Mostrar Menu
Brasil de Fato
ENGLISH
Ouça a Rádio BdF
  • Apoie
  • TV BdF
  • RÁDIO BRASIL DE FATO
    • Radioagência
    • Podcasts
    • Seja Parceiro
    • Programação
  • Regionais
    • Bahia
    • Ceará
    • Distrito Federal
    • Minas Gerais
    • Paraíba
    • Paraná
    • Pernambuco
    • Rio de Janeiro
    • Rio Grande do Sul
  • I
  • Política
  • Internacional
  • Direitos
  • Bem Viver
  • Opinião
  • DOC BDF
Nenhum resultado
Ver todos os resultados
Mostrar Menu
Brasil de Fato
  • Apoie
  • TV BDF
  • RÁDIO BRASIL DE FATO
    • Radioagência
    • Podcasts
  • Regionais
    • Bahia
    • Ceará
    • Distrito Federal
    • Minas Gerais
    • Paraíba
    • Paraná
    • Pernambuco
    • Rio de Janeiro
    • Rio Grande do Sul
Mostrar Menu
Ouça a Rádio BdF
Nenhum resultado
Ver todos os resultados
Brasil de Fato
Início Brasil

DIREITO EM RISCO

Jabuti na MP do IOF pode comprometer seguro-defeso de mais de 1 milhão de pescadores artesanais

Nova regra condiciona benefício a um orçamento fixo, gerando insegurança entre comunidades

29.jun.2025 às 05h00
São Paulo (SP)
Rodrigo Chagas
família de pescadores em barco na água, ao por do sol

Para categoria, mudanças se inserem em um contexto mais amplo de exclusão - Thomas Bauer/CPP

Neste domingo (29), Dia do Pescador e da Pescadora, comunidades pesqueiras de todo o país vivem um cenário de apreensão. O motivo é um artigo incluído na Medida Provisória (MP) 1.303/2025, que, apesar de tratar originalmente de tributação, alterou regras fundamentais do seguro-defeso – benefício pago durante o período de reprodução das espécies, quando a pesca é proibida.

O seguro-defeso beneficiou 1.189.856 pescadores em 2024, com repasses que somaram aproximadamente R$ 6 bilhões, segundo dados do Portal da Transparência. A MP, no entanto, estabelece novas condições para o acesso ao benefício, que podem, na prática, excluir grande parte da categoria.

A medida provisória se insere em uma novela que começou há pouco mais de um mês: o cabo de guerra entre governo e Congresso por conta da tentativa de mudança na cobrança do Imposto sobre Operações Financeiras (IOF). A disputa terminou nesta semana com mais uma derrota do governo diante do Legislativo.

Entretanto, assim que percebeu a probabilidade de perder na tentativa de elevar o IOF via decretos, em 11 de junho, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) editou uma MP reajustando uma série de outros tributos. Trata-se da MP 1.303, em vigor atualmente, com a qual o governo visa arrecadar R$ 10 bilhões ainda neste ano.

O jabuti está nas últimas páginas da medida, no artigo 71, dentro das disposições finais. Ele altera dois artigos da lei 10.779/2003, também conhecida como Lei do Seguro-Desemprego do Pescador Artesanal, ou lei do seguro-defeso. Em resumo, a MP condiciona o benefício à validação do Registro Geral da Atividade Pesqueira (RGP) pelo municípios e limita o pagamento aos recursos previstos no orçamento anual.

A nova exigência preocupa organizações sociais e lideranças das comunidades. Marcelo Apel, do Conselho Pastoral dos Pescadores e Pescadoras (CPP), critica duramente o dispositivo. “Mais de 50% dos conflitos relatados pelas comunidades pesqueiras têm como causador direto as prefeituras. E agora querem dar para elas o poder de dizer quem é pescador e quem não é? Isso vai virar uma moeda política.”

O risco, segundo ele, é transformar o direito em barganha. “Em muitos municípios, os pescadores já estão sendo removidos para dar lugar a marina de luxo ou projeto turístico. Como confiar que essa mesma prefeitura vai garantir o direito do pescador?”

O Relatório de Conflitos Socioambientais e Violações de Direitos Humanos em Comunidades Tradicionais Pesqueiras (2024), elaborado pelo CPP, mostra que em 55,1% dos casos sistematizados, o executivo municipal foi identificado como agente de conflito. Os dados apontam o apoio das prefeituras a empreendimentos como portos, usinas e condomínios turísticos que impactam territórios pesqueiros.

