No primeiro ano de gestão do presidente Bolsonaro, em 2019, as universidades federais tiveram que se adaptar após cortes de 30% em suas verbas voltadas principalmente para infraestrutura e serviços. Cortes também aconteceram na pesquisa, com a redução de mais de 6 mil bolsas da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes). Para piorar, o orçamento aprovado para 2020 cai de R$ 122,9 bilhões para 103,1 bilhões, corte de 19,8 bilhões em relação ao ano passado, que já foi de dificuldades. Além disso, o Ministério da Educação (MEC), vem adotando medidas que afetam diretamente a qualidade de ensino.
Como o oficio enviado a universidades e institutos federais determinando cortes orçamentários, tais como a interrupção de progressões de carreira de professores e a proibição de contratação de professores substitutos (leia matéria à pág. 5) . O Brasil de Fato Paraná conversou com estudantes que, de forma unânime, demonstraram preocupação com as medidas e o impacto negativo delas em sua formação.
O estudante de Agronomia e presidente do Centro Acadêmico do curso na Universidade Federal do Paraná (UFPR), Nataniel Osmar Risse, destaca que os estudantes vêm sendo muito prejudicados desde o ano passado. “A carga horária dos docentes já é alta. Alguns pedem licença para estudos ou outros motivos, então é preciso contratar substituto. Não podendo contratar, ficaremos sem aulas.” Patrick lembra que em 2019 os cortes afetaram as aulas de campo, centro da formação em Agronomia. “Precisamos de aulas de campo e viagens. Os alunos precisaram pagar do próprio bolso porque não tinha mais recurso para isso.”
O corte de 30% no orçamento das instituições federais de ensino anunciado pelo Ministério da Educação representou um bloqueio de R$ 48 milhões nas verbas da UFPR. Com a redução dos recursos, a universidade anunciou, em maio de 2019, o fechamento dos restaurantes universitários (RUs) em julho, a suspensão da aquisição de equipamentos, a redução de aula em laboratório e em campo, a interrupção das linhas intercampi e interpraias no mês de julho; entre outras medidas.
Para a estudante de Comunicação Organizacional Mariana de Mello Borges e presidente do Centro Acadêmico do curso na UTFPR, o sentimento é de receio. “Toda decisão por menor que seja terá sempre consequência na nossa formação. É muito triste ver a comunidade acadêmica, como um todo, ser prejudicada com decisões de que sequer participamos.” Mariana lembra que no ano passado a universidade teve que se adequar aos cortes determinados pelo MEC. “Foi feito o possível e o impossível para que tudo funcionasse normalmente. Porém, foi notável a diminuição de investimentos em serviços.” A UTFPR teve um contingenciamento de 36,25% nos recursos de custeio.
“O corte de verbas no ano passado afetou, por exemplo, o restaurante universitário (RU). Devido ao corte, houve aumento no preço e gerou muita revolta entre os alunos porque muitos precisam almoçar e jantar e nem sempre têm dinheiro para comer em outros lugares. O aumento foi em cima da hora, impossibilitando nosso planejamento,” contou Patrick de Souza Costa, estudante de Engenharia Mecatrônica da UTFPR e presidente do Centro Acadêmico do curso. O futuro engenheiro diz que a notícia da não contratação de novos professores causa preocupação. “Nosso curso tem muitos professores antigos e sempre é necessário renovação. Isso afetará diretamente nossa formação.”