A Aliança Bolivariana para os Povos da Nossa América (Alba) Movimentos pediu a organização de uma articulação internacional contra as ameaças dos Estados Unidos na Venezuela. Segundo a Aliança, o envio de tropas para o sul do Caribe representa uma “operação midiática” contra o governo chavista e o vídeo apresentado por Washington é impreciso para justificar qualquer ataque contra os venezuelanos.
“Nós, movimentos populares da Venezuela, agrupados em torno da Alba, fazemos nossa denúncia contra a operação midiática dos EUA para mostrar essa suposta operação militar para abrir precedente para uma suposta ação militar contra a Venezuela. O vídeo mostra uma imagem pouco clara, sem data, sem localização, de uma lancha genérica”, disse o grupo em uma nota lida por militantes em entrevista coletiva em Caracas nesta quinta-feira (4).
A Alba reforçou a tese do governo venezuelano de que o vídeo foi criado por Inteligência Artificial e disse que o objetivo dos EUA é criar um sentimento de angústia e ansiedade da população com base em um conteúdo falso e ameaças militares. Segundo a organização, isso responde aos desejos de latinoamericanos de extrema direita que vivem em Miami.
“Isso tudo gera um sentimento de angústia que não condiz com a realidade. Esse fato é um falso positivo. Isso leva a uma preocupação em toda a região. A ideia desse grupo ‘miamero’ coordenado por Rubio [Marco Rubio, secretário de Estado dos EUA] é atacar a América Latina e acabar com os projetos de libertação. Defendemos a América Latina como uma zona de paz. Máxima consciência e máxima mobilização”, afirma a Alba.
Ao todo, grupos de comunicação de 13 países assinaram da declaração.
O texto lido pela Aliança também lembra do histórico de ataques e ameaças dos EUA contra a Venezuela. Em 2015, o então presidente Barack Obama assinou a Ordem Executiva 13692 declarando o país sul-americano como uma “ameaça inusual para a segurança interna dos Estados Unidos”. Além disso, a Alba destacou as sanções impostas contra a economia venezuelana e a invenção do Cartel de los Soles pela Casa Branca.
Ainda de acordo com a Aliança, as ameaças contra a Venezuela significam uma agressão para toda a região.
“Uma agressão à Venezuela é um precedente que se abre na região e permite a passagem do fascismo em todo o continente. Por isso é importante tomar o poder político. Por isso outros países que têm governos representados pela burguesia apoiam. E Rubio visita esses países para mostrar a subordinação desses governos aos EUA”, disse.
Durante a declaração, a Alba reforçou a necessidade da criação de uma rede de comunicação para se posicionar de maneira enfática contra essas medidas, que envolva grupos de comunicação alternativos. A Aliança anunciou também uma agenda de atividades para denunciar as ameaças estadunidenses, inclusive com mais um turno de alistamento na Milícia Nacional Bolivariana.
Os movimentos populares que participaram do evento também destacaram o preparo militar da Venezuela e a capacidade de resistência não só das Forças Armadas, mas também das forças populares. Destacaram que as comunas são parte importante nesse processo e que serão criadas unidades de combates milicianas nas comunas.
“Estamos alertas com nossa missão. Não vamos entregar. Precisamos dar uma resposta coletiva a essas ameaças”, concluiu a Alba.