A prefeitura de São Paulo prevê iniciar em julho uma nova leva de remoções no Jardim Pantanal, zona leste da cidade, como parte do projeto “Recupera Pantanal”. o plano municipal, segundo o integrante da Frente de Luta do Jardim Pantanal, Vagner Brito Moura, “é um projeto de uma gestão sem alma”. “Tivemos diversas tentativas de remoções e nenhuma delas resolveu o problema de moradia na cidade”, reforça, em entrevista ao Conexão BdF, da Rádio Brasil de Fato.
De acordo com Moura, a ação amplia a vulnerabilidade na região. “Já existe o problema das famílias estarem em uma área muito próxima do rio, com iminência de enchentes. Vão criar novos problemas”, lamenta. As remoções devem afetar mais de 4,3 mil famílias, sem soluções concretas de moradia. “Até hoje não temos plano de moradia para reassentar essas famílias que serão removidas”, afirmou
Segundo o ativista, as audiências públicas têm sido apenas uma formalidade, sem real escuta da população. “Eles não estão oferecendo um local para a realocação das famílias. […] As famílias estão, além do trauma de serem removidas, sem saber o que vai acontecer no futuro”, relata. Ele também critica o valor do auxílio-aluguel de R$ 600, considerado insuficiente diante da inflação do mercado imobiliário na região. A Frente de Luta reivindica um montante mensal de ao menos R$ 1 mil.
O movimento defende uma proposta de “casa por casa”, em que cada família removida seja realocada em uma moradia digna na mesma região. “Essa é a proposta do governo do estado, da prefeitura: colocar famílias já socialmente vulneráveis tendo que complementar [o valor do auxílio aluguel] com os seus já ocupados salários, em uma região onde o aluguel é inflacionado, […] se endividando com o financiamento lá na frente”, denuncia.
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