A série documental do Brasil de Fato, Território em Fluxo, sobre a região conhecida como Cracolândia, em São Paulo, é uma das cinco produções jornalísticas finalistas da 14ª edição do Prêmio Amaerj Patrícia Acioli de Direitos Humanos. A Amaerj é a Associação de Magistrados do Estado do Rio de Janeiro.
Fruto de nove meses de apuração e 30 entrevistas, a produção retrata a complexidade da Cracolândia a partir do olhar de quem vive e atua no território, rompendo com visões estigmatizadas.
Apesar das promessas de sucessivos governos de extinguir o chamado “fluxo”, a região resiste, mesmo diante de políticas repressivas e tentativas de gentrificação. A produção aborda essas disputas e destaca iniciativas de cultura, cuidado e mobilização política que enfrentam a lógica da guerra às drogas.
A série tem cinco episódios. O primeiro reconstrói a história do bairro, que já foi símbolo de luxo e cultura, até se tornar a maior cena de uso de crack do país. O segundo mostra iniciativas como rodas de samba, teatro e saraus que promovem cuidado e cidadania. O terceiro revela a disputa por moradia no centro, marcada pela gentrificação e por experiências como os hotéis sociais.
O quarto episódio trata da violência policial enfrentada pela população do fluxo, resultado de décadas de políticas repressivas. No último, são apresentadas alternativas construídas por quem atua no território, com foco na redução de danos e no enfrentamento à criminalização da pobreza.
A série tem direção da jornalista Iolanda Depizzol, que também assina o roteiro e a fotografia ao lado de Vitor Shimomura. A reportagem é de Beatriz Drague Ramos e Gabriela Moncau, com produção de Camila Aguiar e edição de Gabriela Peres.
A premiação
Os vencedores serão anunciados durante a cerimônia de premiação marcada para 22 de setembro, no salão histórico do 1º Tribunal do Júri, localizado no Museu da Justiça (Rua Dom Manuel, nº 29, 2º andar, Centro do Rio).
Nesta edição, foram inscritos 349 trabalhos, distribuídos entre as categorias Trabalhos dos Magistrados, Trabalhos Acadêmicos, Práticas Humanísticas e Reportagens Jornalísticas. Esta última foi a mais concorrida, com 203 matérias inscritas, seguida por Trabalhos Acadêmicos (72), Práticas Humanísticas (62) e Trabalhos dos Magistrados (12).
Criado em 2012 pela Amaerj, o prêmio homenageia a memória da juíza Patrícia Acioli, assassinada por policiais militares em 2011, quando atuava como titular da 4ª Vara Criminal de São Gonçalo, no Rio de Janeiro. A iniciativa tem como objetivo reconhecer, divulgar e incentivar ações em defesa dos direitos humanos, dando visibilidade a práticas e produções relevantes na área.
Reportagens finalistas
Território em Fluxo
Autores: Iolanda Depizzol (Brasil de Fato)
Bonde dos Fantasmas
Autora: Roberta de Souza (Jornal Extra)
Caso K – A história oculta do fundador da Casas Bahia
Autores: Thiago Domenici e equipe (Agência Pública)
Planeta em colapso: como a crise climática afeta direitos em territórios da Amazônia
Autores: Fernanda Melo da Escóssia e equipe (Sites Sumaúma e InfoAmazonia)
Violência obstétrica ainda afeta mulheres no cárcere três anos após Lei de Tratamento Humanitário
Autores: Mariana Rosetti Maia e equipe (Site Gênero e Número)
