O presidente de Cuba, Miguel Díaz-Canel, foi recebido, nesta quinta-feira (4), no Palácio do Povo pelo presidente chinês, Xi Jinping, durante visita oficial que realiza ao país asiático, entre 2 e 6 de setembro.
Durante o encontro, Xi Jinping reafirmou que “a China está disposta a continuar oferecendo assistência e apoio a Cuba na medida de suas possibilidades” e destacou o compromisso de apoiar o país caribenho diante da ingerência e dos bloqueios promovidos pelos Estados Unidos e seus aliados.
Díaz-Canel, por sua vez, afirmou que Cuba está disposta a criar melhores condições para as empresas chinesas que operam na ilha, com o objetivo de fortalecer a cooperação econômica e empresarial bilateral.
O cubano foi convidado para participar das atividades comemorativas do 80º aniversário da vitória da Guerra de Resistência do Povo Chinês contra a Agressão Japonesa e da Segunda Guerra Mundial Antifascista, como a China chama a Segunda Guerra Mundial.
Além disso, a visita coincide com o 65º aniversário do estabelecimento das relações diplomáticas entre China e Cuba, marco que Xi Jinping qualificou como uma oportunidade para “elevar os laços bilaterais a um nível superior e gerar mais benefícios para os dois povos”.
Ao término da reunião entre os mandatários, foi anunciada a assinatura de 11 documentos de cooperação em diferentes áreas estratégicas.
Embora os detalhes dos acordos não tenham sido divulgados, os documentos assinados estão ligados ao desenvolvimento da Rota da Seda, ao estabelecimento de troca de informações políticas, bem como ao aumento da cooperação e dos intercâmbios culturais. Além disso, incluem compromissos em áreas diversas, como agricultura, saúde, desenvolvimento de inteligência artificial e comunicação.
Cuba e a Iniciativa de Governança Global
Segundo informações da imprensa local chinesa, durante a reunião, Xi Jinping abordou a implementação da recentemente anunciada Iniciativa de Governança Global, voltada ao desenvolvimento, à segurança e à governança internacional.
Apresentada há apenas alguns dias, durante a Cúpula da Organização de Cooperação de Xangai (OCX), a Iniciativa de Governança Global surge como uma alternativa ao atual sistema multilateral. Na apresentação, a proposta critica diretamente as instituições internacionais responsáveis pela governança global, apontando três problemas principais.
Primeiro, destaca que o Sul global continua sub-representado nessas instituições, apesar de abrigar a maior parte da população mundial. Em segundo lugar, observa que a autoridade dessas instituições é enfraquecida pelo descumprimento sistemático do direito internacional pelas principais potências. Por fim, ressalta que essas instituições apresentam um déficit em sua capacidade operacional, limitando sua eficácia para enfrentar os desafios globais.

Futuro compartilhado entre China e Cuba
Ao final da reunião entre os dois mandatários e suas comitivas, os países emitiram uma declaração conjunta intitulada “Sobre a aceleração da construção de uma comunidade de futuro compartilhado entre China e Cuba”.
Na declaração, afirma-se que “a amizade entre China e Cuba foi forjada pela geração anterior de líderes de ambos os países, representada por Mao Zedong e Fidel Castro”, ressaltando que, ao longo dos últimos 65 anos, as relações entre os dois países “continuaram crescendo e se aprofundando, tornando-se um modelo de solidariedade e cooperação entre países socialistas e de sincera assistência mútua entre países em desenvolvimento”.
O texto lembra também que, em novembro de 2022, durante a visita de Miguel Díaz-Canel à China, que também é primeiro-secretário do Comitê Central do Partido Comunista de Cuba, os chefes de Estado alcançaram um importante consenso, estabelecendo a primeira comunidade bilateral de futuro compartilhado da China com um país da América Latina e do Caribe.
Além disso, a declaração destaca que “as relações entre China e Cuba encontram-se em seu melhor momento histórico” e reafirma a vontade política de “elevar as relações bilaterais a um nível superior”.
O texto aponta ainda que, por parte de Cuba, valorizam-se “as destacadas contribuições teóricas e práticas do pensamento de Xi Jinping sobre o socialismo com características chinesas da nova era”. E acrescenta que “a China aprecia profundamente e apoia firmemente o povo cubano, sob a liderança do Partido Comunista de Cuba, em seu inabalável compromisso com o caminho socialista e sua contínua busca por um modelo de desenvolvimento adaptado às suas condições nacionais, apesar das dificuldades”.