Os 50 anos de carreira do fotógrafo Luiz Braga estão sendo celebrados com uma exposição recheada de trabalhos inéditos no Instituto Moreira Salles (IMS), em São Paulo (SP).
A mostra Arquipélagos Imaginário reúne registros feitos desde a década de 1970 até à atualidade, sempre focados no cotidiano da população paraense, especialmente a que vive na capital Belém ou em comunidades ribeirinhas próximas, como é o caso do Marajó.
“Grandes heróis anônimos que não frequentam o imaginário idolatrado da população”, resume Braga sobre quem são as pessoas retratadas em seu trabalho.
“Eu sempre tive uma intenção bem aguçada nas pequenas coisas, isso está muito claro na exposição, naquelas coisas ordinárias, nas pequenas tarefas, nos artesãos, no alfaiate, do fotógrafo de rua, no açougueiro, então eu sempre tive esse interesse pelas pessoas mais singelas”, relata em entrevista ao Conversa Bem Viver desta sexta-feira (2).

O fotógrafo vê a COP30, a conferência internacional sobre o clima que será realizada em Belém em novembro, como um momento ímpar da história para que o mundo, mas especialmente o próprio Brasil, veja e conheça com mais atenção a Amazônia.
Ainda que cético sobre o quanto as comunidades tradicionais serão de fato ouvidas no evento, ele celebra que o acontecimento por si só já está trazendo efeitos positivos para a visibilização do Pará.
“O Brasil mediano, e nem tão mediano assim, ele não conhece a minha terra, a Amazônia. Ele não conhece. Se ele tivesse pela Amazônia o pertencimento que ele tem pelo samba, pelo futebol, pelas praias, pelo Carnaval e tantos outros ícones do imaginário brasileiro… [mas] a Amazônia não figura, cara”, reflete.
“A Amazônia para a maioria das pessoas é uma coisa distante, longínqua, desconhecida e por isso é que se tomam decisões equivocadas e muitas vezes injustas e geralmente desiguais para a nossa terra.”
A exposição no IMS tem entrada gratuita e segue até o dia 31 de agosto na unidade localizada na avenida Paulista.
Confira a entrevista na íntegra
As cores que aparecem na sua fotografia são um grande diferencial. Como foi esse processo de explorar esse recurso visual?
As cores foram, digamos assim, pra mim, a grande redenção. Porque até eu encontrá-las, e eu encontrei no caminho da faculdade de arquitetura, eu estava muito ansioso, porque eu não tinha conseguido um traço ou uma maneira pela qual as pessoas pudessem me reconhecer.
Eu achava que eu tinha que ter uma qualidade que as pessoas olhassem e dissessem, “isso é o Luiz Braga”
Claro que eu não tinha, porque eu não tinha nem cinco anos de carreira, não podia ter. Mas a ânsia estava lá, né? Então, eu ia e voltava para a faculdade arquitetura e eu comecei a perceber que aquela região, por onde eu transitava, que é a região ribeirinha de Belém, ela tinha uma forma de se colorir completamente diferente do centro da cidade onde eu morava.
Era e é até hoje um depositário de uma sabedoria cromática maravilhosa e que foi o que primeiro me encantou.
Então logo eu vi que eu estava descendo do carro, pegando a câmera e mergulhando naquele universo cheio de cores, os bares, os carrinhos, os barcos, as fachadas, as pequenas lojas, as vendas…
A partir desse contato, fui mergulhando neste mesmo território, que é importante dizer que é o universo geográfico da minha obra. Ele nunca foi muito extenso, eu nunca fui um fotógrafo que usou a fotografia como ferramenta de colonização, de ir para os locais mais longínquos do mundo.
Eu sempre tive uma intenção bem aguçada nas pequenas coisas, isso está muito claro na exposição, naquelas coisas ordinárias, nas pequenas tarefas, nos artesãos, no alfaiate, do fotógrafo de rua, no açougueiro, então eu sempre tive esse interesse pelas pessoas mais singelas.
