A Expointer é mais que a maior feira agropecuária da América Latina. É o retrato vivo da diversidade produtiva do Rio Grande do Sul, do encontro entre tradição e inovação, e da capacidade de resistência do nosso povo. No Parque Assis Brasil, em Esteio, não se veem apenas as grandes máquinas e os animais de raça, mas também a força silenciosa e decisiva da agricultura familiar.
Em 2025, essa presença tem sabor especial. O Pavilhão da Agricultura Familiar bateu recorde histórico: 456 empreendimentos confirmados, superando os 413 do ano passado. Em 2024, as vendas no espaço chegaram a quase R$ 11 milhões, um crescimento de 25% em relação ao ano anterior. Mais que números, são sinais concretos de vitalidade, de reconstrução após as enchentes, de esperança.

Cada queijo, compota, vinho, artesanato ou erva-mate exposto ali carrega uma história de vida. São agricultores que transformam seu trabalho em dignidade, que geram renda, fixam famílias no campo e mantêm vivas tradições culturais.
A saída do Brasil do Mapa da Fome da ONU em 2025 mostra que esse esforço coletivo dá resultado. Foi a agricultura familiar que ajudou a recolocar comida no prato dos brasileiros. É ela que garante o feijão com arroz, a mandioca, a verdura fresca da feira, o leite que chega diariamente às mesas. É ela que assegura soberania alimentar e futuro sustentável.
Por isso, a Expointer é também espaço de diálogo e de política. O Ministério do Desenvolvimento Agrário e Agricultura Familiar tem buscado criar condições para que os agricultores não apenas sobrevivam, mas prosperem. Com crédito, assistência técnica, incentivo à agroindustrialização e apoio à comercialização, fortalecemos esse setor que é estratégico para o país.

Essa caminhada se soma a um processo mais amplo que já está em andamento no estado: a realização da 3ª Conferência Territorial Rural. A Expointer, nesse sentido, se conecta a um DNA de participação e construção coletiva. O campo não se transforma apenas com investimentos, mas também com a voz ativa dos agricultores, que indicam caminhos, sugerem soluções e apontam prioridades.
Ao visitar o Pavilhão da Agricultura Familiar, o público não encontra apenas produtos. Encontra um Brasil real, diverso e criativo. Encontra famílias que resistiram à tragédia das enchentes e agora mostram sua capacidade de se reinventar. Encontra um modelo de agricultura que respeita a terra, que valoriza a cultura local e que coloca a vida acima do lucro imediato.
A Expointer nos lembra, ano após ano, que a agricultura familiar não é pequena. Ela é essencial. É estratégica. É o coração pulsante da soberania alimentar do Brasil.
* Milton Bernardes é superintendente do Ministério do Desenvolvimento Agrário e Agricultura Familiar no RS.
**Este é um artigo de opinião e não necessariamente representa a linha editorial do Brasil do Fato.