Na última sexta-feira (8) o Brasil de Fato publicou matéria intitulada Mãe falseia razão da morte do filho, culpa vacina e vira líder entre bolsonaristas. Embora sigamos confiantes da relevância jornalística do assunto, em particular para tentar entender as motivações e o funcionamento do movimento antivacina, o veículo errou em uma série de aspectos.
O primeiro erro foi o uso do verbo falsear, que significa deturpar ou falsificar, que implicaria uso deliberado da mentira. O título sugere que a mãe sabia que a causa da morte não seria relacionada com a vacina e, mesmo assim, ela teria preferido apostar na mentira, por ganhos políticos. Mas não há indícios de que a mãe tenha agido assim.
O título foi ajustado cerca de 24h depois de publicado, ganhando uma formulação mais precisa: Mãe culpa vacina por morte do filho e ganha status de “líder” entre bolsonaristas.
No entanto, os problemas não cessaram e a matéria ainda permaneceu inconclusiva sobre a razão da morte do rapaz, em um desfecho que pouco contribui para elucidar o leitor. Afinal, ele morreu de uma reação adversa à vacina ou não? Era legítimo o questionamento da mãe em relação ao atestado de óbito emitido?
Para não deixar essas dúvidas pairarem sobre o tema, a matéria foi ajustada novamente nessa segunda (11). Foram retiradas as imagens dos envolvidos, por não serem fundamentais para compreensão da matéria e exporem uma família em luto.
Tratar de tragédias familiares merece um cuidado a mais que não foi aplicado nesse caso. O Brasil de Fato reitera seu compromisso com o jornalismo de qualidade, investigativo e transparente, sempre ao lado dos direitos humanos.
