Uma das mais importantes revistas do mundo, a britânica The Economist traz na sua última edição uma imagem do ex-presidente brasileiro Jair Bolsonaro caracterizado como um dos símbolos da invasão extremista do legislativo dos EUA. Esta edição do que é considerada a ‘Bíblia do liberalismo’, elogia a democracia do Brasil, às vésperas do início do julgamento de Bolsonaro por tentativa de golpe de Estado.
A imagem funde uma foto de Bolsonaro com a de Jacob Chansley, que ficou conhecido como o “Viking do Capitólio”. Em 2021, o apoiador do então presidente derrotado nas urnas Donald Trump foi um dos rostos mais reconhecíveis da multidão de extremistas de direita que invadiram e vandalizaram a sede do poder estadunidense para, acredita-se, tentar reverter o pleito perdido nas urnas.
“Imagine um país onde um presidente polarizador perde sua tentativa de reeleição e se recusa a aceitar o resultado. Ele declara a votação fraudada e usa as redes sociais para incitar seus apoiadores a se rebelarem. Eles o fazem, aos milhares, atacando prédios do governo. Então, a insurreição fracassa, o ex-presidente enfrenta uma investigação criminal e os promotores o levam a julgamento por planejar um golpe”, começa a reportagem de capa, que diz que o relato acima se assemelha “a uma fantasia da esquerda americana”, mas é realidade no Brasil.
O julgamento de Bolsonaro, a partir de 2 de setembro, “oferece uma lição de democracia para uma América que está se tornando mais corrupta, protecionista e autoritária. Um ex-general de quatro estrelas conspirou para anular o resultado da eleição; assassinos planejaram matar o verdadeiro vencedor. Mas o golpe acabou fracassando por incompetência.”
Ao contrário dos EUA, onde Trump não foi responsabilizado pela invasão – mesmo tendo hesitado no momento em desestimular seus apoiadores – julgar Bolsonaro por ato semelhante faz do Brasil “um exemplo para a recuperação de países afetados pela febre populista”.
Merece elogios ainda a disposição brasileira de resistir a chantagem de Trump para eximir Bolsonaro de responsabilidade, mesmo sofrendo sanções econômicas. A revista critica, no entanto, o excesso de poder do Supremo Tribunal Federal, que estaria se tornando “vítima, promotor e juiz”, embora pondere que poderes tão amplos podem tanto corroer como salvaguardar democracias.
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