“Foi tamanha a violência que eles me pegaram também primeiro com escudo, me seguraram pela mochila, me jogaram no chão segurando pelas costas e começaram a me bater. Só pararam de me bater quando eu falei que era assessora parlamentar, mas mesmo assim acertaram em mim tiros de chumbo porque eu fiquei com estilhaços,” relata a estudante de Filosofia na UFPR, Ana Clara, que foi ferida durante o protesto dos estudantes nesta terça-feira, 09, para impedir uma palestra que seria realizada no Salão Nobre da Faculdade de Direito da UFPR.
Nesta terça-feira (09), mesmo dia em que ocorria o julgamento do ex-presidente Jair Bolsonaro no Supremo Tribunal Federal (STF), uma palestra sobre “os abusos do STF” estava marcada para acontecer no Salão Nobre da Faculdade de Direito da Universidade Federal do Paraná (UFPR). O evento foi solicitado por uma professora do curso e teria a participação do vereador de Curitiba Guilherme Kilter (Novo) e do advogado e bolsonarista Jeffrey Chiquini. No entanto, estudantes de diversas organizações de esquerda realizaram um protesto dentro do prédio contra a realização do evento.
Segundo informações da própria direção da Faculdade de Direito da UFPR, o evento já havia sido cancelado algumas horas antes do protesto dos estudantes. Porém, os participantes da palestra vereador de Curitiba Guilherme Kilter (Novo) e do advogado e bolsonarista Jeffrey Chiquini insistiram em entrar no prédio mesmo sendo orientados presencialmente pelo vice-diretor da Faculdade de Direito a não entrarem para evitar conflitos maiores.
A Polícia Militar foi chamada pelo vereador e advogado e acabou atuando dentro do prédio com violência contra os estuantes, deixando entre os feridos a estudante Ana Clara. Ela relata que desde a organização do protesto a orientação foi que o mesmo seria pacífico.
“Estava no ato para me juntar aos estudantes contra a realização de uma palestra antidemocrática com conteúdo golpista, de defesa daqueles que estão querendo se safar dos inúmeros crimes cometidos nos últimos períodos. Desde o início a instrução para quem fosse participar era de ser pacifico. Enfim, nós estávamos lá dentro da nossa universidade. Mas a polícia entrou jogando gás lacrimogênio, isso é gravíssimo,” disse.
Ela conta que em um dado momento saiu de dentro do prédio quando viu que um estudante estava sendo detido pela PM e ao mesmo tempo os vereadores fazendo provocação. “Em um momento já que estava mais disperso, do lado de fora da universidade, enquanto do lado de dentro rolava bomba de gás também, estavam os vereadores ali provocando a galera na praça, intimidando, muitos deles agredindo nossos militantes e em uma hora que eles viram a polícia chegando, provocaram mais e correram para trás da polícia. Foi nesse momento que a polícia foi para cima de um dos nossos estudantes e quando eu saí correndo atrás pois considerei que precisava ser feito algo assim para ele não ser detido,” conta.
“Só pararam de me bater quando eu disse que era assessora parlamentar”
Foi nesse momento que Ana Clara começa a ser atingida pela polícia que a agrediram e só pararam quando ela grita que além de estudante trabalha como assessora parlamentar do deputado federal Tadeu Veneri. Ana Clara também integra o Movimento de Trabalhadoras e Trabalhadores por Direitos. (MTD-PR)
“Eu ainda lá, né, não saí na hora, eu até senti que eu levei os tiros, mas fiquei ara o André não ser detido sozinho. Queria acompanhar eles, foi bem tenso esse momento com a deputado Rotam, PM, e daí tinha gente da Guarda Municipal também. Enfim, foi só depois que eu senti o sangue e tal, mas a polícia continuou defendendo-os e apontando a arma para a gente,” relata Ana Clara.
Em nota, a Faculdade de Direito da UFPR e a Reitoria repudiaram a ação da Polícia Militar reiterando que a entrada dentro do prédio não foi solicitada pela universidade. Confira no link a Nota à imprensa da Polícia Militar do Paraná.