A política migratória promovida pelo presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, tem se intensificado, provocando ainda mais medo e violência contra imigrantes brasileiros, segundo o ativista Álvaro de Castro Lima, fundador do Instituto Diáspora Brasil. “Eles continuam atuando, cada vez de forma mais violenta”, afirma, em entrevista ao Conexão BdF, da Rádio Brasil de Fato.
O ativista descreve casos de agentes da polícia migratória (ICE) nos quais eles “param o carro do imigrante, quebram a janela, o vidro do carro, e forçam, o tiram de dentro, e o prendem”. “Isso é ilegal porque você tem que ter um motivo para prender as pessoas”, protesta. Segundo ele, os abusos incluem abordagens em hospitais, tribunais e até escolas, além do envio de tropas militares para conter protestos em cidades como Los Angeles.
Em uma carta enviada ao Itamaraty e ao Ministério dos Direitos Humanos, o instituto cobra o reforço do número de funcionários nos consulados, a abertura de diálogo com o governo dos EUA e uma denúncia formal das violações aos direitos humanos em instâncias internacionais. “Não temos nada ainda concreto”, lamenta Lima sobre a falta de uma resposta.
Com sede em Massachusetts, o Diáspora Brasil atua em rede com outras organizações brasileiras e latinas. Eles ajudam a educar os imigrantes sobre seus direitos, oferecem apoio jurídico e acolhem famílias separadas por deportações. “Quando os pais são deportados e as crianças ficam, tentamos evitar que o Estado assuma a guarda”, exemplifica.
Repressão e vigilância
Além da repressão física, medidas de vigilância também têm avançado. O governo dos EUA tem exigido, por exemplo, que solicitantes de visto, inclusive estudantes, mantenham redes sociais abertas. “É mais uma medida de cunho autoritário, fascista”, denuncia Lima. Ele afirma que, em aeroportos, brasileiros são forçados a desbloquear seus celulares para inspeção.
Para ele, o cenário é agravado por uma campanha contra estudantes e profissionais que protestam contra o genocídio palestino. “Principalmente nas universidades de Harvard e Columbia, inventam uma história de antissemitismo, mas os estudantes que estão sendo presos estão protestando contra o genocídio na Palestina. Eles não são contra o povo de Israel, são contra um governo que está massacrando um outro povo. E agora começam [a fazer a mesma coisa] também com cientistas e médicos imigrantes”, conta.
Para ouvir e assistir
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