Mostrar Menu
Brasil de Fato
ENGLISH
Ouça a Rádio BdF
  • Apoie
  • Nacional
  • Regionais
    • Bahia
    • Ceará
    • Distrito Federal
    • Minas Gerais
    • Paraíba
    • Paraná
    • Pernambuco
    • Rio de Janeiro
    • Rio Grande do Sul
  • |
  • Cultura
  • Opinião
  • Esportes
  • Cidades
  • Política
Nenhum resultado
Ver todos os resultados
Mostrar Menu
Brasil de Fato
  • Apoie
  • TV BDF
  • RÁDIO BRASIL DE FATO
    • Radioagência
    • Podcasts
  • Regionais
    • Bahia
    • Ceará
    • Distrito Federal
    • Minas Gerais
    • Paraíba
    • Paraná
    • Pernambuco
    • Rio de Janeiro
    • Rio Grande do Sul
Mostrar Menu
Ouça a Rádio BdF
Nenhum resultado
Ver todos os resultados
Brasil de Fato
Início Bem Viver Agroecologia

Agricultura familiar

Quintais produtivos fortalecem autonomia de mulheres no campo e impulsiona agroecologia no Distrito Federal

Projeto promove soberania alimentar, renda e contraposição ao modelo agrícola capitalista e patriarcal

25.jul.2025 às 20h04
Brasília (DF)
Brunna Ramos
Quintais produtivos fortalecem autonomia de mulheres no campo e impulsiona agroecologia no Distrito Federal

Projeto que ganhou força em 2016 no DF e Entorno, hoje conta com cerca de 60 quitais ativos. - Foto: Mirelle Diovanna.

Em meio aos desafios enfrentados por mulheres do campo, nasce uma prática de resistência: os quintais produtivos. No Distrito Federal e na Região Integrada de Desenvolvimento (RIDE), esse modelo de produção tem ganhado força como uma alternativa concreta ao sistema agroalimentar capitalista e como estratégia de renda e emancipação feminina.

Com sementes crioulas, hortas diversificadas, plantas medicinais e criação de pequenos animais, os quintais produtivos cultivados por mulheres camponesas tornam-se verdadeiros laboratórios vivos de agroecologia, cultura e autonomia. Inspiradas pelo Movimento de Mulheres Camponesas (MMC), elas resgatam práticas ancestrais, enfrentam o agronegócio e propõem uma nova forma de girar a economia: feminista, solidária e sustentável.

O projeto do Movimento de Mulheres Camponesas, que nasceu em Santa Catarina (SC) e se multiplicou por outros estados, chega até as camponesas da região centro-oeste que estão transformando os quintais de seus territórios em espaços de abundância agroecológica e de afirmação política. O que antes era visto apenas como uma pequena horta, hoje representa um projeto coletivo de enfrentamento ao agronegócio, de fortalecimento da segurança alimentar e de resgate dos saberes ancestrais.

::Receba notícias do Brasil de Fato DF no seu Whatsapp ::

Desde sua origem em 1983, o MMC atua como espaço de luta por direitos das mulheres camponesas, articulando a valorização do trabalho rural feminino, o acesso à terra, o resgate das sementes crioulas e a agroecologia como forma de vida. No centro dessa proposta estão os quintais produtivos, que hoje ocupam papel estratégico na construção de uma economia feminista camponesa.

Segundo Zenaide Collet e Sirlei Gaspareto, militantes do movimento e autoras de um estudo apresentado no Seminário Internacional Fazendo Gênero 12, os quintais não são apenas espaços de produção de alimentos. Eles se tornam territórios pedagógicos, culturais e de autonomia. “É uma economia da vida e de relações igualitárias que nos fazem compreender que somos parte do universo”, afirmam. 

Mulheres camponesas produzem alimentos, geram renda e autonomia. | Foto: Divulgação Movimento de mulheres camponesas DF

Raízes no Cerrado

No Distrito Federal e na RIDE, a experiência dos quintais produtivos começou a ganhar força a partir de 2016, como parte do esforço nacional do Movimento de Mulheres Camponesas (MMC) para fortalecer a autonomia feminina no campo. Hoje, são cerca de 60 quintais ativos na região, localizados principalmente nos municípios goianos de Padre Bernardo, Formosa e Flores de Goiás.

