Olá, enquanto Bolsonaro se despede da liberdade, a verdadeira oposição vai à guerra por seus privilégios.
.Escolinha do professor Xandão. Mesmo que quisesse, seria impossível Lula concorrer com a repercussão do julgamento dos golpistas. Afinal, o espírito de quinta série continua vivo na extrema direita e os depoimentos de Bolsonaro, dos militares e, inclusive, as falas dos advogados, deram mais likes que as fotos de Lula com Macron ou as discussões do IOF. O que também ajuda a reduzir a repercussão da baixa popularidade do governo. A atitude dos réus em seus depoimentos no STF foi uma mistura de falsos arrependimentos, confissões despreocupadas, mentiras calculadas e desprezo pelas instituições civis, incluindo o Judiciário. O que não é de admirar, tendo em vista se tratar de uma casta que nunca prestou contas a ninguém. Por isso mesmo é um julgamento histórico e inédito. Ao mesmo tempo, todos os depoimentos confirmaram que a ruptura institucional era tratada com naturalidade dentro do governo. O resultado do julgamento deve sair ainda este ano e não promete grandes surpresas. Tendo produzido inúmeras provas contra si mesmo, Bolsonaro deve ser condenado e conta com a possibilidade de uma prisão domiciliar por motivos de saúde. Além da redução de danos, seu depoimento buscou os holofotes e a repercussão política. Consciente de que a anistia não tem futuro no Congresso, ele deve transformar a própria liberdade em pauta política da direita e em moeda de troca para conceder seu apoio aos potenciais candidatos em 2026. E a estratégia pode dar certo porque nenhum candidato que queira concorrer contra Lula pode dispensar o apoio do capitão caso sonhe em chegar ao segundo turno. É o velho dilema, “ruim com ele, pior sem ele”. Da parte do STF, apesar do protagonismo excessivo de Alexandre de Moraes, o julgamento dos golpistas reequilibra a balança do Judiciário, compensando a participação do Supremo no impeachment contra Dilma e na Operação Lava Jato. Aliás, a nova posição da Corte deve se consolidar com o tema da responsabilização das big techs em casos de atividades criminosas nas redes, que passa pela interpretação do Marco Civil da Internet, mas que ainda não encontrou consenso entre os ministros.
.O dragão da maldade. A Faria Lima já se preparava para estourar o champanhe depois que o encontro entre Fernando Haddad e os líderes do Congresso sinalizava que o governo iria recuar na proposta de aumento do IOF. Sentindo o cheiro de sangue, os predadores de sempre partiram para cima do Planalto, imaginando que o momento de fraqueza abria espaço para um pacote ainda pior. Banqueiros e empresários hastearam a bandeira de ordem para manter as contas públicas em dia. A ideia era que o governo cortasse na própria carne e realizasse o desejo do mercado: acabar com as despesas obrigatórias em saúde e educação e com a vinculação da aposentadoria ao salário mínimo. Se pudesse acabar com o salário mínimo, melhor. Voltar à 1888, então, seria um sonho. Porém, quando a nova MP veio a público, o governo, de fato, recuou em pontos na alíquota do IOF, mas foi novamente para cima dos privilegiados. A nova MP aumenta a taxação sobre as Bets, sobre o agronegócio, sobre as fintechs e aumentou o Imposto de Renda sobre a distribuição de juros sobre capital próprio. A reação do Partido da Faria Lima no Congresso foi imediata. A ala da “molecagem”, como definiu o próprio Haddad, fustigou o ministro em audiência, num sinal de que o Planalto e a base governista, mesmo depois do episódio de Marina Silva, continuam deixando que seus ministros se defendam sozinhos. Enquanto isso, do lado de fora, PP e União Brasil, teoricamente da base governista, anunciavam que iriam votar contra a MP de Haddad. A insatisfação do centrão com a nova exigência de transparência e regulação nas emendas também serve como combustível para o Congresso descarregar sua crise de abstinência pelas emendas. Mas não é só no Congresso que a Faria Lima atua contra o governo. No Banco Central, o aprendiz de Campos Neto sinaliza que, mesmo com a inflação e o câmbio baixando, a taxa Selic pode subir ainda mais na próxima reunião do Copom, mantendo a espiral de crescimento da dívida pública, aquela que garante os ganhos de banqueiros e empresários e que exige, como contrapartida, cortes de gastos e de direitos.
.Ponto Final: nossas recomendações.
.Como Israel exportou sua tecnologia colonial e racista ao mundo. A Jacobin denuncia o apoio de Israel ao apartheid sul-africano após a Guerra dos Seis Dias.
.Fissuras na máquina de deportação de Trump? No Outras Palavras, Dara Lind e Omar Jadwat analisam a perseguição aos imigrantes nos Estados Unidos.
.O açougueiro do Haiti. Antes do julgamento do Golpe no Brasil, o general Augusto Heleno deveria ser julgado por seus crimes no Haiti. Na Jacobin.
.‘Pragmatismo da esquerda é antipragmatismo que tem levado a derrotas’, diz professor, em defesa de foco nas pautas populares. O professor Daniel Cara analisa os limites e possibilidades do governo Lula. No BdF Entrevista.
.A desnacionalização do ensino superior privado. N’A Terra é Redonda, Fernando Nogueira da Costa analisa a evolução e o perfil dos grandes grupos educacionais que atuam no Brasil.
.Torcedor tem mais chance de ver bets do que a bola rolando no Campeonato Brasileiro. Análise de dados de transmissão de jogos ao vivo mostra que propagandas aparecem mais do que a bola. Na Folha.
.Copa do Mundo de Clubes da FIFA e as redes multi-clubes. O mundial de clubes revela as redes sobre controle do capital financeiro no esporte.