Neste 1º de maio, trabalhadores e trabalhadoras de todo país foram às ruas por melhores condições de trabalho e vida. No Rio de Janeiro, o ato unificado do Dia do Trabalhador ocupou a praça da Cinelândia, palco histórico das lutas sociais no centro da cidade. O mote ‘vida acima do capital’ dominou a manifestação que pediu a redução da jornada de trabalho.
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) prometeu aprofundar o debate sobre o fim da escala 6×1 em pronunciamento transmitido na noite da última quarta-feira (30). A pauta é a principal reivindicação da classe trabalhadora nos atos desta quinta-feira (1º) convocados pelo movimento Vida Além do Trabalho (VAT), movimentos sociais populares e centrais sindicais.
Marcelo Rodrigues, da Executiva Nacional da Central Única dos Trabalhadores (CUT), afirmou que o 1º de Maio é uma data que carrega a memória das lutas da classe trabalhadora e das conquistas que se deram nas ruas, nos protestos e passeatas. Para o dirigente sindical, a juventude presente no ato aponta o caminho para uma sociedade mais justa.
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“Nos últimos tempos a extrema direita tenta tirar nossos direitos, mas continuamos na luta, avançando. Nós temos uma luta agora para quem ganha até R$ 5 mil não pagar Imposto de Renda, a redução da carga horária dos trabalhadores, fim da escala 6×1. O 1º de Maio diz isso para a gente: nós vamos comemorar as nossas conquistas, a nossa história, a nossa memória e vamos nos organizar para as futuras lutas. Nosso interesse é pela vida, e não o interesse do capital”, disse ao Brasil de Fato.

A deputada estadual Marina do MST (PT) lembrou que o fim da escala 6×1 é um tema central do Plebiscito Popular 2025, que será realizado em setembro por movimentos populares, sindicais e estudantis. “É muito importante o conjunto dos trabalhadores e das trabalhadoras se unificarem em torno dessa bandeira para termos essa conquista. Diminuir a jornada de trabalho vai fazer com que os trabalhadores e as trabalhadoras possam ter um pouco mais de dignidade, de poder curtir a vida, de ter momentos para celebrar”, defendeu.
Na mesma linha, a vereadora Mônica Benício (Psol) considera que a redução da jornada de trabalho é uma necessidade contra o sacateamento da vida. “A sociedade está tomando consciência de que a precarização da vida está se tornando cada vez mais grave, à medida que o mercado, as especulações, os grandes empresários e o capital estão mais fortes do que nunca e desvalorizando a nossa identidade quanto indivíduo”, refletiu a parlamentar.
Para a vereadora Maíra do MST (RJ), a juventude está cada vez mais suscetível a condições de vida e trabalho precarizadas. “Ressaltar a importância de lutar pelo mundo do trabalho com tempo de descanso, com tempo de lazer, e principalmente com valorização das leis trabalhistas, é fundamental”, afirmou à reportagem.

“Os movimentos sociais estão propondo um plebiscito popular que vai dialogar com o conjunto da população brasileira, não só sobre a questão da taxação das grandes fortunas e da jornada 6×1, mas também em relação à questão do Imposto de Renda. Acho que é um 1º de Maio muito importante, nesse momento de acúmulo de forças, em que a gente tem ferramentas para poder ampliar, de fato, um projeto popular para o Brasil”, completou Maíra.
No Rio, o Movimento dos Atingidos por Barragens (MAB) também colocou em pauta o direito à água e ao saneamento básico. Com a privatização da Companhia Estadual de Águas e Esgotos do Rio de Janeiro (Cedae), em 2021, o estado passou a conviver com crises de abastecimento e rompimentos de adutoras.
“O 1º de Maio faz parte de uma agenda maior de lutas que vão se desdobrar durante o ano. E no estado do Rio de Janeiro, a produção e a captação de água está ameaçada pelo governador Cláudio Castro (PL) e nós estamos propondo fazer uma grande jornada de luta”, contou Roberto Carlos Oliveira, da coordenação do MAB.
Escala 6×1
A Proposta de Emenda à Constituição (PEC) que acaba com a escala de seis dias de trabalho por um de folga ainda não avançou na Câmara dos Deputados. A redução da jornada de trabalho ganhou força por meio da pressão popular nas ruas e redes sociais, sobretudo com o então influenciador digital carioca Rick Azevedo. Na época, o criador do movimento Vida Além do Trabalho (VAT) trabalhava na escala 6×1 como balconista.
Em entrevista ao Conexão BDF, do Brasil de Fato, o vereador Rick Azevedo (Psol), rebateu que a redução da jornada poderia prejudicar a produtividade. “Estão dizendo que o Brasil não tem produtividade. Mas como alguém vai render sendo sucateado, explorado, passando horas no transporte público? Os estudos mostram que a diminuição da jornada de trabalho traz um retorno bom para a produtividade”, argumentou.