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resenha de livro

Traições, transformações: pensar e fazer Teatro do Oprimido hoje

Prática do Teatro do Oprimido (TO) é um sistema de formas teatrais criado por Augusto Boal nos anos de 1970

28.mar.2023 às 10h11
São Paulo (SP)
Mariana Mayor

Augusto Boal foi um homem do fazer coletivo, um homem de movimentos, de grupos, de partido. - Reprodução/ Instituto Augusto Boal

Como uma prática teatral emancipatória, idealizada em momento de luta política radicalizada à esquerda na América Latina, pôde assumir usos conservadores no mundo contemporâneo? Essa é uma das perguntas feitas por Julian Boal em seu livro Sobre antigas formas em novos tempos: o Teatro do Oprimido hoje entre “ensaio da revolução e técnica interativa de domesticação das vítimas”, lançado pela editora Hucitec, em 2022. Construído a partir da tese de doutorado de Julian, o livro apresenta um estudo aprofundado sobre a prática do Teatro do Oprimido (TO), sistema de formas teatrais criado por Augusto Boal nos anos de 1970,  considerando sua historicidade, seus impasses e suas possibilidades.

Julian é filho de Augusto Boal, praticante e militante do Teatro do Oprimido, além de curador e coordenador de diversos encontros de TO pelo mundo, o que faz com que seu olhar crítico tanto para a história do TO quanto para a sua prática seja privilegiado:  se “utilizar Brecht sem criticá-lo é traí-lo”, segundo o dramaturgo alemão Heiner Müller citado por Julian logo na introdução do livro, pensar sobre o TO sem analisar suas contradições seria igualmente uma traição.

:: Material inédito do acervo do teatrólogo Augusto Boal é apresentado em SP ::

A primeira parte do livro é dedicada a uma investigação minuciosa sobre os pressupostos históricos do TO, envolvendo tanto a trajetória de Boal no Teatro de Arena, o contexto social e político do Brasil e da América Latina, como os conceitos e referências mobilizadas pelo sistema. Para Julian, a genialidade de Boal foi incorporar debates, soluções e impasses da cultura política dos anos de 1960 e transformá-las numa das práticas teatrais mais importantes da história do teatro no Brasil e no mundo.

O autor defende a hipótese de que a criação do TO partiu das reivindicações emancipatórias da esquerda, transpondo para a técnica teatral os debates sobre a divisão social do trabalho, o fim da separação entre arte e vida, a autoemancipação e autoorganização dos oprimidos e a aposta na individualidade heróica como forma de ação política.

:: Centro do Teatro do Oprimido: transformando a realidade através do teatro ::

É nesse último ponto que entra a discussão sobre a luta armada, já que o imaginário sobre a Revolução Cubana estava vivo e atuante, intensificado pelas lutas de liberação nacional e anticolonial nos países africanos. Boal era crítico à atuação do Partido Comunista Brasileiro, em especial à possibilidade de aliança entre classes e ao papel do intelectual como “guia das massas” e se filiou à ALN (Aliança Libertadora Nacional), organização liderada por Carlos Mariguella,  apostando na guerrilha e no protagonismo heroico individual como estratégia de luta política nos anos de ditadura militar no Brasil e na América Latina.

Nesse contexto, a criação do TO seria uma síntese em forma de sistema teatral das estratégias políticas da esquerda revolucionária brasileira pós-1968, confiando na virtude heróica individual como forma de transformação da realidade. É o que vemos objetivamente na prática do Teatro Fórum, onde através de intervenções individuais mediadas pela figura do “curinga” pode haver a problematização/ resolução de conflitos de ordem coletiva expostos em cena, desencadeando uma reflexão conjunta para a tomada de ações concretas na realidade. Se o mundo é passível de transformação pela ação dos homens e mulheres, o TO, nas palavras de Boal,  é um “ensaio da revolução”, ou seja, a prática teatral não é um fim em si mesmo, mas parte de um processo de organização coletiva para a emancipação da sociedade.


Um dos maiores dramaturgos brasileiros, Boal usava a arte como ferramenta para transformação social / Foto: Thehero/Wikicommons

Entretanto, o cenário político atual é completamente distinto dos anos de 1960/1970. Politicamente, a luta armada foi derrotada e a “virtude heróica individual” está agora vinculada à ideia de empreendedorismo e à figura do “self made man” do capitalismo financeiro. Como Julian aponta ao citar Gilda de Mello e Souza e a “incontrolável autonomia das formas”: independente da vontade inicial de seu produtor, as formas artísticas produzidas para um determinado fim podem produzir o seu contrário, ainda mais se pensarmos em diferentes conjunturas. Nesse sentido, não basta praticar TO munido de “boas intenções”, o próprio sistema contém em si pressupostos de valorização da ação individual que tem sido apropriados pelos mais diversos meios, desde workshops em empresas, ONG’s assistencialistas a grupos revolucionários. Por isso a insistência na pergunta sobre o potencial emancipador do TO nos dias atuais.

:: Em universidade de Pernambuco, estudantes usam teatro para explicar agroecologia ::

Longe de articular a reflexão crítica para uma paralisia, Julian traz possibilidades de enfrentamento a partir de experiências concretas ligadas a conjunturas específicas, articulando diretamente as relações entre prática teatral e organizações sociais, como o Jana Sanskriti,  na Índia; o Óprima, em Portugal, e a Escola de Teatro Popular, no Brasil. O livro termina com uma ótima provocação sobre o papel da arte na luta política anticapitalista. Se os impasses para a prática contemporânea de TO são muitos, maiores são as possibilidades de imaginar intervenções coletivas emancipatórias a partir do teatro e do pensamento de Augusto Boal.

*Mariana Mayor é professora de História do Teatro Brasileiro do Instituto de Artes/ UNESP.

**Resenha de 'Sobre antigas formas em novos tempos: o teatro do Oprimido hoje entre ensaio da revolução e técnica interativa de domesticação das vítimas', de Julian Boal.

***As opiniões expressas nesse texto não representam necessariamente a posição do jornal Brasil de Fato.

Editado por: Vivian Virissimo
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