O Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central (BC) decidiu nesta quarta-feira (7) elevar, pela sexta vez consecutiva, a taxa básica de juros da economia nacional. A chamada Selic saiu de 14,25% ao ano e foi para 14,75% ao ano.
Com o aumento, a taxa atinge seu maior nível desde 2006, ainda durante o primeiro mandato presidencial de Luiz Inácio Lula da Silva (PT).
O aumento também pressiona o gasto do governo federal com o pagamento da dívida pública. Com a nova elevação da Selic, essa despesa tende a alcançar R$ 1 trilhão em um ano pela primeira vez na história do país.
Segundo dados do Banco Central (BC) divulgados no último dia 30, nos 12 meses encerrados em março, o governo gastou R$ 935 bilhões em juros. Isso é 25% a mais do que os R$ 745,7 bilhões gastos nos 12 meses anteriores.
O próprio BC atribui esse crescimento à alta da Selic.
Em setembro, a taxa era de 10,5% ao ano. Chegou a 12,25% ao final de 2024. Em 2025, subiu para os 14,25%, chegando aos 14,75% anunciados hoje.
A taxa Selic é um dos principais indexadores da dívida pública nacional. Isso significa que, quanto mais ela sobe, mais o gasto com o pagamento dos juros sobe também.
O próprio BC estima que cada 1 ponto percentual de aumento da Selic aumenta a dívida em mais de R$ 50 bilhões. Nos últimos meses, foram mais de dois pontos percentuais de aumento. Isso significa mais R$ 100 bilhões na dívida pública, que passa de R$ 7,4 trilhões, além de mais juros a pagar sobre ela.
O orçamento de 2025 prevê gastos totais de R$ 5,8 trilhões. O orçamento do Ministério da Previdência, que inclui os pagamentos de todas as aposentadorias e pensões do Instituto Nacional do Seguro Social (INSS), é de pouco mais de R$ 1 trilhão.
Comunicado do Copom
A alta do preço dos alimentos e da energia e as incertezas em torno da economia global foram as justificas usadas pelo BC para aumentar mais uma vez os juros.
Em comunicado, o Copom não deu pistas sobre o que deve ocorrer na próxima reunião, na metade de junho. Apenas afirmou que o clima de incerteza permanece alto e exigirá prudência da autoridade monetária, tanto em eventuais aumentos futuros como no período em que a Selic deve ficar em 14,75% ao ano.
“Para a próxima reunião, o cenário de elevada incerteza, aliado ao estágio avançado do ciclo de ajuste e seus impactos acumulados ainda por serem observados, demanda cautela adicional na atuação da política monetária e flexibilidade para incorporar os dados que impactem a dinâmica de inflação”, destacou o texto.
O que é Selic?
Além de indexar a dívida, a taxa Selic é referência para a economia nacional. Serve como o principal instrumento disponível para o BC controlar a inflação no país.
Quando a Selic cai, os juros cobrados de consumidores e empresas ficam menores. Há mais gente comprando e investindo. A economia cresce, criando empregos e favorecendo aumentos de salários. Os preços, por sua vez, tendem a aumentar por conta da demanda.
Já quando a taxa sobe, empréstimos e financiamentos tendem a ficar mais caros. Isso desincentiva compras e investimentos, o que contém a inflação. Em compensação, o crescimento de toda a economia tende a ser prejudicado.
Sabendo disso, desde que assumiu o governo, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) defende uma redução da Selic. Membros do Copom indicados Lula para o BC, incluindo o presidente Gabriel Galípolo, têm contrariado visões do Planalto.
Apesar das altas recentes da Selic, a inflação segue em alta. Até março, o Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) acumulado em 12 meses era de 5,48%. A meta do governo é que ele se mantenha em 4,5% em 2025.