O presidente da China, Xi Jinping, chegou à Malásia nesta terça-feira (15), outra etapa de sua viagem por vários países do sudeste asiático, que acontece em meio à guerra comercial entre Pequim e Washington. Com o giro, Xi busca promover a China como alternativa confiável aos Estados Unidos em meio à guerra comercial lançada por Trump. O líder chinês foi recebido pelo primeiro-ministro malaio, Anwar Ibrahim, no aeroporto de Kuala Lumpur.
“A China trabalhará com a Malásia (…) para combater as correntes subjacentes do confronto geopolítico (…), assim como as contracorrentes do unilateralismo e do protecionismo”, escreveu Xi em um artigo publicado no jornal malaio The Star, nesta terça-feira.
O presidente chinês deve comparecer a um banquete de Estado na quarta-feira (16) antes de se reunir com Anwar na capital administrativa, Putrajaya. Está prevista a assinatura de vários acordos bilaterais, segundo o Ministério das Relações Exteriores da Malásia.
Depois da Malásia, onde ficará até quinta-feira, Xi terminará sua viagem no Camboja, um parceiro leal de Pequim no sudeste asiático. As autoridades comunistas chinesas afirmaram que Xi considera a viagem pelo sudeste asiático de “grande importância”, que pode ajudar a contrabalançar os efeitos da ofensiva comercial de Trump.
Xi chegou do Vietnã, outra potência manufatureira asiática. China e Vietnã estão entre os países mais afetados pelas tarifas “recíprocas” anunciadas por Donald Trump, supostamente destinadas a devolver a produção industrial aos Estados Unidos. Trump anunciou novas taxas alfandegárias de 145% para a China, que respondeu com tarifas de 125%. Para o Vietnã, decretou tarifas de 46%, atualmente suspensas, como as de muitos outros países.
Lyu Daliang, porta-voz da administração alfandegária chinesa, minimizou os impactos das tarifas para a economia de seu país, ao destacar que a China diversificou seu comércio em relação aos Estados Unidos nos últimos anos. “Esses esforços não apenas apoiaram o desenvolvimento de nossos parceiros, mas também aumentaram nossa própria resiliência”, declarou à agência chinesa Xinhua na segunda-feira (14). “O céu não vai cair para as exportações chinesas.”
Lyu destacou ainda o “vasto mercado interno” da China e disse que “o país transformará a segurança interna em um amortecedor contra a volatilidade global”.
Contra a ‘intimidação’ dos EUA
No Vietnã, Xi pediu na segunda-feira (14) que os dois países façam “oposição conjunta à intimidação e mantenham a estabilidade do sistema mundial de livre comércio e das cadeias industriais e de abastecimento”. Além disso, assinou 45 acordos de cooperação com o Vietnã.
Hanói segue uma estratégia que chama de “diplomacia do bambu”, de se “curvar com o vento”sem se quebrar, para manter boas relações tanto com a China como com os Estados Unidos, o principal destino de suas exportações. Na capital vietnamita, Xi denunciou na segunda-feira que o protecionismo “não leva a lugar nenhum”. Também disse que “nenhum vencedor” surgirá de um conflito comercial assim, segundo a agência estatal de notícias Xinhua.
“Não culpo a China. Não culpo o Vietnã. Não culpo. Vejo que estão se reunindo hoje e isso é maravilhoso”, disse Trump, ao comentar sua política tarifária com jornalistas na Casa Branca.
“É uma reunião adorável… para descobrir como podemos prejudicar os Estados Unidos da América”, acrescentou o republicano.
*Com AFP