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Francisco avisou: o planeta é Casa Comum 

Requer mudança de concepção sobre a vida, inclusive para salvá-la

Francisco avisou: “A mudança climática é um problema global com graves dimensões ambientais, sociais, econômicas, distributivas e políticas; não se trata apenas de ciência ou diplomacia: trata-se de justiça. De moral.”

Com certeza, caro Pontífice: é política, porque está relacionada com a onda fascista presente no mundo e em nosso País; é econômica, porque prejudica todas as atividades gerando prejuízos; é social e distributiva, porque prejudica mais os pobres e aumenta a concentração de renda e todas as suas consequências. 

Requer mudança de concepção sobre a vida, inclusive para salvá-la. 

Precisamos cuidar muito melhor da “Casa Comum”, o nosso Planeta. E, para isto, é necessário corrigir e melhorar nosso “próprio Jardim”. 

Vamos ver a situação brasileira e como precisamos evoluir. 

Já sabemos que os desastres climáticos tem origem no excesso da geração de gases de efeito estufa (GEEs), sobreaquecendo o planeta. Entre os principais geradores de GEEs está o setor energético, especialmente os combustíveis fósseis. 

A eletricidade é a melhor energia

A melhor de todas as energias é a eletricidade, que não gera GEEs em seu consumo. 

E quando é gerada não gera GEEs? Hoje, a energia elétrica gerada no Brasil, em mais de 90% vem de recursos renováveis: quedas d’água, raios solares, ventos e biomassa, principalmente bagaço de cana. Portanto, a nossa energia elétrica é renovável como nenhuma outra. Este exemplo podemos cobrar das outras nações. 

Na semana passada a entidade MapBiomas anunciou que no primeiro trimestre deste ano as queimadas reduziram 70% em relação ao primeiro trimestre de 2024.  

Mapbiomas é uma entidade mantida por universidades, ongs,  empresas de tecnologia, com o objetivo de mapear o uso e a cobertura da terra no Brasil. 

Esta notícia merece ser aplaudida. As queimadas, juntamente com as derrubadas de árvores e degradações de nossos biomas, especialmente a Amazônia e o cerrado, representam aproximadamente 45% de todos os GEEs produzidos no  Brasil.  

Queimadas e derrubadas – o pior do Brasil 

Além de destruir parte destes biomas, essenciais pra o Brasil e o planeta, as queimadas  e o deflorestamento tem outros efeitos desastrosos. A floresta amazônica é geradora dos rios voadores. As chuvas que caem sobre a região são devolvidas à atmosfera através de evapotranspiração realizada pelas árvores,  formando grossas nuvens que os ventos levam para vários pontos da América do Sul e principalmente para o sudeste brasileiro (SP, MG, RJ e ES), maior concentração populacional e demanda de água em nosso País. Não por acaso temos fortes secas nesta região. 

Com menos árvores há menor formação de nuvens e, ao mesmo tempo, as fumaças das queimadas deslocam as nuvens para outras regiões onde podem causar inundações. 

Entendo que nosso biomas representam uma questão de sobrevivência e segurança nacional e como tal  devem ser tratadas. 

É possível produzir mais e melhor sem a destrutiva ampliação  da fronteira agrícola, feita contra a natureza e sem vantagens. 

Os modos de produção agrícola respondem por aproximadamente 25% dos GEEs do Brasil. É possível mudar esta situação, com aumento de produtividade e qualidade dos produtos. 

A agricultura pode produzir mais e melhor

A agricultura de baixo carbono – ABC – foi amplamente debatida e defendida visando a redução de GEEs em reuniões de países chamadas COP, especialmente em 2015, em Paris, na COP -21. No ano passado, na COP-29, em Baku, capital de Azerbaijão, o Brasil apresentou seu Plano ABC. 

Entre as principais medidas do ABC, temos: (i) melhorar a eficiência no uso de recursos naturais, possibilitando maior resiliência às mudanças climáticas; (ii) integração lavoura-pecuária-floresta; (iii) plantio direto; (iv) recuperação de pastagens degradadas; (v) manejo adequado dos solos, e (vi) tratamento dos dejetos animais e outros. 

A coordenação nacional do ABC é do Ministério da Agricultura e Pecuária, através da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa), que o incorporou em suas atividades. É preciso ampliá-lo muito, especialmente com as estruturas estaduais e municipais. 

Os combustíveis, principalmente óleo diesel e gasolina, contribuem com aproximadamente 20%, principalmente nos grandes centros urbanos, conforme tratamos no artigo anterior. Saneamento básico, tratamentos especiais e intensos com os lixos, muita arborização e veículos elétricos  possibilitam cidades saudáveis, seguras e com vida melhor. 

Os restantes 10% dos GEEs brasileiros ficam localizados nas demais atividades, principalmente indústrias, que igualmente podem melhorar seus processos, especialmente reciclando tudo, não deixando resíduos. 

Como vimos, o Brasil pode e deve resolver o quanto antes a sua emissão de GEEs, sendo um exemplo como está sendo na geração da energia elétrica. 

O planeta, a segurança e a qualidade de vida do povo brasileiro agradecerão. 

*Este é um artigo de opinião e não necessariamente representa a linha editorial do Brasil do Fato.

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