Atualmente na região italiana da Sicília, a flotilha Samoud que leva ajuda humanitária à Faixa de Gaza segue com o objetivo de dar visibilidade ao genocídio palestino. Sob a ameaça de serem a qualquer momento atacados por Israel, os integrantes dos cerca de 50 barcos que rumam ao território palestino relatam escutar todas as noites o som dos drones que monitoram seus movimentos.
“Existem dois tipos de drones, os de observação e os de ataque. Todas as noites escutamos esses drones que nos observam”, disse João Aguiar, um dos coordenadores da delegação brasileira nesta quinta-feira (18) em entrevista coletiva.
“Na Tunísia vimos os de ataque, eu vi uma bola de fogo nos atingir. Há a desconfiança de que Israel pode estar contratando grupos mercenários para nos atacar, mas claro que saber isso ao certo dependeria de uma investigação profunda” diz ele, se referindo ao ataque ocorrido em 9 de setembro, que gerou um pequeno incêndio em um dos barcos, sem causar maiores danos.
Aguiar conta que os tripulantes se preparam para possíveis ataques, com exercícios simulando situações possíveis, mas ressalta que o caráter da flotilha é totalmente pacífico. “Levamos comida, equipamentos, próteses. Tudo dentro da lei.”
A flotilha
A flotilha conta com a presença da ambientalista sueca Greta Thunberg, entre outras personalidades, das quais 13 brasileiros. O objetivo é “abrir um corredor humanitário e pôr fim ao genocídio em curso do povo palestino”, segundo os organizadores.
Apesar do ataque do dia 9, o grupo de ativista declarou ainda que não será intimidado. “Fazemos um apelo à mobilização e não vamos parar. Usaremos esta força para ajudar o povo palestino e sua luta contra o genocídio, para romper o cerco e conseguir uma Palestina livre”, disse à época Bruno Gilga, da delegação brasileira a bordo da flotilha.
A Bélgica pediu uma investigação “completa e transparente” sobre o ocorrido. Os barcos da Flotilha Global Sumud (“sumud” significa “resiliência” em árabe) já fizeram duas tentativas bloqueadas por Israel em junho e julho de levar ajuda humanitária à Gaza.
Em junho deste ano, uma embarcação da Flotilha da Liberdade também se dirigia a Gaza com ajuda humanitária e foi interceptada por forças israelenses. Doze tripulantes foram presos em águas internacionais, entre eles o brasileiro Thiago Ávila, que agora volta a participar da iniciativa.
A missão atual é composta pelos ativistas brasileiros Thiago Ávila, Bruno Gilga Rocha, Lucas Farias Gusmão, João Aguiar, Mohamad El Kadri, Magno Carvalho Costa, Ariadne Telles, Lisiane Proença, Carina Faggiani, Victor Nascimento Peixoto e Giovanna Vial; além da vereadora de Campinas Mariana Conti (Psol) e da presidenta do Psol do Rio Grande do Sul, Gabrielle Tolotti.