Você está comentando sobre fotografar trabalhadores em seus ofícios. Conta mais sobre isso, principalmente porque acabamos de viver o Dia do Trabalhador e Trabalhadora
Eu nunca me interessei por pessoas célebres, pessoas famosas, fotografar uma pessoa que seja tipo um grande cantor, sei lá, uma grande cantora…
Eu até tenho retratos assim, porque eu vivia disso, né? Eu fazia retrato profissionalmente, fiz campanha política e tal. Mas meu trabalho autoral, o meu encanto sempre se deu
por esses pequenos ofícios, é o relojoeiro, é o cara que consertava a televisão, é o porteiro do hotel, sabe?
Grandes heróis anônimos que não frequentam o imaginário idolatrado da população
Permaneço com os pescadores, os vaqueiros. Eu amo isso. Eu sei que eu não sou um vaqueiro, eu sei que eu não sou pescador, eu não nasci na beira do rio, sabe? Eu não moro
na beira do rio, mas eu tenho um encanto por esse universo.
O senhor acredita que esses personagens que são retratos no seu trabalho terão espaço na COP?
A COP é, sim, um momento em que as pessoas vão perceber essa população que normalmente não é escutada. As pessoas não são ouvidas e, às vezes, elas são até mais ouvidas fora do Brasil do que aqui, entendeu?
Porque eu vejo certas decisões que são tomadas e às vezes eu fico pensando assim, “mas essa pessoa não tem a menor ideia de onde as pessoas vivem”. Como é que ela está decidindo sobre a vida delas?
O Brasil mediano, e nem tão mediano assim, ele não conhece a minha terra, a Amazônia. Ele não conhece.
Se ele tivesse pela Amazônia o pertencimento que ele tem pelo samba, pelo futebol, pelas praias, pelo Carnaval e tantos outros ícones do imaginário brasileiro… [mas] a Amazônia não figura, cara.
A Amazônia para a maioria das pessoas é uma coisa distante, longínqua, desconhecida e por isso é que se tomam decisões equivocadas e muitas vezes injustas e geralmente desiguais para a nossa terra.
Quando se tomou essa decisão de fazer a COP em Belém, isso incomodou muita gente, tanto que foi feito, até de certa forma, em alguns momentos, uma certa campanha para tirar essa COP daqui.
Eu estava em São Paulo quando aconteceram aquelas chuvas negras que caíram que foi quando todo mundo falou: “Meu deus, vem lá da Amazônia, então vou começar a me preocupar”.
Até aquela chuva cair não tinha preocupação com a Amazônia, entendeu?
Em Belém, você tem toda uma urbanização desenfreada, tipo essa que está acontecendo em São Paulo, com essa mudança da lei do uso do solo, que virou uma epidemia de prédio sendo construído.
Aqui a gente tem isso já há um certo tempo. Mas do outro lado você chega na beira do rio, você olha e é a floresta.
Então essa possibilidade desse confronto visual entre o modo de vida cosmopolita e a floresta permite alguns mergulhos que podem ajudar a entender essa questão.

