O presidente da Colômbia, Gustavo Petro, desembarcou em Bogotá neste sábado (27) após o anúncio de que terá o visto estadunidense revogado. A medida foi anunciada pelo Departamento de Estado dos EUA, que acusou o mandatário de “atos imprudentes e incendiários” durante uma manifestação pró-Palestina em Nova Iorque, realizada à margem da Assembleia Geral da Organização das Nações Unidas (ONU).
Em suas redes, Petro confirmou a decisão. “Cheguei a Bogotá e descobri que não tenho mais visto para os EUA. O fato de a Autoridade Palestina não ter sido autorizada a entrar e meu visto ter sido revogado por pedir aos exércitos americano e israelense que não apoiassem o genocídio demonstra que o governo americano não cumpre mais o direito internacional”, escreveu.
Petro é um dos principais críticos da ofensiva israelense em Gaza. Ele costuma se referir ao primeiro-ministro israelense Benjamin Netanyahu como “genocida” e denuncia a cumplicidade dos Estados Unidos no massacre contra civis palestinos.
Durante o ato em Nova Iorque, o presidente colombiano usou um megafone para conclamar soldados a desobedecerem ordens do presidente Donald Trump. “Peço a todos os soldados do Exército dos Estados Unidos que não apontem seus fuzis para a humanidade. Desobedeçam à ordem de Trump! Obedeçam à ordem da humanidade!”, disse.
Diante da medida adotada pelo governo Trump, o mandatário colombiano defendeu que a sede das Nações Unidas não permaneça em Nova Iorque.
“O que o governo dos EUA faz comigo rompe todas as normas de imunidade em que se baseia o funcionamento das Nações Unidas e sua Assembleia Geral”, pontuou.
O presidente também fez uma referência irônica ao chefe da Casa Branca. “Não verei o Pato Donald novamente, por enquanto, isso é tudo”.
O ministro do Interior colombiano, Armando Benedetti, reagiu à decisão e defendeu o mandatário. “O visto que deveria ser revogado é o de Netanyahu, mas como o império o protege, retalia contra o único presidente capaz de lhe dizer a verdade na cara”, afirmou.
Em 2024, a Colômbia rompeu relações diplomáticas com Israel após a ofensiva na Faixa de Gaza, desencadeada em resposta aos ataques do Hamas de 7 de outubro de 2023, que deixaram mais de 1,2 mil mortos em Israel.
O massacre israelense já matou mais de 65,5 mil pessoas em Gaza, a maioria civis, segundo dados do Ministério da Saúde local, reconhecidos pela ONU como confiáveis.