A deputada estadual Marina do MST, líder do Partido dos Trabalhadores na Assembleia Legislativa do Rio (Alerj), recebeu na última sexta (19) uma comitiva de lideranças populares e intelectuais da Aliança dos Estados do Sahel (AES), formada pelos países africanos Burkina Faso, Mali e Níger. A região, situada logo abaixo do deserto do Saara, vem passando por mobilizações populares em um processo de revolução contra o imperialismo.
“O MST é um movimento internacionalista que tem a solidariedade como princípio, e encontro veio para fortalecer a luta por emancipação dos trabalhadores e trabalhadoras, especialmente nesse momento de reafirmação da soberania no Brasil. E recebê-los aqui na Alerj reforça essa importância, justamente porque o nosso mandato como movimento social também pauta esses temas aqui na Casa”, explicou a deputada.
A delegação contou com a presença de Amina Hamani, do Níger, líder do Movimento Revolucionário das Mulheres Pan-africanas do Níger (Morfepan); Ibrahima Kebe, do Mali, coordenador da Escola Modibo Keïta; Inoussa Ganbaaga, de Burkina Faso, membro do Comitê Memorial Thomas Sankara (CIMTS) e participante dos Comitês de Defesa da Revolução entre 1983 e 1987; e Kounharè Dabire, também de Burkina Faso, atual Secretário-Geral da Coordenação Nacional das Associações de Vigilância Cidadã (CNAVC).
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Com o intuito de fortalecer os países do Sul Global, Inoussa Ganbaaga afirmou que os Estados do Sahel estão à espera de uma resposta formal de adesão ao Brics e destacou as similaridades entre os países africanos e latinoamericanos. “Temos problemas similares entre a África e a América Latina, incluindo uma migração involuntária da população e uma denominação neo colonial imperialista, vivemos quase em uma mesma realidade, então também devemos ter as mesmas lutas, estamos no mesmo combate”, disse Inoussa Ganbaaga.
As estratégias das mulheres para contribuir com o processo revolucionário no Sahel foi destaque na fala da Amina Hamani.”Por exemplo, desde o primeiro momento, quando tivemos um golpe de Estado, foram as mulheres que se organizaram para sair às ruas. Elas foram as mobilizadoras em diferentes bases militares e estrangeiras”, comentou.
A Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) foi representada no encontro pelo vice-diretor de Ensino da Escola Nacional de Saúde Pública Sérgio Arouca (ENSP), Gideon Borges. Ele abordou com o grupo questões ligadas ao acesso à saúde nos três países.
“A Fiocruz tem nos últimos anos estabelecido um planejamento estratégico exatamente para ampliar a cooperação do eixo Sul. Temos algumas parcerias com alguns países de África, como Moçambique e Angola, e há uma orientação do Governo Federal no sentido de ampliar essas parcerias”, comentou.
Intercâmbio e curso de formação política
A comitiva passou pelo Brasil, na última semana, através de um intercâmbio de experiências promovido pelo Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) no curso de formação em política na Escola Nacional Florestan Fernandes, do movimento. Na cidade, o grupo se reuniu na segunda-feira (15) com parlamentares e lideranças progressistas para discutir a construção de laços de solidariedade internacional em defesa da soberania dos povos do Sahel.
Antes de chegarem à capital fluminense, na sexta (19) à tarde, a comitiva passou pela cidade de Maricá, na região metropolitana do Rio. O grupo conheceu o projeto “Sim, eu posso!”, com foco na erradicação do analfabetismo; o Hospital Municipal Dr. Ernesto Che Guevara; e o Horta em Casa, que incentiva a produção doméstica em parceria com a cooperativa Cooperar. Também esteve no roteiro a Praça Agroecológica de Araçatiba e o Banco Mumbuca.
*Com informações da Prefeitura de Maricá.
