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Memória

Artigo | A poeira vermelha anuncia a demolição da Cerâmica Nacional

Em São Sebastião derrubam uma das primeiras cerâmicas do DF, de onde saíram os tijolos que levantaram Brasília

23.mar.2022 às 00h28
Brasília (DF)
Hellen Frida

"O que um dia construiu os tijolos que depois construiu Brasília hoje é uma pilha de tijolos quebrados, tratorados" - Foto: Edvair Ribeiro

O trator passou por cima da Cerâmica. Subiu uma poeira vermelha que foi se acumulando sobre nossos corpos, tomando nossos olhos, entristecendo. Era 12 de março de 2022, em São Sebastião, cidade periférica do Distrito Federal, que abriga cerca de 150 mil pessoas, oriundas de vários estados do País. Foi demolida a Cerâmica Nacional.

A comunidade não sabia o que estava acontecendo, coisa do Governo do Distrito Federal (GDF) em ano eleitoral. E, como acontece em muitas outras cidades brasileiras, vem aí um novo projeto habitacional. Aqui, será o Alto Mangueiral. A cidade até pensa: pelo menos vamos ter um hospital. Sim, São Sebastião não tem hospital. A população, carente deste direito básico, tem de recorrer ao Paranoá, cidade vizinha, se quiser se curar de uma doença ou prorrogar a morte.

O que um dia construiu os tijolos que depois construiu Brasília hoje é uma pilha de tijolos quebrados, tratorados. Entre os valores éticos e os ideais, têm a história e as estórias.

Os podres poderes disputam a narrativa da história em si e nos roubam os símbolos da memória. Essa disputa de narrativas se dá no campo material e também no campo do imaginário social e do simbólico, e influencia, diretamente, na construção das identidades e territórios.

Temos resistido, mas muito temos perdido. Perdemos muitas pessoas para a Covid-19, uma das metas da necropolítica dos governos federal e distrital, que já levou embora quase 660 mil pessoas. Perdemos muitos símbolos culturais por falta de política econômica para o setor, perdemos a Cerâmica Nacional, aqui em São Sebastião, um grande símbolo da cidade, que deveria ser símbolo vivo da construção da capital do País.

A atuação da sociedade civil organizada, do movimento cultural como um todo e, sobretudo, das redes de solidariedade periférica, teve um papel primordial para que não sucumbíssemos por completo, diante da política de morte do presidente da República, Jair Bolsonaro (PL), e do governador do DF, Ibaneis Rocha (MDB).

A cada dia está mais difícil garantirmos nossos espaços, nossos territórios de pé. Como trabalho de formiguinha, temos lutado para nos mantermos vivos, sentindo na pele o corporativismo global, a fome e o desamparo e transformando a dor em ação, agindo, localmente, em micropolíticas, que ainda precisamos registrar.

O momento político quer nos impor uma ascensão do capitalismo cultural tangenciada por uma onda fundamentalista que sufoca até a morte toda e qualquer outra forma de se ler a cultura. Quando terreiros das religiões de matriz africana são queimados, aqui no DF, de forma criminosa a mensagem dada é: vamos anular os símbolos de seu povo a ponto de apagar essa cultura da memória coletiva.

Em São Sebastião derrubam uma das primeiras cerâmicas do DF, território histórico do qual saíram os tijolos que levantaram Brasília. A mesma coisa os executores dos podres poderes fizeram em outras cidades históricas do DF. Planaltina, por exemplo, teve um casarão centenário derrubado. Brazlândia viu serem arrancadas da calçada da Lagoa Veredinha as pedras portuguesas que ornamentam a área histórica.

O Guará resiste à privatização do CAVE, Complexo Esportivo e de Lazer da cidade, e à grilagem da especulação imobiliária no Parque Ecológico Ezechias Heringer, que a cada dia fica menor. Em Ceilândia, o GDF quer acabar com o Jovem de Expressão, espaço de produção de cultura e artes, que transforma realidades na cidade.

 :: O vai-não-vai da privatização do CAVE ::

Mas a cultura e a arte resistem. O movimento de cultura e os movimentos de periferias têm percebido que a escrita de si, a fala de si, a produção de narrativas biográficas e autobiográficas de indivíduos, coletivos e movimentos, são fundamentais para o registro da memória afetiva e para a construção da história viva de nossas comunidades. Essa ideia de uma narrativa oficializada que não nos inclui começa a cair por terra quando nos articulamos em coletivas, em redes.

Há de termos muitos braços na luta para não retroceder as políticas assertivas que conquistamos, para não perdermos por completo o diálogo entre sociedade civil, gestão e Estado. Queremos resgatar a democracia e o papel do Estado de preservar a vida. Há de termos muitos outros braços para conquistarmos mais espaços para valorizar o que há de mais encantador no DF: a diversidade de nossa gente e o suor de cada trabalhador e trabalhadora que fizeram e fazem com suas mãos a arte da vida.

Nas fotos que ilustram este texto, deixo o registro de Edvair Ribeiro, nosso mestre, que tem resgatado as Memórias Oleiras. E nessa escrita me expresso para registrar o episódio do governo Ibaneis de depredação de nosso patrimônio cultural.

*Hellen Frida, artivista e moradora de São Sebastião. Cocriadora da Coletiva SOMOS, ela é feminista periférica, jovem, mãe da Ana Frida (5 anos), doula, compõe o Conselho de Saúde do DF e trabalha como Assessora de Gênero na Câmara Federal.

**Este é um artigo de opinião. A visão da autora não necessariamente expressa a linha editorial do jornal Brasil de Fato DF.

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Editado por: Flavia Quirino
Tags: gdfsão sebastião
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