Estefan e Tamires fazem uma incursão por Paris, Catalunha e Lisboa. A Covid-19 ainda é uma estranha notícia se aproximando e o olhar dos dois para trás é de um Brasil em crise e decomposição. As imagens nos atravessam e convocam mundos interiores, como formigas num globo que arde em febre. Ainda cabe o tempo da metáfora, da lírica.
Esse é o mote do romance “A engenheira da memória”, escrito pelo jornalista paranaense Pedro Carrano. O pré lançamento do livro acontece nesta quarta-feira (20), às 20h, em uma live que será transmitida na página de Facebook da Caravana Editorial.
O autor conta que a concepção inicial do livro veio de um diário de viagem escrito em 2020. “Fiz uma viagem rápida pela Europa em janeiro de 2020. O ponto de partida foi o olhar para o Brasil a partir desta viagem. Este Brasil muito presente na preocupação das pessoas. Então, veio essa história de personagens na Europa olhando e falando a respeito de um Brasil em degradação”, conta Pedro Carrano.
O romance também costura mais dois enredos. “O primeiro, inspirado em um poeta que realmente deixou uma obra em Curitiba, o Pierre Dubois, que foi um combatente contra o nazifascismo; e o outro enredo é do personagem principal, Estefan, que, ao descobrir que uma antiga madrasta vivia em Portugal, coloca-se diante de suas memórias de infância”, conclui.
É, portanto, um livro de muitas viagens. A princípio, de turismo. Mas na fruição de Estefan e Tamires vão surgindo outras viagens. Estefan se encontra com o passado de histórias escondidas, como a de Pierre Dubois, um aventureiro francês que fez parte da grande saga que foi a vitória dos Aliados na 2ª Guerra Mundial. Mas também é a viagem das infâncias, como nos vínculos de Leocádia, uma madrasta que se torna mãe “simbólica”, expressão de uma brasilidade de luta. A pergunta que o livro se faz é: "Estefan poderá, afinal, resgatar algum Brasil heróico, a partir dessa busca por Leocádias e Pierres?"
Pedro Carrano é escritor de várias obras e também é colunista e repórter do Brasil de Fato Paraná / Arquivo Pessoal
Sobre o autor
Pedro Carrano nasceu em São Paulo (SP), em 1980, e vive em Curitiba desde os 10 anos. É autor de uma obra com um pé na preocupação social e outro na experimentação e criação de universos ficcionais.
Iniciou com a publicação de Bomba-relógio, um livro de sessenta sonetos conectados, do 60 ao 0. Seguiu com Sanga, texto poético dialogando com a linguagem de anotações de viagem. Logo enveredou por relatos jornalísticos de suas passagens pela América Latina, produzindo dos poucos testemunhos da revolta de 2006 no sul mexicano: História da Comuna de Oaxaca.
Em 2020, publicou “Meninos sem Matilha”, uma seleção de 20 anos de trabalho no gênero. O romance Ossos Abertos vem logo depois, sendo sua sétima publicação, seguida de Engenheira da Memória. Carrano também é repórter e colunista do Brasil de Fato Paraná.