Na noite da última quinta-feira (21), a Faculdade de Educação (Faced) da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (Ufrgs), em Porto Alegre, recebeu um ato público em defesa da soberania nacional. A mobilização reuniu estudantes, professores, servidores e dirigentes da Ufrgs, da Universidade Federal de Ciências da Saúde de Porto Alegre (UFCSPA) e do Instituto Federal do Rio Grande do Sul (IFRS), em um chamado para valorizar a educação pública, a ciência e a tecnologia como pilares de um projeto de país independente. O evento foi convocado de maneira unitária pelas entidades representativas da comunidade das três instituições.

Com concentração iniciada às 18h30, a atividade destacou que defender universidades e institutos federais significa garantir o futuro do Brasil, fortalecendo a produção de conhecimento, a inovação e a formação de cidadãos críticos. A reitora da Ufrgs, Márcia Barbosa, alertou para os riscos do avanço de discursos autoritários e negacionistas no campo científico. Em sua fala, reiterou a importância das universidades brasileiras em manter uma ligação direta com a sociedade por meio da extensão universitária e das políticas de inclusão, como as cotas.
“É isso que o fascismo faz, ele corrói os países por dentro. Hoje, pesquisadores e pesquisadoras dos Estados Unidos têm medo de falar de gênero, têm medo de falar de mudanças climáticas. E é este medo que eles estão contaminando a Europa, que eles querem nos contaminar. Mas nós temos algo que nenhuma universidade na Europa e nos Estados Unidos tem, que é a ligação com a população através da extensão. É esse braço forte com a nossa gente. É essa ação de cotas, é essa ação de ter o povo dentro das nossas universidades que vai fazer com que a revolução e a reação contra esse colonialista do Norte vá nascer aqui no Sul Global”, declarou.

Para a reitora, a união com países do Sul Global deve impulsionar uma revolução capaz de proteger a produção científica e também os pesquisadores que se dedicam a temas como gênero, mudanças climáticas e saúde. Barbosa mencionou ainda que essa visão exige coragem e ação coletiva.
A presidenta da União Nacional dos Estudantes (UNE), Bianca Borges, destacou a tradição de resistência do movimento estudantil gaúcho: “Nós recordamos do Rio Grande do Sul, que é sinônimo de braveza. Não à toa, duas vezes na sua história, como símbolo da resistência democrática, a União Nacional dos Estudantes transferiu a sua sede para esse estado”.
A coordenadora do Sindicatos dos Técnicos-administrativos da Ufrgs, UFCSPA e IFRS (Assufrgs Sindicato), Maristela Piedade, ressaltou o papel estratégico das universidades para a soberania nacional. “Orçamento público dentro da Universidade é a soberania nacional, sim! Tecnologia e soberania nacional e universidade tem tudo a ver. E tecnologia hoje, tecnologia em futuro, são as terras raras. O Brasil precisa investir em tecnologia de desenvolvimento dentro das universidades e institutos federais, para desenvolver socialmente o país e também aproveitar suas reservas minerais. É fundamental investir em políticas públicas que garantam isso.”
Ao final da mobilização, estudantes fizeram a leitura de uma carta aberta em defesa da soberania do país, que será apresentada no Conselho Universitário da Ufrgs. O ato encerrou com a reafirmação de que a defesa da soberania nacional está diretamente vinculada à valorização da educação pública e da autonomia das instituições de ensino, ciência e tecnologia.