A embaixada russa na Argentina negou, com dose de ironia, qualquer ligação nos vazamentos de áudios de um escândalo de corrupção envolvendo Karina Milei, irmã do presidente argentino, Javier Milei e Secretária Geral da Presidência do país. Na segunda-feira (1º), foi iniciada uma investigação federal após denúncia do governo de que Karina teria sido vítima de “espionagem ilegal” com suposta influência estrangeira.
O governo Milei acusa especificamente, sem apresentar evidências, Rússia e Venezuela. A Casa Rosada apenas diz que Caracas está “em conflito” com a Argentina e que espiões russos atuam no país.
“Lamentamos informar que, no contexto de mais um escândalo político interno de grande repercussão, nosso país esteja sendo novamente mencionado de forma negativa”, afirma a nota da embaixada russa.
“Rejeitamos categoricamente essas acusações, considerando-as infundadas e falsas. O desejo de ver ‘espiões russos’ em cada esquina é irracional e destrutivo. A Rússia defende consistentemente a construção de uma cooperação equitativa e mutuamente respeitosa com a Argentina, no âmbito de uma parceria estratégica abrangente baseada na forte amizade entre nossos povos.”
Propina
A Justiça argentina ordenou o fim da divulgação de áudios “gravados ilegalmente” de Karina Milei, e publicados pela imprensa, no que o governo chamou de “operação de inteligência ilegal”. A medida responde a um pedido do Executivo contra o material vazado pela imprensa na sexta-feira, no qual Karina Milei afirma: “Não podemos entrar na briga entre nós. Nós precisamos estar unidos”.
O restante do conteúdo da gravação, supostamente de 50 minutos, é desconhecido publicamente. O porta-voz presidencial da Argentina, Manuel Ardoni, assegura que Karina Milei foi gravada “ilegalmente na Casa Rosada”, sede do Executivo.
O escândalo veio a público após a divulgação, em 19 de agosto, de outros áudios nos quais o então titular da agência de Deficiência (Andis), Diego Spagnuolo, assegura que a irmã do presidente recebia 3% das compras de medicamentos para deficientes.
O agora ex-funcionário afirma nessas gravações ter avisado a Javier Milei sobre a suposta trama de sua irmã e secretária da Presidência. A divulgação dos áudios de Spagnuolo gerou uma denúncia judicial que resultou em mais de 20 mandados de busca e apreensão.
O escândalo atinge a presidência a poucos dias das eleições legislativas de Buenos Aires, que ocorrem neste domingo e servem de termômetro para o pleito de outubro que renova o Congresso argentino. Os planos de Milei de finalmente obter maioria parlamentar podem então ser frustrados.