Não há demonstração de afeto maior do que receber um abraço acolhedor. Pode vir de um conhecido ou até mesmo de um desconhecido — o que importa é que, quando ele acontece, fruto da escolha de duas pessoas por trocar afeto, algo mágico e inexplicável acontece. Sentimo-nos felizes, ressignificados, fortalecidos para seguir nas batalhas do dia a dia — e sabemos bem: elas têm sido muitas.
A ciência comprova o que o coração já sabe. Um abraço pode trazer inúmeros benefícios à saúde: reduz o estresse, fortalece o sistema imunológico, diminui a ansiedade e até alivia dores físicas. Experimente. Você vai dar razão à ciência!
Mas… e quando esse abraço é esperado há tempos? Quando ele é desejado por um coletivo inteiro de pessoas? Ah, aí ele se torna ainda mais especial.
Por isso, esta coluna é dedicada ao abraço que o presidente Lula deu no movimento da Economia Solidária, durante a última reunião do Conselho Nacional de Economia Solidária, realizada em Brasília no dia 1º de abril. Nesse dia, a data foi ressignificada com um gesto verdadeiro, coletivo e fraterno.

O presidente surpreendeu a todas e todos ao chegar no evento. Em vez de seguir direto para a mesa principal, fez questão de passar por toda a mesa das conselheiras e conselheiros, cumprimentando e abraçando cada um com genuinidade.
Para o movimento, foi um dia histórico, de esperanças renovadas para aquelas e aqueles que nunca deixaram de lutar diariamente por tudo o que a Economia Solidária representa: qualidade de vida construída coletivamente.
Mesmo diante do desmonte sofrido pela Secretaria Nacional de Economia Solidária do Ministério de Trabalho e Emprego (Senaes/MTE) durante o governo Bolsonaro, muitas pessoas seguiram firmes, acreditando que a solidariedade é caminho e que resistir também é um ato de construir.

Esse abraço coletivo não veio apenas de forma física — ele também esteve presente nas palavras, na escuta ativa, no olhar afetuoso e no sorriso institucional dirigido à sociedade civil que segue clamando por políticas públicas, por investimentos em suas redes, bancos e empreendimentos. Clama, sobretudo, pela regulamentação e fortalecimento da Lei 15.068/2024, conhecida como Lei Paul Singer de Economia Solidária, sancionada por Lula em dezembro de 2024.

Como já dito, esse abraço era esperado há tempos. E por isso, ele não tem preço. Mais que um gesto de carinho, esse dia foi um chamado à renovação das forças e à continuidade da caminhada, de braços dados com as ações em curso e com quem vem pra somar.
Gilberto Carvalho — carinhosamente chamado de “novo Paul Singer” durante o encontro — foi peça fundamental para que esse abraço acontecesse. Tem se dedicado, dia e noite, à valorização da Economia Solidária e ao fortalecimento do olhar da sociedade para a solidariedade como algo intrínseco ao ser humano, assim como Paul Singer sempre acreditou. Seu trabalho honra a história e revela o potencial do movimento na nova configuração do mundo do trabalho.
Nas palavras do próprio Paul Singer: “nosso grande desafio é nos equilibrarmos entre o instinto de sobrevivência e o instinto de solidariedade”.
Apostar na solidariedade como algo instintivo em nós é fundamental para continuarmos lutando por um mundo mais justo, mais igualitário, onde todos tenham lugares coletivos ao sol — e não apenas um lugar individual.
Abracemos essa luta!
*Adriana Dantas é Educadora Popular e militante das causas ambientais e saúde.
**Este é um artigo de opinião. A visão da autora não necessariamente expressa a linha editorial do Brasil de Fato.