Rosângela Silva do Nascimento, presidenta da Colônia de Pescadores de Natal e da Federação de Pesca do RN, reforça a denúncia. “A luta pelos territórios é grande. Quando o patrimônio da União passa para a prefeitura, ela urbaniza, faz prédio, passa para os gringo. Então a gente vai sendo empurrado. Já são muitos anos que a gente tá lutando contra isso.”

“O pescador artesanal, o trabalhador que sobrevive da pesca, vai ficar na mão de político. Depender de uma homologação de uma prefeitura que vai ser moeda de troca de voto. Isso que a gente tá vendo”, assevera a pescadora.

MP também limita orçamento e pode excluir beneficiários

Outra mudança está nos novos parágrafos do artigo 5º da Lei do Seguro-Defeso. A partir de agora, o benefício estará condicionado à dotação orçamentária aprovada no início do ano. Isso significa que, mesmo cumprindo todos os critérios, pescadores e pescadoras poderão ter o benefício negado por falta de verba.

Para Marcelo da Costa, a medida representa um risco grave e se insere em um contexto de pouco incentivo à pesca artesanal em detrimento da produção industrial de pescados. “Hoje a gente está num momento de total incerteza. Pode ser 10%, pode ser 80%, pode ser todo mundo. É um cenário de insegurança total para quem vive da pesca artesanal.”

“O Ministério da Pesca incentiva a aquicultura, mas não dá o mesmo tipo de incentivo para a realidade da pesca artesanal. É um problema sério”, completa.

Atualmente, o benefício é pago pelo com recursos do Instituto Nacional do Seguro Social (INSS), com recursos provenientes do Fundo de Amparo do Trabalhador (FAT).

Governo defende mudanças como combate a fraudes

O Ministério da Pesca e Aquicultura afirma que as alterações visam garantir que o seguro-defeso chegue apenas a quem realmente tem direito. Entre os objetivos estariam o reforço na fiscalização, a comprovação contínua da atividade pesqueira e o aperfeiçoamento do Registro Geral da Atividade Pesqueira.

Na última quarta-feira (25), o governo publicou o Decreto nº 12.527/2025, que regulamenta o artigo 71 da MP. O texto estabelece diretrizes para atualizar os cadastros e monitorar a atividade, com participação também do Ministério do Meio Ambiente.

Representante do centrão no governo, o titular da pasta da Pesca, André de Paula (PSD), defendeu as novas regras. “O novo decreto aprimora os critérios de concessão do benefício, fortalece a integridade da base de dados e amplia os mecanismos de controle.”

As lideranças das comunidades, no entanto, contestam o argumento. Rosângela reconhece que fraudes pontuais ocorrem, mas alerta: “fraude não se combate tirando o direito de quem depende da pesca para viver. Tem que fiscalizar com justiça, não punir todo mundo.”

Marcelo Apel concorda com a necessidade de regras claras, mas alerta para o risco de um discurso continuado de fraudes que generalize a categoria. “No tempo do Bolsonaro, ele dizia: ‘75% dos pescadores são falsos’. Eu analisei 10 anos de portarias de cancelamento de carteiras de pescadores que seriam os falsos e tinha 1,2 milhão de carteiras. Eles cancelaram 300 mil. A conta não bate. Mais de 70% dos pescadores seriam legítimos e 30 e poucos por cento que seriam falsos”, explica.

“Nunca houve universalização do acesso ao seguro defeso. Sempre teve uma trava, sempre teve um impedimento no meio do caminho. Então é um direito que já veio com problema, que a gente tem que lutar todo ano para garantir”, conclui.

Emendas e mobilização em Brasília tentam barrar mudanças no seguro-defeso

Na tentativa de evitar que as novas exigências da MP 1.303/2025 entrem em vigor, a deputada federal Natália Bonavides (PT-RN) protocolou três emendas ao texto original. As propostas visam preservar o direito das comunidades pesqueiras ao seguro-defeso e eliminar os dispositivos que, segundo os pescadores, colocam em risco o acesso ao benefício.

