A cotação do dólar caiu para R$ 5,43 nesta segunda-feira (30), menor valor desde setembro de 2024. O movimento foi acompanhado por uma alta de quase 1,5% no Ibovespa, que acumulou valorização de 15% no semestre. Para o economista Matheus Peçanha, do Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getulio Vargas (Ibre/FGV), o fenômeno é positivo para a economia brasileira, mas ainda não representa uma tendência estável.
“É um movimento surpreendente que vem desde dezembro do ano passado […] e isso tem consequências muito positivas porque temos muitos custos dolarizados”, afirma, em entrevista ao programa Conexão BdF, da Rádio Brasil de Fato. Segundo Peçanha, a queda do dólar barateia produtos importados e pode impactar o dia a dia da população. “Mesmo que você não compre dólar ou viaje, sente muito [essa queda], por exemplo, no preço do pão, porque o trigo precisamos comprar de fora, em dólar”, explica.
Apesar disso, ele pondera que o cenário internacional segue instável, com guerras em curso e insegurança nos rumos da política monetária dos Estados Unidos. “Ainda temos um balanço muito arriscado, o risco ainda é muito grande em todos os mercados, mas vemos essa taxa de câmbio resistindo e caindo agora, a despeito de todo esse balanço de riscos global”, indica.
O economista lembra que o dólar chegou a ultrapassar R$ 6,30 em 2023, impulsionado por crises geopolíticas e pela elevação dos juros nos EUA, o que atraiu investidores e aumentou a demanda pela moeda. Hoje, com os bancos centrais tanto do Brasil quanto dos EUA adotando cautela e mantendo as taxas de juros estáveis, o mercado arrefeceu.
No entanto, Peçanha alerta que “isso não é garantia de estabilidade no longo prazo, de jeito nenhum”. “A qualquer momento, se o Banco Central daqui ou de lá, principalmente, resolver que agora é hora de subir juros de novo, essa taxa de câmbio vai voltar a subir. Ainda estamos em um cenário muito arriscado, liso, difícil, escorregadio para qualquer tomada de decisão nesse sentido”, informa.
Para ouvir e assistir
O jornal Conexão BdF vai ao ar em duas edições, de segunda a sexta-feira, uma às 9h e outra às 17h, na Rádio Brasil de Fato, 98.9 FM na Grande São Paulo, com transmissão simultânea também pelo YouTube do Brasil de Fato.
