O Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama) inutilizou 100 escavadeiras hidráulicas, 312 motores estacionários e 428 acampamentos do garimpo ilegal na Terra Indígena Sararé, em Mato Grosso. A ação faz parte da Operação Xapiri-Sararé, iniciada em 1º de agosto, e contou com apoio do Ministério dos Povos Indígenas, da Fundação Nacional dos Povos Indígenas (Funai), da Polícia Federal, da Polícia Rodoviária Federal, da Força Nacional de Segurança Pública, do Censipam, da Abin e da Polícia Civil de Goiás.
Além do maquinário pesado, foram inutilizados 50 mil litros de combustível, 42 motocicletas, nove caminhonetes, dez caminhões e outros equipamentos usados na extração ilegal de ouro. Em propriedades rurais que serviam como base de apoio logístico ao garimpo, os fiscais apreenderam quase 13 quilos de mercúrio e destruíram depósitos clandestinos e oficinas de manutenção.

De acordo com o Ibama, a operação é fruto de determinação judicial e seguirá por tempo indeterminado, com o objetivo de conter a atividade criminosa. Desde 2023, cerca de 400 escavadeiras já foram inutilizadas na Terra Indígena Sararé, além de motores e outros equipamentos usados na extração ilegal.
A Terra Indígena Sararé, onde vive o povo Nambikwara, concentra atualmente a maior quantidade de alertas de garimpo do país: foram 1.814 registros apenas em 2025. O avanço da atividade ilegal já provocou a destruição de 743 hectares de vegetação nativa, além de contaminação dos rios com mercúrio e resíduos oleosos.

Explosão do garimpo na Amazônia
Entre 2015 e 2024, 58% de toda a área minerada no Brasil foi aberta, e dois terços desse avanço ocorreram na Amazônia. O garimpo ilegal teve papel central nesse processo: cresceu 361% em terras indígenas no período, alcançando 241 mil hectares, de acordo com o Instituto de Pesquisa Ambiental da Amazônia (Ipam).
Esse salto foi impulsionado por mudanças na legislação, que flexibilizaram regras de licenciamento e abriram caminho para a exploração em novas fronteiras, além da valorização internacional do ouro e da corrida por minerais estratégicos ligados à transição energética. O resultado é a intensificação de conflitos em territórios indígenas, quilombolas e assentamentos da reforma agrária, acompanhada de desmatamento, contaminação de rios e expulsão de comunidades tradicionais.