A Organização para Cooperação de Xangai (OCX) aprovou uma estratégia decenal que formaliza a expansão de seu mandato original, centrado em questões de segurança regional, para abranger parcerias nas áreas econômica, tecnológica e social, entre outras.
A Declaração de Tianjin, do Conselho de Chefes de Estado da Organização para Cooperação de Xangai, aprovado durante a cúpula que finalizou nesta segunda-feira (1º), em Tianjin, na China, estipulou as diretrizes para o desenvolvimento da organização para o período 2026-2035.
Entre as novidades, a OCX definiu a criação do Banco de Desenvolvimento da entidade, uma proposta que vinha sendo estudada, pelo menos, desde 2013, quando a cúpula foi realizada em Bishkek, no Quirguistão. A entidade também definiu mudança na posição do Laos, que passou de observador para “membro de diálogo” (veja lista de membros abaixo).
A China, como anfitriã, anunciou que criará três plataformas para a cooperação no âmbito da OCX nas áreas de energia, indústrias renováveis e economia digital, além de três centros de cooperação para inovação científica e tecnológica, ensino superior e educação profissional e técnica.
O anúncio foi feito pelo presidente chinês Xi Jinping durante a reunião da OCX+, que inclui os 27 integrantes. “Trabalharemos com outros países da OCX para aumentar a capacidade instalada de energia fotovoltaica e eólica em 10 milhões de quilowatts cada nos próximos cinco anos”, disse o presidente chinês.
Transformação da governança global
Durante a cúpula, a China lançou a Iniciativa de Governança Global, a quarta grande proposta chinesa relacionada à ordem internacional, somando-se à Iniciativa de Desenvolvimento Global, Iniciativa de Segurança Global e Iniciativa de Civilização Global.
As propostas apresentadas pela China visam colocar em diálogo, no âmbito internacional, abordagens diferentes das hegemônicas. No caso da iniciativa referente à segurança, a proposta prioriza o diálogo político e a negociação pacífica no lugar da confrontação e do hegemonismo.
A existência de “novas ameaças e desafios só tem aumentado”, disse Xi antes de apresentar a Iniciativa de Governança Global.
“O mundo se encontra em um novo período de turbulência e transformação. A governança global chegou a uma nova encruzilhada”, afirmou o mandatário chinês.
A proposta, apresentada por Xi no OCX+, tem como base cinco princípios: igualdade soberana de todas as nações, independentemente de seu tamanho; respeito integral ao direito internacional e à Carta da ONU; multilateralismo diante do unilateralismo, priorizando a solidariedade e defendendo o “papel insubstituível” da ONU; abordagem centrada no povo para reformar o sistema global, reduzindo a disparidade entre o Norte e o Sul Globais; e ações concretas e coordenação prática para evitar a fragmentação do sistema de governança.
Articulações de segurança
A OCX lançou quatro centros de segurança: o Centro Integrado da OCX para Abordar Ameaças e Desafios de Segurança; o Centro de Segurança de Informação; o Centro de Combate ao Crime Organizado Transnacional; e o Centro de Controle de Narcóticos da OCX.
“Este é outro grande passo adiante na cooperação de segurança da OCX, que aprimorará de forma abrangente as capacidades dos Estados-membros em responder a novas ameaças e desafios e salvaguardar mais efetivamente a paz e tranquilidade regional”, disse o chanceler chinês, Wang Yi, na coletiva de encerramento da cúpula junto ao secretário-geral da Organização para Cooperação de Xangai, Nurlan Yermekbayev.

Os estados-membros condenaram “veementemente as ações que resultaram em inúmeras vítimas civis e desastres humanitários na Faixa de Gaza“, assim como “a agressão militar lançada por Israel e pelos Estados Unidos contra o Irã em junho de 2025″.
A próxima presidência rotativa da organização será exercida pela República do Quirguistão, no ano que vem, quando a entidade completará 25 Anos.
Veja a lista dos participantes da cúpula de Tianjin da Organização para Cooperação de Xangai:
Líderes dos Estados-membros da OCX
- Alexander Lukashenko (presidente da Bielorrússia)
- Narendra Modi (primeiro-ministro da Índia)
- Kassym-Jomart Tokayev (presidente do Cazaquistão)
- Sadyr Japarov (presidente do Quirguistão)
- Shehbaz Sharif (primeiro-ministro do Paquistão)
- Vladimir Putin (presidente da Rússia)
- Emomali Rahmon (presidente do Tajiquistão)
- Shavkat Mirziyoyev (presidente do Uzbequistão)
- Mohammad Mokhber (presidente interino do Irã)
Líderes de Estados Observadores e Parceiros de Diálogo
- Ukhnaagiin Khürelsükh (presidente da Mongólia)
- Ilham Aliyev (presidente do Azerbaijão)
- Nikol Pashinyan (primeiro-ministro da Armênia)
- Hun Manet (primeiro-ministro do Camboja)
- Mohamed Muizzu (presidente das Maldivas)
- K. P. Sharma Oli (primeiro-ministro do Nepal)
- Recep Tayyip Erdoğan (presidente da Turquia)
- Mostafa Madbouly (primeiro-ministro do Egito)
- Serdar Berdimuhamedow (presidente do Turcomenistão)
- Prabowo Subianto (presidente da Indonésia, convidado mas não compareceu)
- Thongloun Sisoulith (presidente do Laos)
- Anwar Ibrahim (primeiro-ministro da Malásia)
- Phạm Minh Chính (primeiro-ministro do Vietnã)
Chefes de Organizações Internacionais e Mecanismos Multilaterais
- António Guterres (secretário-geral da Organização das Nações Unidas)
- Zhang Ming (secretário-geral da OCX)
- Sharshiev Kubanychbek (diretor do Comitê Executivo da Estrutura Antiterrorista Regional da OCX)
- Sergey Lebedev (secretário-geral da Comunidade de Estados Independentes – CEI)
- Kao Kim Hourn (secretário-geral da Asean)
- Imangali Tasmagambetov (secretário-geral da Organização do Tratado de Segurança Coletiva – OTSC)
- Asadbek Mamajanov (secretário-geral da Organização de Cooperação Econômica da Ásia Central)
- Jin Liqun (secretário-geral do Banco Asiático de Investimento em Infraestrutura – BAII)