Em diferentes horários, de segunda a sexta-feira, o programa é transmitido na Rádio Super de Sorocaba (SP); Rádio Palermo (SP); Rádio Cantareira (SP); Rádio Interativa, de Senador Alexandre Costa (MA); Rádio Comunitária Malhada do Jatobá, de São João do Piauí (PI); Rádio Terra Livre (MST), de Abelardo Luz (SC); Rádio Timbira, de São Luís (MA); Rádio Terra Livre de Hulha Negra (RN), Rádio Camponesa, em Itapeva (SP), Rádio Onda FM, de Novo Cruzeiro (MG), Rádio Pife, de Brasília (DF), Rádio Cidade, de João Pessoa (PB), Rádio Palermo (SP), Rádio Torres Cidade (RS); Rádio Cantareira (SP); Rádio Keraz; Web Rádio Studio F; Rádio Seguros MA; Rádio Iguaçu FM; Rádio Unidade Digital ; Rádio Cidade Classic HIts; Playlisten; Rádio Cidade; Web Rádio Apocalipse; Rádio; Alternativa Sul FM; Alberto dos Anjos; Rádio Voz da Cidade; Rádio Nativa FM; Rádio News 77; Web Rádio Líder Baixio; Rádio Super Nova; Rádio Ribeirinha Libertadora; Uruguaiana FM; Serra Azul FM; Folha 390; Rádio Chapada FM; Rbn; Web Rádio Mombassom; Fogão 24 Horas; Web Rádio Brisa; Rádio Palermo; Rádio Web Estação Mirim; Rádio Líder; Nova Geração; Ana Terra FM; Rádio Metropolitana de Piracicaba; Rádio Alternativa FM; Rádio Web Torres Cidade; Objetiva Cast; DMnews Web Rádio; Criativa Web Rádio; Rádio Notícias; Topmix Digital MS; Rádio Oriental Sul; Mogiana Web; Rádio Atalaia FM Rio; Rádio Vila Mix; Web Rádio Palmeira; Web Rádio Travessia; Rádio Millennium; Rádio EsportesNet; Rádio Altura FM; Web Rádio Cidade; Rádio Viva a Vida; Rádio Regional Vale FM; Rádio Gerasom; Coruja Web; Vale do Tempo; Servo do Rei; Rádio Best Sound; Rádio Lagoa Azul; Rádio Show Livre; Web Rádio Sintonizando os Corações; Rádio Campos Belos; Rádio Mundial; Clic Rádio Porto Alegre; Web Rádio Rosana; Rádio Cidade Light; União FM; Rádio Araras FM; Rádios Educadora e Transamérica; Rádio Jerônimo; Web Rádio Imaculado Coração; Rede Líder Web; Rádio Club; Rede dos Trabalhadores; Angelu’Song; Web Rádio Nacional; Rádio SINTSEPANSA; Luz News; Montanha Rádio; Rede Vida Brasil; Rádio Broto FM; Rádio Campestre; Rádio Profética Gospel; Chip i7 FM; Rádio Breganejo; Rádio Web Live; Ldnews; Rádio Clube Campos Novos; Rádio Terra Viva; Rádio interativa; Cristofm.net; Rádio Master Net; Rádio Barreto Web; Radio RockChat; Rádio Happiness; Mex FM; Voadeira Rádio Web; Lully FM; Web Rádionin; Rádio Interação; Web Rádio Engeforest; Web Rádio Pentecoste; Web Rádio Liverock; Web Rádio Fatos; Rádio Augusto Barbosa Online; Super FM; Rádio Interação Arcoverde; Rádio; Independência Recife; Rádio Cidadania FM; Web Rádio 102; Web Rádio Fonte da Vida; Rádio Web Studio P; São José Web Rádio – Prados (MG); Webrádio Cultura de Santa Maria; Web Rádio Universo Livre; Rádio Villa; Rádio Farol FM; Viva FM; Rádio Interativa de Jequitinhonha; Estilo – WebRádio; Rede Nova Sat FM; Rádio Comunitária Impacto 87,9FM; Web Rádio DNA Brasil; Nova onda FM; Cabn; Leal FM; Rádio Itapetininga; Rádio Vidas; Primeflashits; Rádio Deus Vivo; Rádio Cuieiras FM; Rádio Comunitária Tupancy; Sete News; Moreno Rádio Web; Rádio Web Esperança; Vila Boa FM; Novataweb; Rural FM Web; Bela Vista Web; Rádio Senzala; Rádio Pagu; Rádio Santidade; M’ysa; Criativa FM de Capitólio; Rádio Nordeste da Bahia; Rádio Central; Rádio VHV; Cultura1 Web Rádio; Rádio da Rua; Web Music; Piedade FM; Rádio 94 FM Itararé; Rádio Luna Rio; Mar Azul FM; Rádio Web Piauí; Savic; Web Rádio Link; EG Link; Web Rádio Brasil Sertaneja; Web Rádio Sindviarios/CUT.
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