Uma nova edição do livro “Esquecer? Nunca mais! A saga de meu filho Marcos Arruda”, escrito por Lina Penna Sattamini, será lançado nesta quinta (10) e sexta-feira (11), em São Paulo, com encontros gratuitos na Biblioteca Mário de Andrade e na Livraria Drummond. Os lançamentos serão acompanhados de debates com a presença do próprio Marcos Arruda e outros nomes ligados à resistência ao regime.
A obra, publicada pela Editora Unesp, relata a luta da autora para libertar o filho preso e torturado pela ditadura militar brasileira em 1970, e se tornou um documento histórico de denúncia da violência de Estado. Sattamini, que vivia nos Estados Unidos, organizou uma campanha internacional pela sua libertação. Para o historiador James N. Green, que participa dos debates, a nova edição da obra é também uma forma de alertar para os riscos atuais à democracia no Brasil.
“Há uma nova geração de pessoas que não viveram durante a ditadura. As suas memórias são do governo de [Jair] Bolsonaro, de Lula, de Dilma [Rousseff]… e não tem nenhum conhecimento desse período”, afirma Green em entrevista ao Conexão BdF, da Rádio Brasil de Fato. “Se as pessoas não sabem o que aconteceu no passado, estão menos prevenidas para evitar um futuro golpe de Estado, um momento de repressão e de tortura, de maltrato aos cidadãos. Educá-las é uma maneira de prevenção contra a possibilidade do país voltar a um regime autoritário”, defende.
Professor emérito da Brown University, nos EUA, Green é também presidente do Washington Brazil Office, entidade que atuou para pressionar o governo dos Estados Unidos a não reconhecer um eventual golpe no Brasil durante as eleições de 2022. “Conseguimos uma resolução no Congresso norte-americano dizendo que cortaria ajuda militar e econômica ao Brasil caso as Forças Armadas entrassem em golpe contra o governo eleito, de Lula”, conta.
Para ele, o relançamento do livro ganha ainda mais importância diante do avanço da extrema direita e da tentativa de setores conservadores de reescrever a história. “Dizem que não foi uma ditadura, mas um momento de instabilidade no país. O Estado cometeu graves crimes contra a humanidade quando prendeu e torturou as pessoas sem nenhum direito democrático, matando muitos na prisão, como aconteceu com Rubens Paiva e Vladimir Herzog”, rebate.
Além de Green e de Marcos Arruda, os encontros também vão reunir artistas, educadores e ex-presos políticos. “Se você desconhece a história do seu país, você não tem armas para entendê-lo e melhorá-lo, e pode pensar que demagogos, como o ex-presidente [Bolsonaro], podem solucionar os problemas do país, enquanto o contrário acontece. Isso fica bem evidente nessa nova situação das tarifas no Brasil”, alerta o historiador.
A declaração se refere às tarifas de 50% sobre os produtos importados do Brasil, anunciadas pelo presidente dos EUA Donald Trump, que classificou a medida como uma retaliação ao julgamento do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) no Supremo Tribunal Federal (STF) por tentativa de golpe.
Serviço
Relançamento do livro “Esquecer? Nunca mais! A saga de meu filho Marcos Arruda”
- 10 de julho (quinta-feira), às 19h: Biblioteca Mário de Andrade (Rua da Consolação, 94 – Centro, São Paulo);
- 11 de julho (sexta-feira), às 19h: Livraria Drummond (Av. Paulista, 2073 – Conjunto Nacional, São Paulo).
Para ouvir e assistir
O jornal Conexão BdF vai ao ar em duas edições, de segunda a sexta-feira, uma às 9h e outra às 17h, na Rádio Brasil de Fato, 98.9 FM na Grande São Paulo, com transmissão simultânea também pelo YouTube do Brasil de Fato.