Em clima de feijoada e roda de samba, o musical “Zé Ketti, Eu Quero Matar a Saudade!” presta uma homenagem a Zé Ketti, um dos maiores nomes do samba carioca e autor dos clássicos ‘Acender as velas’, ‘Opinião’ e ‘Diz que fui por aí’. A peça está em cartaz durante todo o mês de julho no Teatro Ziembinski, na Tijuca, zona norte do Rio, às terças e quartas-feiras.
“Nosso musical sobre Zé Ketti é mais uma proposta de fazer tributo aos nossos artistas pretos, que tanto fizeram pela construção de tudo que entendemos como país, sobretudo nas artes. Zé não só foi diretor musical do emblemático Show Opinião e da [casa de samba] ZiCartola, como teve um papel fundamental no surgimento da bossa nova“, diz o ator, produtor e idealizador do espetáculo, Leandro Santanna, que interpreta o sambista, ao Brasil de Fato.
O Show Opinião estreou em 11 de dezembro de 1964, primeiro ano da ditadura militar no Brasil. Com Nara Leão – e mais tarde Maria Bethânia -, João do Vale e Zé Ketti no elenco e narrava com canções a situação social do país. Já o ZiCartola funcionou como um espaço de reunião de grandes músicos da MPB na década de 1960 e de resistência contra a ditadura. Além disso, Zé Ketti foi responsável por fundar o grupo ‘A voz do morro’, que lançou a carreira de Paulinho da Viola.
Um dos desafios da criação do musical foi selecionar as músicas que fazem parte da peça, em meio a 200 composições de autoria do sambista. “Nós queríamos fazer o teatro no teatro, entendendo como as músicas se encaixam no dia a dia do subúrbio e dos personagens”, explica Márcio Vieira, diretor da peça. Ele pontua ainda que desde a morte de Ketti, em 1999, houve um apagamento de sua história, uma memória que o espetáculo pretende reacender.
A realização do projeto é uma parceria entre a Associação de Amigos José Bonifácio (AAJOB) e a Companhia Teatral Queimados Encena. Além do espetáculo, será ofertada uma oficina gratuita de preparação corporal e conduzida pela bailarina e coreógrafa Valéria Monã. “O corpo tem memória, e o samba é um código afetivo e político que comunica muito além da dança. A oficina é um espaço de reconexão com essa potência”, explica Valéria Monã.
Serviço
Musical “Zé Ketti, Eu Quero Matar a Saudade!”
Onde: Teatro Municipal Ziembinski
Endereço: Av. Heitor Beltrão, s/n, Tijuca, Rio de Janeiro
Quando: Terças e Quartas-feiras até 30 de julho
Horário: 20h
