Pelo menos 127 palestinos morreram em Gaza devido à fome e à desnutrição desde o início do cerco imposto por Israel. Segundo o Ministério da Saúde do território, entre as vítimas estão mais de 85 crianças, incluindo recém-nascidos. Nesta semana, cinco novas mortes por inanição foram confirmadas, em meio à intensificação da crise humanitária e às restrições à entrada de ajuda internacional.
Entre os casos recentes, está o de Zainab Abu Haleeb, uma bebê de cinco meses que morreu pesando menos do que ao nascer. Examinada no Hospital Nasser, em Khan Younis, ela sofria de desnutrição aguda, infecções e falta de acesso a fórmulas infantis específicas, segundo relato do médico Ahmed al-Farah à agência Associated Press (AP). Sua mãe teme que outras crianças estejam no mesmo caminho: “Somos apenas números”, disse.
Na madrugada deste sábado (26), pelo menos 71 pessoas morreram em novos ataques israelenses à Faixa de Gaza, segundo informações de hospitais locais divulgadas pela Al Jazeera. Entre as vítimas, 42 foram mortas enquanto tentavam acessar pontos de distribuição de alimentos.
Mais de 59 mil palestinos foram mortos na guerra, e outros 144 mil ficaram feridos, segundo o Ministério da Saúde local. No ataque liderado pelo Hamas contra Israel em 7 de outubro de 2023, 1.139 pessoas morreram e mais de 200 foram feitas reféns.
Ajuda bloqueada e denúncias internacionais
Apesar de o governo israelense afirmar que está permitindo a entrada de ajuda, organizações humanitárias internacionais acusam o primeiro-ministro Benjamin Netanyahu de usar a fome como arma de guerra. “A fome é a intenção”, declarou Jeremy Konyndyk, presidente do Refugees International e ex-integrante da agência de ajuda dos Estados Unidos, citando reportagem do New York Times segundo a qual o Exército de Israel não encontrou provas de que a ajuda humanitária estivesse sendo desviada pelo Hamas.
Konyndyk também criticou a substituição da operação da ONU por uma força militar israelense, o GHF, que “entrega pouca comida e produz massacres diários de pessoas que buscam ajuda”.
O bloqueio à entrada de alimentos e medicamentos em Gaza começou em março, como uma suposta medida de pressão sobre o Hamas. Líderes da Alemanha, França e Reino Unido pediram a Israel que suspenda imediatamente as restrições à entrada de ajuda humanitária. Enquanto isso, ataques a civis continuam, inclusive em áreas de distribuição de alimentos.
O grupo Hamas também se manifestou nesta semana sobre o colapso das negociações por um cessar-fogo em Doha, após integrantes da ala ligada ao ex-presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, responsabilizarem a organização palestina pelo fracasso dos acordos. Em resposta, o Hamas afirmou que a principal barreira para um entendimento é o próprio governo de Benjamin Netanyahu, que “evade seus compromissos e impõe obstáculos às mediações em curso”.
*Com informações da AlJazeera.