Prestar homenagens e lembrar de uma das maiores lideranças da América Latina. Foi com esse pensamento que os venezuelanos saíram as ruas nesta segunda-feira (28), data em que o ex-presidente da Venezuela, Hugo Chávez, completaria 71 anos.
Para quem acompanhou a trajetória do ex-mandatário, o 28 de julho se tornou uma celebração tradicional. Esse é o caso de Luis Briceño. Hoje aposentado, ele trabalhava em uma loja de material de construção em 1992, quando conheceu Chávez. Naquele momento, o militar liderava um movimento para tentar derrubar o então presidente Carlos Andrés Pérez.
Apesar de derrotado, o movimento foi um ponto de virada para Briceño, que passou a seguir a política de Chávez até votar por ele pela primeira vez em 1998, nas eleições presidenciais vencidas pelo militar.
Ele afirma que um dos elementos mais importantes do ex-presidente foi resgatar de maneira simbólica e política os libertadores da Venezuela e da América.
“Hoje eu saio para comemorar mais um ano do comandante eterno que nos deixou um legado e resgatou Simón Bolivar como imagem e como referência. Sempre votei por Chávez. Ele deu outra cara e outra visão ao país. E a partir de então segui o seu legado”, afirmou ao Brasil de Fato.
Para a geração que cresceu nos anos 1990, a eleição de 1998 foi marcante por ter sido a primeira vitória de Hugo Chávez. Yvelice Marcano é chefe de rua do PSUV e votou pela primeira vez naquele ano. Ela afirma que aquele foi um ponto de virada para a Venezuela e lembrar da morte do ex-presidente como um choque para a esquerda venezuelana.
“Saímos hoje para lembrar a imagem de Chávez, que trouxe uma nova visão da Venezuela, uma nova percepção. Chávez não morreu, ele se multiplicou entre nós. Eu conheci Chávez na campanha de 1998. E ali me identifiquei com as ideias e a política proposta por ele. Foi a morte de um dos maiores da história desse país. Mas ele estará vivo nos nossos corações”, afirma.
Chávez morreu enquanto tratava um câncer em 5 de março de 2013. Briceño também se lembra do momento em que foi anunciada em rede nacional a morte do ex-mandatário. Para ele, aquele foi um baque que desorientou a militância naquele momento.
“Foi muito triste, um baque para nós. Ele trouxe uma visão nova para os venezuelanos e a morte foi como perder a referência não só como militante, mas como venezuelano. Ele foi um norte para a Venezuela e construiu toda uma institucionalidade para o país”, disse.
Celebração para eleições
A celebração para Chávez acontece um dia depois das eleições municipais que tiveram o Partido Socialista Unido de Venezuela (PSUV) como grande vencedor. A sigla fundada por ele ganhou em 285 municípios dos 235 em disputa. Ana Cristina Torreyes é professora e também acompanhou o crescimento de Chávez. Ela destaca que o pleito foi marcado por uma estratégia eficiente do governo: colocar a consulta popular das juventude no mesmo dia da disputa.
“Ontem arrasamos, ganhamos bem e vamos avançando com mais consultas para o povo. Essa é uma autêntica democracia com essa consulta. Foi parte da estratégia, porque nós chavistas sempre vamos votar por Chávez, mas com a consulta pudemos atrair mais eleitores, principalmente dos jovens”, celebrou.
O dia 28 de julho também marca um ano da reeleição de Nicolás Maduro para o terceiro mandato como presidente. O pleito presidencial foi marcado pela contestação da oposição de extrema direita, que protagonizou uma série de atos violentos no país.
Doze meses depois, a eleição municipal encerrou um ciclo que teve também uma vitória acachapante no pleito regional e Legislativo de maio.
“A vitória de ontem foi uma reafirmação de tudo que os revolucionários construíram desde Chávez. Este projeto revolucionário que agora está sendo liderado por Maduro ganhou ainda mais força agora”, disse.
Maduro celebra
A marcha começou na zona Leste de Caracas e terminou no Palácio Miraflores, sede do Executivo venezuelano, e foi acompanhada por um discurso do presidente Nicolás Maduro. Ele contou parabéns para Chávez e também celebrou as vitórias eleitorais do PSUV no último ano, especialmente a eleição dos prefeitos de cidades que antes eram administrados por opositores.
Ele lembrou das tentativas de golpes e ataques da extrema direita desde 2002, fez uma retrospectiva das eleições regionais e municipais das últimas décadas e celebrou a “porrada” que a oposição levou nessas últimas eleições.
Ainda de acordo com Maduro, o governo conseguiu desarticular todas as tentativas de ataques da oposição de extrema direita.
Em seu discurso, Maduro também reforçou a importância do desenvolvimento e do protagonismo das comunas do país. Ele destacou que os próximos anos devem ser orientados por um governo “cada vez mais popular e cada vez mais de rua e menos de escritório”. O presidente afirmou que a meta é aprofundar um governo que “seja feito a partir da base”.