Segundo Mirelle Diovana, educadora e coordenadora nacional do MMC no DF e RIDE, os quintais “não são apenas pequenos espaços ao redor da casa, mas áreas que podem chegar a 14 hectares, onde se produz de forma consorciada, diversificada e sustentável, com práticas que respeitam e regeneram a natureza”.

No Cerrado, mulheres camponesas estão aplicando os princípios desenvolvidos pelo MMC/SC e criando quintais agroecológicos adaptados à realidade local. Com manejo de plantas nativas e medicinais, cultivo de hortaliças e frutas livres de agrotóxicos, as mulheres desenvolvem um sistema produtivo adaptado ao clima e à cultura da região. 

Em Flores de Goiás, a realidade das camponesas revela com clareza o impacto direto das produções na vida das mulheres e de suas famílias. Sidlene Trindade, produtora rural e militante do MMC, assentada da Reforma Agrária no assentamento São Vicente, lembra que a produção nos assentamentos acontece desde sempre, mas que os quintais ganharam novo sentido com o fortalecimento da agroecologia. “Nossa produção é para subsistência, mas o excedente é comercializado. E é a partir desse quintal, que parece pequeno, mas é riquíssimo, que a gente muda nossa vida”, afirma.

Segundo ela, os quintais são espaços vivos, diversos, cheios de sombra, cor e fartura. “As frutíferas estão ao redor de casa: cajueiros carregados, tamarindos, mangas. Cada uma no seu tempo, respeitando o ciclo das produções.” Para além das frutas, a produção de hortaliças, milho e mandioca é contínua, com replantio constante e manejo de solo. “É uma produção frequente e atemporal, completa a produtora rural.

Quintal produtivo de Sidlene Trindade, no assentamento São Vicente, em flores de Goiás. | Foto: Divulgação\ Sidlene Trindade.

Alimento, renda e transformação social

Os quintais produtivos não são apenas ferramentas de autossustento, são também geração de renda. O excedente da produção é vendido em feiras locais, entregue em cestas agroecológicas ou trocado entre vizinhas. Há agricultoras com clientela fixa na cidade, estabelecendo laços de confiança e consumo consciente entre campo e cidade.

Apesar das dificuldades logísticas, muitas camponesas da região já encontraram formas criativas de escoar parte da produção, como vendas em pontos locais ou trocas entre vizinhas. Mirelle ressalta, no entanto, que o escoamento da produção ainda é um grande obstáculo. “Temos produção, temos qualidade, temos clientela, mas não temos transporte. A precariedade das estradas e a falta de políticas públicas municipais tornam quase impossível levar esses alimentos até os mercados e feiras”, afirma.

Essa economia não é baseada no lucro, mas no bem viver. Há trocas solidárias de sementes, frutas e receitas; partilhas que fortalecem os laços comunitários e resgatam práticas de convivência esquecidas pelo individualismo urbano. 

Os quintais também cumprem papel educativo e cultural. Crianças aprendem desde cedo a cuidar das plantas, identificar ervas e entender o ciclo da vida. Mulheres trocam saberes sobre o uso medicinal das plantas, produção de bioinsumos e preparo de alimentos típicos. É ciência viva, passada de geração em geração. 

Além do alimento, os quintais também são espaços de reconexão com os saberes tradicionais. “As práticas que desenvolvemos vêm dos conhecimentos ancestrais das mulheres, das bruxas queimadas na Inquisição”, explica Mirelle. “É o saber da terra, de curar com o que ela oferece e com o que colocamos nela. Isso mantém viva a agroecologia como um cuidado com a vida e com a mãe Terra”, completa. A troca entre gerações, segundo ela, é parte vital desse processo, onde ciência e cultura popular caminham juntas.

Desafios e lutas em curso

Apesar dos avanços, os quintais produtivos enfrentam muitos desafios. A falta de apoio do poder público, o acesso limitado ao crédito, a ausência de assistência técnica especializada em agroecologia e as dificuldades com infraestrutura e comercialização ainda são barreiras. A exclusão das mulheres camponesas de políticas como o Auxílio Emergencial na pandemia foi um reflexo da negligência institucional.  

A importância dos quintais para a segurança alimentar também é constantemente reforçada pelas camponesas. “Quer dizer que na nossa mesa tem comida todo dia. Comida que a gente mesma planta, colhe e prepara, sem veneno, sem químico, só com cuidado e conhecimento”, destaca Mirelle.

