A Associação de Integração Social (Ainteso), organização que reúne haitianos que vivem em Porto Alegre, está organizando, desde o final de 2020, voos fretados entre Porto Príncipe e a capital gaúcha, para facilitar o reencontro de familiares dos haitianos que já estão vivendo no Brasil há vários anos.
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Um novo voo fretado chegou a Porto Alegre na manhã desta segunda-feira (26) trazendo 183 pessoas do Haiti, a maior parte crianças e adolescentes, pertencentes a 136 famílias diferentes.
Uma parte deles ficará em Porto Alegre e em outras cidades do Rio Grande do Sul. O restante acompanhará seus familiares para outros Estados nos quais eles já estão vivendo.
Hoje, segundo dados oficiais, há 17.682 haitianos vivendo no RS, a maior parte deles (3.699) em Porto Alegre. A segunda maior concentração de haitianos está em Caxias do Sul (2.476) e a terceira em Bento Gonçalves (2.361).
Os voos fretados são resultado de um acordo feito pela Ainteso com a Companhia Aérea Azul com o objetivo de facilitar os fluxos migratórios entre os dois países, visto que os voos comerciais têm sido frequentemente cancelados, especialmente desde o início da pandemia do novo coronavírus.
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A Associação conseguiu firmar um preço especial com a empresa aérea e os voos são pagos exclusivamente pelos passageiros haitianos, sem contar com subsídios de governos, organizações não-governamentais ou empresas.
A Ainteso acompanha crianças e adolescentes durante a viagem, garantindo assim a reunião de famílias que não teriam dinheiro para pagar acompanhantes para os filhos menores de idade fazerem a viagem. A iniciativa da Associação está propiciando o reencontro de familiares que estavam separados há meses ou mesmo anos.
Representantes da Associação da Integração Social com a tripulação do voo / Foto: Associação da Integração Social/Divulgação
Desde o início da pandemia, cresceram as dificuldades e obstáculos no fluxo migratório entre Haiti e Brasil, assinala a assistente social Bibiana Waquil, apoiadora da Associação de Integração Social. "Conseguir um visto na embaixada brasileira no Haiti tornou-se bem mais difícil", aponta.
Diante dessas dificuldades, a Associação de Integração Social ingressou com uma ação na 6ª Vara Federal de Porto Alegre e obteve uma liminar para garantir a vinda de haitianos para o Brasil, mesmo sem visto, propiciando assim a reunião de famílias que estavam separadas.
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“Há famílias que já estão há oito anos no Brasil trabalhando duro para poder trazer seus parentes para cá”, diz Bibiana Waquil.
Todas as pessoas que chegaram nesta segunda a Porto Alegre, assinala ainda a assistente social, realizaram testes PCR (para a detecção de covid-19) em Porto Príncipe e preencheram um cadastro junto à Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa).
Em nível municipal, uma articulação da Ainteso com a Prefeitura garantirá a entrega de um kit com máscaras e álcool gel para os haitianos e haitianas recém-chegados, bem como um material informativo, escrito na língua creole, sobre cuidados preventivos a serem tomados contra a covid-19.