Em coletiva na manhã desta terça-feira (22), o governo de São Paulo anunciou que, até o próximo domingo (27), 80 famílias devem ser removidas da favela do Moinho. A operação comandada pela Companhia de Desenvolvimento Habitacional e Urbano do Estado de São Paulo (CDHU) é contestada por parte dos moradores da comunidade e tem amparo da Polícia Militar (PM), que tem atuado ostensivamente no terreno.
Durante a coletiva, o secretário de Desenvolvimento Urbano e Habitação do governo Tarcísio de Freitas (Republicanos), Marcelo Branco, confirmou que 718 das 845 famílias que vivem na área teriam aderido ao projeto apresentado pela CDHU. De acordo com o órgão, 11 famílias foram removidas nesta terça-feira. Moradores do Moinho afirmam que apenas quatro saíram da comunidade.
O vice-governador Felicio Ramuth (PSD) também esteve na coletiva de imprensa e defendeu o uso da Polícia Militar na operação. “Nós tínhamos uma sinalização de que haveria uma manifestação. Na última manifestação, as pessoas colocaram fogo embaixo do viaduto, colocando a vida das pessoas que vivem lá sob risco. A opção do comando da polícia foi chegar lá mais cedo para darmos a oportunidade das pessoas que querem sair, que possam sair.”
Mais cedo, os moradores negociaram com a CDHU e só aceitaram a entrada do órgão na comunidade após os policiais militares se afastarem da entrada do Moinho. A partir desse afastamento, as famílias começaram a sair com caminhões de mudança.
Presença ostensiva
Apesar da justificativa do vice-governador, a Polícia Militar não foi utilizada apenas nesta terça-feira. A corporação esteve no Moinho durante todos os dias da última semana e, na última sexta-feira (18), chegou a invadir a favela, disparando bombas de gás lacrimogêneo contra os moradores.
Perguntados sobre o uso ostensivo dos policiais, Ramuth e Branco não responderam. A dupla, no entanto, atacou o governo federal e criticou a União, que é dona do terreno onde está a favela do Moinho.
Na última semana a Secretaria de Patrimônio da União (SPU) defendeu um aumento no valor do auxílio aluguel de R$ 800 que o governo paulista entregará aos moradores do Moinho que abandonarem suas residências. Hoje, Branco respondeu.
“Quando há briga entre entes da Federação, quem perde é a sociedade, é a população. E o que a gente quer é o contrário. Se a SPU quiser contribuir, complementando valores, aumentando o valor do aluguel social, já que a prefeitura está entrando com uma parte, o estado está entrando com uma parte, se o governo federal quiser complementar, será muito bem-vindo”, explicou o secretário.