A Mostra Ói Nóis Aqui Traveiz: Jogos de Aprendizagem chega a mais uma edição no próximo sábado (23), às 20h, na Terreira da Tribo (Av. Pátria, 98 – São Geraldo), em Porto Alegre. O público poderá assistir gratuitamente ao exercício cênico Rituais das Personagens de Oresteia, resultado da Oficina de Teatro Ritual da Escola de Teatro Popular da Terreira da Tribo.
A apresentação reúne monólogos de personagens da trilogia Oresteia, de Ésquilo, entre eles Clitemnestra, Cassandra e Orestes. O trabalho marca o encerramento de um ciclo de formação desenvolvido com os participantes da oficina.
Segundo a atriz e produtora Tânia Farias, integrante do Ói Nóis Aqui Traveiz, o momento de subir ao palco é parte essencial do processo pedagógico da Escola de Teatro Popular.
“Uma apresentação teatral para alguém que está em processo de formação é a instância máxima da aprendizagem. É quando se colocam em prática os saberes técnicos e teóricos da cena e da atuação, articulados às experiências vivenciadas durante a oficina. Cada ciclo se conclui com esse processo intensivo, que é estar diante do público apresentando as formulações feitas até ali”, explica.
Formação e criação coletiva
A oficina, realizada com a Tribo de Atuadores, teve como eixo o estudo do Teatro Ritual, com base em referências como Antonin Artaud, Stanislavski, Meierhold, Grotowski e Eugenio Barba. O processo investigou o uso das ações físicas e o desenvolvimento de partituras corporais e vocais.
Os exercícios buscaram ampliar a presença cênica por meio do trabalho com movimento, voz, concentração e ocupação do espaço. A proposta foi estimular a criação coletiva e a reflexão crítica do corpo em cena, a partir de práticas não cotidianas.
No elenco estão Anita Palhares, Eduarda Beskow, Erick Flores, Félix Beck, Homero Salustiano, Joe Fontella, Leonor Melo, Luana Gonçalves, Manoela Laitano, Marcelo Manique e Nathali Losina.
Espaço de troca e formação de público
Para Tânia Farias, além de consolidar a formação de atores, a Mostra Jogos de Aprendizagem também cria um espaço de encontro entre artistas e comunidade.
“Essas apresentações funcionam como coroamento de um período de aprendizagem e laboratório. Mas também são momentos de troca, que acontecem dentro da cena e no pós-cena. Realizar a Mostra sempre foi uma possibilidade de formação de plateia. O público tem acesso gratuito e diverso, o que democratiza o acesso ao teatro e aproxima novas pessoas desse universo”, afirma.
Ela ressalta que o evento contribui para despertar o interesse do público pelo teatro: “Aquele espectador que vem pela primeira vez e se percebe gostando da experiência pode se tornar um público da cena teatral. A Mostra cumpre essa função. Entendemos o teatro como instrumento de desvelamento e análise da realidade. Ele abre caminhos e mostra possibilidades que podem ser incorporadas ao horizonte de quem assiste.”
A relevância da Oresteia
A escolha da Oresteia também dialoga com questões históricas e simbólicas que atravessam a cultura ocidental.
“Esses mitos são fundantes do imaginário ocidental. Até a Oresteia, as relações estavam calcadas na vingança. É nesse momento que surge a instituição da justiça, do direito à defesa. Orestes passa por um julgamento, e isso inaugura uma nova forma de resolver conflitos. Ao trabalharmos esse material, conseguimos estabelecer paralelos com os processos de julgamento e com a importância do direito à ampla defesa, que permanecem atuais”, destaca Farias.
Serviço
Ói Nóis Aqui Traveiz apresenta Rituais das Personagens de Oresteia – Mostra Jogos de Aprendizagem
Dia 23 de agosto, às 20h
Terreira da Tribo – Av. Pátria, 98 – Bairro São Geraldo – Porto Alegre
Entrada gratuita – Senhas distribuídas a partir das 19h30
O exercício cênico integra o projeto “Teatro como Laboratório para a Imaginação Social”, contemplado pelo Edital Olhos D’Água – Rede Nacional Escolas Livres de Formação em Arte e Cultura do Ministério da Cultura.