As emendas apresentadas preveem:
– a retirada do parágrafo que condiciona a concessão do seguro à homologação municipal do Registro Geral da Atividade Pesqueira (RGP);
– a supressão do trecho que limita o pagamento do benefício à dotação orçamentária anual;
– e uma nova redação que transfere a validação do cadastro para órgãos federais como o INSS, o Ministério da Pesca e o Ibama, e estabelece o caráter obrigatório e prioritário do seguro no orçamento público.

A parlamentar considera que parte das modificações promovidas pela medida provisória pode atingir diretamente os trabalhadores que vivem da pesca artesanal. Para ela, ainda que o combate a fraudes seja legítimo, as mudanças podem “acabar sobrando para o pescador artesanal, para os pequenos produtores”.

Segundo Bonavides, é preciso garantir que o processo de análise para concessão do benefício não penalize justamente quem mais depende dele. “A gente não pode deixar que isso aconteça. Então propusemos as emendas, em diálogo com a categoria, para solucionar essas questões.”

As mobilizações contra a medida seguem ganhando força. No próximo dia 8 de julho, pescadores e pescadoras de diferentes estados devem ir a Brasília, com apoio da Confederação Nacional dos Pescadores e Aquicultores (CNPA) e de federações regionais. A agenda inclui reuniões com parlamentares e protestos em frente ao Congresso Nacional.

Rosângela Silva do Nascimento, presidenta da Colônia de Pescadores de Natal e da Federação de Pesca do RN, reforçou que, se o Congresso não reverter as mudanças, o caminho será a judicialização. “Se não derrubar, nós vamos entrar no Supremo, porque com certeza isso é muito inconstitucional. Não tem condição um negócio desse.”

Editado por: Thalita Pires
Tags: direitos trabalhistaspesca artesanal
loader
BdF Newsletter
Escolha as listas que deseja assinar*
BdF Editorial: Resumo semanal de notícias com viés editorial.
Ponto: Análises do Instituto Front, toda sexta.
WHIB: Notícias do Brasil em inglês, com visão popular.
Li e concordo com os termos de uso e política de privacidade.

Veja mais

Construir futuro

Contra domínio das big techs, encontro debate plano nacional de soberania digital

AGENDA INTERNACIONAL

Lula vai à Argentina receber de Javier Milei a presidência rotativa do Mercosul

Petróleo em disputa

Com leilão no Brasil, petroleiras buscam novos mercados e reforçam assédio sobre políticas latino-americanas

DIREITO EM RISCO

Jabuti na MP do IOF pode comprometer seguro-defeso de mais de 1 milhão de pescadores artesanais

ALERTA MÁXIMO

Governador do RS pede evacuação urgente de áreas de risco diante de chuvas intensas

  • Quem Somos
  • Publicidade
  • Contato
  • Newsletters
  • Política de Privacidade
  • Política
  • Internacional
  • Direitos
  • Bem Viver
  • Socioambiental
  • Opinião
  • Bahia
  • Ceará
  • Distrito Federal
  • Minas Gerais
  • Paraíba
  • Paraná
  • Pernambuco
  • Rio de Janeiro
  • Rio Grande do Sul

Todos os conteúdos de produção exclusiva e de autoria editorial do Brasil de Fato podem ser reproduzidos, desde que não sejam alterados e que se deem os devidos créditos.

Nenhum resultado
Ver todos os resultados
  • Apoie
  • TV BDF
  • Regionais
    • Bahia
    • Ceará
    • Distrito Federal
    • Minas Gerais
    • Paraíba
    • Paraná
    • Pernambuco
    • Rio de Janeiro
    • Rio Grande do Sul
  • Rádio Brasil De Fato
    • Radioagência
    • Podcasts
    • Seja Parceiro
    • Programação
  • Política
    • Eleições
  • Internacional
  • Direitos
    • Direitos Humanos
  • Bem Viver
    • Agroecologia
    • Cultura
  • Opinião
  • DOC BDF
  • Brasil
  • Cidades
  • Economia
  • Editorial
  • Educação
  • Entrevistas
  • Especial
  • Esportes
  • Geral
  • Saúde
  • Segurança Pública
  • Socioambiental
  • Transporte
  • Correspondentes
    • Sahel
    • EUA
    • Venezuela
  • English
    • Brazil
    • BRICS
    • Climate
    • Culture
    • Interviews
    • Opinion
    • Politics
    • Struggles

Todos os conteúdos de produção exclusiva e de autoria editorial do Brasil de Fato podem ser reproduzidos, desde que não sejam alterados e que se deem os devidos créditos.