O presidente Lula (PT) defendeu nesta terça-feira (1), durante a cerimônia de lançamento do novo Plano Safra para o agronegócio, no Palácio do Planalto, as medidas econômicas do governo para aumentar o imposto sobre os setores mais ricos da população, como o aumento do Imposto sobre Operações Financeiras (IOF) e o Imposto de Renda efetivo mínimo de 10% para quem ganha mais de R$ 100 mil por mês. O tema do IOF causou uma nova crise nas relações entre a gestão e o Congresso Nacional, que derrubou o aumento no imposto na última quarta-feira (25).
Em discurso, Lula disse que há uma “rebelião”: “Quando a gente coloca que as pessoas que ganham mais de R$ 1 milhão têm que pagar um pouquinho mais, há uma rebelião. Nós estamos querendo que 140 mil pessoas paguem uma parcelinha a mais para beneficiar 10 milhões de pessoas. É tão pouco”. Lula pondera, em seguida, que “só pode ser a desgraçada da doença da acumulação de riqueza”.
O presidente reforçou que as medidas reduzem privilégios tributários de empresários e super-ricos. “Ninguém está querendo tirar nada de ninguém, queremos apenas diminuir os privilégios de alguns para dar um pouco de direitos para os outros”, disse o presidente. Lula também diz que governo não está aumentando imposto, e sim fazendo “tributação mais justa”.
“Eu fui contra quando o Senado aprovou a última desoneração, para 17 grupos econômicos. Você faz desoneração a troco de quê? O que você ganha? Vão dar estabilidade no emprego? Não. Vão aumentar salários? Não. Vão contratar mais trabalhadores? Não. Então para que a desoneração, aumentar o lucro?”, questiona.
O discurso mais forte do presidente em defesa das posições do governo aconteceu na mesma manhã em que a Advocacia-Geral da União (AGU) entrou com uma ação no STF contra a derrubada do IOF. O governo pede o reconhecimento da constitucionalidade do decreto presidencial e seu vigor.
Do lado do Congresso, o presidente da Câmara, Hugo Motta (Republicanos-PB), se posicionou ontem com uma publicação nas redes sociais dizendo que o governo estava indo com o barco em direção ao iceberg, o que teria sido evitado pelo Legislativo. Nos bastidores, ele teria dito a integrantes do governo que a judicialização seria vista como um enfrentamento e fará o Congresso dobrar a aposta nos embates com o Executivo.