Para ela, esse ciclo fortalece tanto o corpo quanto o território, ao mesmo tempo em que promove liberdade econômica para as mulheres “é sobre autonomia. Sobre poder ir e vir, decidir o que plantar, o que vender, o que guardar. É sobre liberdade e dignidade”.

Sidlene reforça esse impacto. “O dinheiro entrando muda tudo. Muda a vida das mulheres, e automaticamente, a da família. Porque muitas vezes são elas que estão à frente dos lares. Quando a mulher tem renda, pode aumentar o quintal, investir mais, e tudo flui. A família passa a trabalhar junto, o ciclo se fortalece.” 

Produção dos quintais promove soberania alimentar. | Foto: Mirelle Diovana.

O veto do ex-presidente Jair Bolsonaro ao Projeto de Lei 735, que criaria políticas emergenciais para a agricultura familiar durante a pandemia, foi considerado um duro golpe pelas mulheres do campo. Ainda assim, elas seguiram firmes, organizando doações de alimentos, medicamentos naturais, máscaras e sementes crioulas – e fazendo de seus quintais um verdadeiro grito de autonomia e solidariedade.

A experiência dos quintais produtivos no MMC mostra que outra forma de fazer economia, produzir alimento e viver já está em curso – e liderada por mulheres. Uma economia que não se baseia na destruição da natureza, mas na sua regeneração; que não é de exploração, mas de cuidado e reciprocidade.

No Distrito Federal e na RIDE, essa semente germina em cada canteiro de couve, em cada árvore frutífera plantada no fundo do quintal. Baseado na filosofia do alimento com afeto, renda com dignidade, cuidado com o planeta, com corpo e com território, o projeto representa para as mulheres camponesas um ato de resistência.

Editado por: Clivia Mesquita
loader
BdF Newsletter
Escolha as listas que deseja assinar*
BdF Editorial: Resumo semanal de notícias com viés editorial.
Ponto: Análises do Instituto Front, toda sexta.
WHIB: Notícias do Brasil em inglês, com visão popular.
Li e concordo com os termos de uso e política de privacidade.

Veja mais

Unidas

Mulheres negras promovem ato político por justiça social em Copacabana

JULHO DAS PRETAS

‘Escrevo pra existir’: Jô Freitas e a literatura que transforma a periferia

Cultura

Atores brasileiros defendem regulamentação de plataformas de streaming

Faísca na pradaria

Premiê Li Qiang critica individualismo tecnológico e defende construção coletiva de conhecimento sobre Inteligência Artificial

arma de guerra

‘A fome é a intenção’: 85 crianças já morreram de inanição em Gaza

  • Quem Somos
  • Publicidade
  • Contato
  • Newsletters
  • Política de Privacidade
  • Política
  • Internacional
  • Direitos
  • Bem Viver
  • Socioambiental
  • Opinião
  • Bahia
  • Ceará
  • Distrito Federal
  • Minas Gerais
  • Paraíba
  • Paraná
  • Pernambuco
  • Rio de Janeiro
  • Rio Grande do Sul

Todos os conteúdos de produção exclusiva e de autoria editorial do Brasil de Fato podem ser reproduzidos, desde que não sejam alterados e que se deem os devidos créditos.

Nenhum resultado
Ver todos os resultados
  • Apoie
  • TV BDF
  • Regionais
    • Bahia
    • Ceará
    • Distrito Federal
    • Minas Gerais
    • Paraíba
    • Paraná
    • Pernambuco
    • Rio de Janeiro
    • Rio Grande do Sul
  • Rádio Brasil De Fato
    • Radioagência
    • Podcasts
    • Seja Parceiro
    • Programação
  • Política
    • Eleições
  • Internacional
  • Direitos
    • Direitos Humanos
  • Bem Viver
    • Agroecologia
    • Cultura
  • Opinião
  • DOC BDF
  • Brasil
  • Cidades
  • Economia
  • Editorial
  • Educação
  • Entrevistas
  • Especial
  • Esportes
  • Geral
  • Saúde
  • Segurança Pública
  • Socioambiental
  • Transporte
  • Correspondentes
    • Sahel
    • EUA
    • Venezuela
  • English
    • Brazil
    • BRICS
    • Climate
    • Culture
    • Interviews
    • Opinion
    • Politics
    • Struggles

Todos os conteúdos de produção exclusiva e de autoria editorial do Brasil de Fato podem ser reproduzidos, desde que não sejam alterados e que se deem os devidos créditos.