Os protestos realizados em Nova York nesta sexta-feira (26) contra a presença do primeiro-ministro de Israel Benjamin Netanyahu na sede da Organização das Nações Unidas (ONU) contaram com uma participação destacada: a do presidente da Colômbia, Gustavo Petro.
Sobre um pequeno palanque improvisado e acompanhado pelo músico britânico Roger Waters (ex-líder da banda Pink Floyd), o mandatário colombiano discursou em espanhol, com o auxílio de um megafone e a assessoria de um tradutor que repetia suas declarações em inglês.
A manifestação aconteceu em simultâneo ao discurso de Netanyahu na 80ª Assembleia Geral da ONU, evento que, dois dias antes, foi palco de declaração do próprio Petro.
O presidente lembrou que, na ocasião, ele disse que “o tempo da diplomacia acabou, tendo em vista os vetos dos Estados Unidos no Conselho de Segurança, e a história da humanidade nos mostrou há milênios que quando a diplomacia termina devemos passar à fase da luta”.
Exército para libertar a Palestina
“Por isso, fiz a seguinte proposta: apresentaremos uma resolução pedindo à ONU pela criação de um Exército de Salvação Mundial, cuja primeira tarefa é libertar a Palestina e acabar com o genocídio”, acrescentou.
Segundo Petro, “se dois terços das nações votarem a favor desta resolução, a organização entrará em um processo de união pela paz na Palestina”.
“As nações que votarem, se a resolução for aprovada, terão a responsabilidade de formar, com seus próprios exércitos, esta grande unidade, a primeira do mundo, um exército que faça cumprir as ordens da Justiça Internacional”, explicou o presidente colombiano.
Petro também ressaltou que “todos os consulados e embaixadas da Colômbia, em todos os países do mundo, foram instruídos a de buscar o voto pelo sim à libertação da Palestina, o voto para (conformar) a força de United for Peace (‘União pela Paz’) para a Palestina”.
Voluntários e presidente no campo de batalha
Em seguida, o mandatário prometeu que “assim que eu regressar à Colômbia vou abrir uma inscrição para voluntários e voluntárias com experiência militar (para defender a Palestina)”.
“A experiência militar colombiana não é qualquer coisa. Nós lutamos durante séculos nas montanhas, contra os espanhóis, contra os invasores, até entre nós mesmos, lutamos para mudar o mundo, e às vezes para não deixar que o mundo mude, mas essa experiência colombiana deve se colocar a serviço do povo da Palestina, porque isso é se colocar a serviço do povo da Humanidade”, completou Petro.
No mesmo discurso, o presidente colombiano foi além, e disse que ele mesmo estaria disposto a pegar em armas novamente e ir a Gaza lutar pelos palestinos.
Vale lembrar que Petro já foi um guerrilheiro, durante os tempos da guerra civil no seu país, formando parte do grupo Movimento 19 de Abril (M19), entre os Anos 70 e 80.
Ao cogitar sua possível ida a Gaza para lutar pela Palestina, Petro evocou o ex-guerrilheiro argentino-cubano Ernesto Che Guevara, um dos líderes da Revolução Cubana, e o libertador venezuelano Simón Bolívar, que lutou nas guerras que levaram não só à independência do seu país como também da Colômbia, Equador, Peru e Bolívia.
“Se o presidente da República da Colômbia, como fez Bolívar no passado, como fez Ernesto Guevara, o argentino, se tenho que ir novamente ao campo de batalha, em um país distante, mas em defesa da humanidade, estou disposto a ir. Se me matam com um míssil ou algo acontece comigo, não importa, a ordem da Presidência da Colômbia continuará sendo a de se levantar e configurar o Exército da Salvação do Mundo, que será o exército da liberdade e da democracia”, concluiu o mandatário.