA
    • Venezuela
  • English
    • Brazil
    • BRICS
    • Climate
    • Culture
    • Interviews
    • Opinion
    • Politics
    • Struggles

Todos os conteúdos de produção exclusiva e de autoria editorial do Brasil de Fato podem ser reproduzidos, desde que não sejam alterados e que se deem os devidos créditos.